Desolation

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Quando Aemond soubera da tentativa de assassinato ao seu filho, ele rompeu em fúria e tormenta, deixando todos temerosos, pois normalmente ele exibia uma postura fria e impassível, mas daquela vez ele detinha uma expressão feroz e implacável.
Com sua espada desembainhada, Aemond percorreu as mesmas passagens de Maegor que os dois mercenários haviam atravessado para entrar nos aposentos reais da Fortaleza Vermelha.

Sua perseguição ao mercenário conhecido como Sangue era incessante, e ele apenas parou quando o homem fora capturado no portão pelos guardas. Ele fora levado para as masmorras da Fortaleza onde seria interrogado. Contudo, Aemond tinha planos mais sórdidos para o mercenário. Mas antes ele precisava comparecer ao Pequeno Conselho, onde todos se reuniram com urgência, inclusive sua esposa e filho. Ao adentrar a sala, Aemond avistou primeiro sua família e se aproximou deles. Aemon estava no colo de Aelwyn, e Aemond os perscrutou com o olhar.

- Vocês estão feridos? - ele indagou examinando sua esposa e filho.

- Não... - respondeu Aelwyn com a voz embargada.

Naquele instante, Larys Strong, o Mestre dos Sussuros, entrou pela porta do conselho para apresentar o seu relatório.

- Meus Lordes, a guarda deteve uma pessoa. O homem capturado é conhecido por nós, ele é um Manto Dourado, famoso por sua brutalidade. Ele foi detido no Portão dos Deuses tentando fugir.

- Eu vou estripá-lo com minhas mãos, e depois darei seus restos para os cães - declarou Aemond com severidade. - Mas antes, temos de interrogá-lo sob tortura para extrair informações sobre o mandante deste assassinato, embora me parece óbvio quem tenha sido.

- O Príncipe tem razão, devemos determinar o que aconteceu, e se a Fortaleza ainda corre algum perigo. Por outro lado, obviamente, não importa - anunciou Otto Hightower para todos os presentes.

- O Senhor quer culpar Rhaenyra? - perguntou Lorde Tyland Lannister. - Dizer a todo o reino que ela é a culpada?

- Não contarei nada ao reino - replicou Aegon de seu assento. - Embora eu sinta muito pelo que aconteceu à minha irmã, nós fomos atacados dentro de nossas muralhas, em nossas camas, não serei visto como um fraco.

- Você já é visto como um fraco Aegon - rebateu Otto. - Uma coroação precipitada, um dragão que escapa do fosso, o povo enxerga como um presságio. Eles cochicham nas ruas, dizem que talvez Rhaenyra deva ser a Rainha.

- Então poderia anunciar as intenções de Rhaenyra de assassinato - sugeriu Grande Meistre Orwyle.

- Eu faria mais do que isso - ponderou Otto. - Eu diria que ela contratou mercenários não apenas para assassinar Aemon, mas também sua mãe, a Princesa Aelwyn.

- Não - objetou Aelwyn enfaticamente. - Nós não sabemos ainda quem foi o culpado, mas se realmente for Rhaenyra, isso foi uma tentativa de retaliação por Lucerys Velaryon. E eu como mãe, conheço a dor dela, agora da pior forma possível.

Aelwyn disse as últimas palavras olhando intensamente para Aemond, antes de se retirar desolada do Pequeno Conselho com seu filho nos braços.

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Após o encerramento do conselho, Aemond se dirigiu para as masmorras onde encontrou Larys Strong diante do homem que tentara assassinar seu filho. Sobre uma mesa, havia várias ferramentas de tortura, e Aemond escolheu um ferrete aquecido até se tornar vermelho.

- Fui contratado por Daemon Targaryen - revelou imediatamente o homem, estarrecido. - Ele pagou à nós a metade, e o resto entregaria no fim do trabalho.

- Como eu suspeitava - disse Aemond com uma calma aterrorizante.

- Por favor... - implorou o homem, mas ele não encontraria nenhuma piedade no príncipe, e somente o que se ouviu nas horas seguintes foram os seus gritos pela tortura que Aemond o infligia.

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No outro dia, após Sangue morrer decapitado por Aemond depois de longas horas de sofrimento sob suas mãos, ele enfim visitou os aposentos de sua esposa e filho. O corpo do outro mercenário que Aelwyn esfaqueou já havia sido retirado, e o que restava no lugar era um silêncio fúnebre. Havia dois guardas do lado de fora do quarto, e Aelwyn estava fazendo suas malas quando Aemond entrou.

- O que está fazendo? - questionou-o Aemond ao observá-la.

- Levarei Aemon para Oldtwon, já enviei corvos e ele ficará seguro com nossos parentes - disse Aelwyn sem olhar para ele. - Não confio mais neste lugar.

- Você não pode levar meu filho para outro lugar, não pode ter certeza que ele estará seguro lá também - objetou Aemond com o cenho franzido.

- Meu filho irá comigo - declarou Aelwyn com veemência. - A decisão está tomada. Depois de tudo o que aconteceu ontem a noite, tudo o que eu vivi nas mãos daqueles mercenários, por sua culpa, eu quase perdi o meu filho.

Aemond estava pronto para discutir, mas ele respirou fundo e ponderou enquanto observava Aemon sentado no chão cabisbaixo. Ele não tinha ido ao encontro do pai como sempre fazia, e aquilo deixou Aemond desconcertado. Sua mãe havia o salvado, não ele que deveria estar ao lado de sua família os protegendo. Aelwyn talvez tivesse razão, ela devia saber o que era melhor para o menino.

- Você irá como? - perguntou ele.

- Em Silverwing.

- Tome cuidado. É um longo percurso até Oldtwon - alertou Aemond.

- Eu irei fazer uma parada em Highgarden, já está tudo preparado - afirmou Aelwyn. - Nosso avô irá para lá também, está sabendo? Aegon o destituiu do cargo de Mão do Rei e concedeu o título ao Criston Cole.

- Cole? Ele não é apropriado para ser o Lorde Mão - comentou Aemond.

De repente, Aelwyn se aproximou ainda mais dele e o fitou por um tempo antes de falar.

- Eu sei que seu coração está ávido por vingança, Aemond. Eu conheço você. Mas peço que seja cauteloso e prudente em suas ações nessa guerra.

Era a primeira vez que ela falava aquela palavra em voz alta. Guerra, era o que aquele conflito havia se tornado.

Blood And Ash - Gwayne Hightower Onde histórias criam vida. Descubra agora