Diferente das pequenas aparições gravadas na TV, desta vez eles param para comer em um restaurante. Aos poucos, falam sobre seus horários no trabalho e suas próximas atividades no mês. E isso passa para um segundo plano quando tocam em alguma lembrança vaga da infância e adolescência. Falam sobre suas preferências musicais, os concertos que já foram e os que gostariam de assistir de bandas e artistas renomados que visitarão o país em breve. Também comentam sobre os programas que estão fazendo maratona na TV, ou algumas séries estrangeiras ou filmes que os fascinaram e que podem conversar sobre isso.
Os variados pratos tailandeses chegam à mesa e eles começam a comer tranquilamente, rindo ou sorrindo suavemente. Compartilham a comida com a ajuda dos palitinhos e/ou servem o chá gelado nos copos de vidro. Aproveitam a privacidade que o cubículo do restaurante lhes proporcionou, com as portas fechadas, sendo apenas eles e permitindo que aquela cumplicidade que ainda não querem nomear floresça. E mesmo assim, ela está presente.
— Ouvi dizer que costumam reagir com cortes ou... o episódio completo da série. E eles sobem para o YouTube ou ao vivo no Instagram. — menciona Jes, fazendo uma pausa durante a refeição.
— Mm... — faz um barulho de garganta Bible, e sorri ao terminar de engolir a comida. Isso faz com que Jes imite seu sorriso com os lábios fechados. — Sim. Os atores se reúnem na sala de uma casa específica e comentamos sobre a atuação dos outros e o excelente trabalho que a equipe de Staff fez.
— Oh. Devido a minha agenda, não poderei assistir pelo menos aos primeiros episódios. — soa como uma desculpa não dita, e Bible sorri ternamente para Jes.
— Tudo bem, eu estarei lá, e... Uma parte de você também estará. Além disso, para o episódio 4, você não poderá faltar. — lembra Bible, fazendo com que Jes assinta com a cabeça e coloque seu braço estendido na mesa, ao lado dos pratos com comida que foram consumidos completamente, com a palma voltada para cima.
— Sim, o Pond mencionou algo sobre eu não me comprometer para esse dia.
Bible assentiu, comendo alguns noodles com carne e, deliberadamente, tocando com sua mão livre a mão de Jes na mesa, que não se afastou e nem se surpreendeu, como se estivesse esperando silenciosamente que ele a pegasse. Diante disso, Jes apenas pressionou sua mão contra a de Bible, movendo seus dedos livremente pela palma.
— Depois de amanhã é o dia livre.
— Sim. — responde Bible, verbalmente e com o corpo, desfrutando da carne e bebendo um pouco de cerveja. Apenas um copo ele permitiu. Lá, tudo era chá.
— Quer vir ao meu apartamento?
Bible quase engasga com a mistura de comida e bebida, mas com dificuldade consegue engolir o que restava em sua garganta e lida com o gaguejo de Jes.
— Meu Deus... Não quis dizer que nós... Não, eu... Queria dizer, amanhã... Assistir a um filme, ou jogar algum videogame... Comer, conversar e... Não esses pensamentos, ah... Não é como se nós não... Basta, Jes. — murmura por último, levando a mão ao rosto e afastando o braço que tinha na mesa.
Apesar de quase se engasgar e ainda sentir aquela sensação desagradável, Bible solta uma risada muito honesta diante da reação de Jes. Não é que não tenha pensado de forma ambígua na proposta, mas também acha a reação do mais velho divertida.
—Eu sei, Jes. —Ela deixa de lado a formalidade com a qual se dirige a ele na frente dos outros, captando sua atenção. —E claro que eu gostaria de ir ao seu apartamento. Você está morando em um?
—Sim, para ficar mais perto, é um apartamento que comprei há alguns anos. —Parece desinflar com essa resposta, acomodando-se na cadeira.
—Bom, então teremos um encontro lá, e da próxima vez no meu. O que você acha? —Bible sorri com ternura.
—Parece bem. Eu acho ótimo. —Jes sorri para ele e pega a mão que Bible estende sobre a mesa. —Eu gosto das suas mãos, Nong Bib.
—Obrigado, P'Jes. —Bible ri e aperta os dedos contra os de Jes, não conseguindo esconder seu rubor. —Eu também gosto das suas mãos... —deixa o comentário livremente, sem segunda intenção.
O resto da tarde-noite é passado soltando várias piadas, algumas estranhas, tantas ruins quanto boas, que fazem os dois rirem até se esgoelar e aliviar a carga imaginária que sobe e desce de seus corpos. Sentem-se confortáveis em seu espaço e aproveitam o que resta. Quando é hora de sair, Bible se encarrega de pagar o jantar. E, embora discuta um pouco com Jes, dizendo que ele pagaria, Bible insiste que fará isso quando for visitá-lo em seu apartamento, silenciando qualquer reclamação do mais velho. E quando saem para a rua, conferem seus celulares, pois nenhum dos dois trouxe seu veículo e, devido às horas de conversa, foram a pé. Não acreditam que o prédio esteja aberto a essa hora, e se estiver, não têm energia para voltar caminhando, então esperam um Uber fora do restaurante.
—Nos vemos depois de amanhã... —despede-se Bible, sorrindo timidamente e movendo os braços para os lados da cintura, não sabendo como proceder além de uma despedida breve.
Jes inspecciona a área onde estão, o quão solitário está o lugar, que geralmente está cheio de gente indo de um lado para o outro. E nesta noite, e na hora da madrugada, não há pessoas por perto. Assim, sem medo de uma possível rejeição, ele acaba encurtando a distância entre eles e inclina a cabeça em direção a Bible, aproximando seus rostos e observando como o mais novo suaviza o movimento leve das pálpebras, olhando para ele. Sem desviar o olhar e esperando que ele termine sua ação. A mão de Jes sobe para a bochecha de Bible, e a acaricia calorosamente, deslizando dois dedos e levantando o queixo de Bible, selando algo que ambos queriam desde que se viram novamente e toda a gravação da série foi concluída.
A luz do poste de rua na esquina do restaurante lhes dava um ambiente intrínseco e furtivo devido à escassa luz piscante. E embora o beijo tenha sido apenas de lábios pressionados, foi o suficiente, por enquanto, para que ambos se separassem e abrissem os olhos, e se olhassem. Sentindo aquele calor natural subindo em suas bochechas, e desviando sua atenção para os veículos que se aproximavam para encontrá-los. Só então, Bible percebeu que havia apertado a jaqueta de Jes pelas bordas do zíper. E Jes havia invadido todo o espaço de Bible para o beijo.
— Nos vemos em breve. — despede-se Bible, rindo e levantando a mão. Entrando no primeiro veículo, que era o seu. Jes levanta a mão em sinal de despedida, e um sorriso carinhoso aparece em seus lábios, subindo até seus olhos e desanuviando seu rosto de toda seriedade.
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Primeiro Sinais - JesBible
Hayran KurguE uma vez que nos conhecemos ao longo dos nossos dias, aprendemos a fortalecer ainda mais aquele vínculo que nos une em uma linha tênue do destino. Essa fic não é minha; é da @mileapoboc, e ela me deu autorização para traduzi-la