Blood And Ash - Gwayne Hightower

Harrenhal

Ao marcharem por estradas lamacentas e sob tempestades intensas, a vanguarda do exército de sor Criston Cole, acompanhado por sor Gwayne Hightower, enfrentou uma resistência às margens do lago Olho de Deus contra sor Oswald Wode, e os lordes Darry e Roote, onde o exército verde triunfou. E após dezenove dias de marcha, eles chegaram enfim a Harrenhal, em Riverlands, e para a intriga de todos, encontraram os portões do castelo abertos e nem sinal de Daemon e seus homens.

Aemond e Aelwyn haviam sobrevoado na vanguarda e retaguarda, respectivamente, com Vhagar e Silverwing esperando por um possível ataque de Caraxes com seu tio. Mas, para surpresa de ambos, o lugar estava vazio e silencioso, fazendo com que Aemond redobrasse sua atenção em Harrenhal.

Ao pousar em Harrenhal, Aelwyn andou com cautela pelos cômodos e andares do enorme castelo. A construção possuía cinco torres imensas e suas paredes eram maciças e úmidas. Por vezes alguns morcegos rompiam de alguma sala escura para sair noite adentro. Mas tudo o que ela encontrou fora um lugar vazio e em ruínas, uma sombra do que o castelo havia sido no passado, após o ataque de Aegon, o Conquistador, ao punir Harren, o Negro, por não se render devastando sua fortaleza com as chamas letais de Balerion.

Mas como previsto, à tarde notícias urgentes haviam chegado até eles. A Rainha Rhaenyra Targaryen tomara King's Landing em uma ação furtiva com seus novos cavaleiros de dragões. Contudo, diziam que o principal motivo que fomentava sua ira e presteza fora o desaparecimento de seu filho mais novo Viserys, e a morte de seu filho primogênito Jacaerys Velaryon, Príncipe de Pedra do Dragão, durante a Batalha da Goela pelas mãos da Triarquia. Aquela fora uma das batalhas navais mais sangrentas da história, onde o almirante Sharako Lohar havia saído dos Degraus com uma frota composta por noventa navios de Myr, Lys e Tyrosh, e voltara apenas com vinte e oito sobreviventes ao ser confrontado pelos dragões Vermithor, Seasmoke, Sheepstealer e Vermax, que fora atingido por alguma arma das galés inimigas e com isso desabou no mar. Sua morte fora lamentada por muitos, inclusive por Aelwyn que gostava do sobrinho.

De alguma forma, eles descobriram também que Aegon havia conseguido escapar, juntamente com seus filhos, e seu paradeiro era um mistério. Mas a Rainha Viúva e sua filha, Helaena Targaryen, haviam ficado em King's Landing e agora estavam nas mãos de Rhaenyra Targaryen.

Naquela mesma noite, Aelwyn fora fazer uma visita aos soldados feridos ao saber que seu tio se encontrava entre eles. Apreensiva, seus olhos deslizaram por rostos ensanguentados até se deterem em Gwayne Hightower. Ele estava aguardando ser tratado por algum meistre ou curandeira, entretanto, esses profissionais eram escassos para cuidar de tantos soldados, então Aelwyn rapidamente se aproximou dele para ajudá-lo.

- Aelwyn - disse Gwayne, desnorteado, ao vê-la diante dele.

- Deixe-me ver o seu ferimento - Aelwyn pediu ao olhar para sua camisa banhada em sangue.

- Não - ele respondeu, consternado. - Você não devia estar aqui, Aelwyn. Pelos Sete, você não sabe o perigo que está correndo. Volte para Oldtwon enquanto ainda há tempo.

- Não posso - Aelwyn rebateu com firmeza. - Isso faz parte do meu plano, e eu não conseguiria simplesmente ignorar você com sua tropa nessas terras.

- E o que você planeja fazer, Aelwyn? - questionou Gwayne, aturdido.

Aelwyn permaneceu quieta por um tempo enquanto analisava o corte na região do braço de Gwayne provocado por alguma arma. Não era tão grave, mas era profundo o bastante para ser necessário uma sutura.

- O que for possível para trazer a paz em Westeros novamente - Aelwyn respondeu de modo enigmático.

Em uma mesa ao lado, ela arrumou uma vasilha com água quente, um tesourão, panos limpos, alguns fracos de vidros, agulha e linha para suturar. Gwayne a lançou um olhar perscrutador enquanto ela limpava seu ferimento para em seguida começar a suturar o corte utilizando todo o conhecimento que ela havia aprendido com os meistres.