Capítulo Especial 1 Como a Lua

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"Quem está aí?"

O jovem parou de andar. Ele sentiu algo passar por ele, como uma brisa leve, mas o ar era mais denso. Aquilo era invisível, mas podia ser sentido. Mas, ou Matthew Mass Coleridge, o filho mais velho do dono da casa, virou-se para o corredor que acabara de atravessar. A luz da vela iluminava a superfície brilhante do piano que estava no salão. O pêndulo do relógio de chão movia-se em seu ritmo habitual. Não havia ninguém ali.

"Khun Mass!"

Uma voz suave na porta do quarto chamou a atenção do jovem de volta para aquela direção. Uma das criadas da casa estava na porta de seu quarto.

"Arrumei sua cama, senhor. Precisa de mais alguma coisa?"

Ele balançou a cabeça.

"Não, pode ir."

A criada assentiu e, depois de se curvar ligeiramente, desceu as escadas para o andar de baixo. Mas afastou a sensação estranha que tinha momentos antes e entrou no quarto, fechando a porta. Seu quarto ficava ao lado da escada, no andar de cima, do lado esquerdo. Era o único quarto ocupado daquele lado da casa, enquanto sua madrasta e suas irmãs mais novas ficavam no lado direito.

Mas colocou o candelabro sobre a mesa de escrita junto à parede e sentou-se na cadeira. Ele afrouxou o cachecol no pescoço, revelando uma cicatriz rosa que ia do lóbulo da orelha até o pescoço. A chuva batia suavemente na janela. O ar estava frio e agradável.

Mas recostou-se na cadeira, pegando o livro que estava na mesa, abrindo-o na página marcada por uma pequena fita de couro. Seus olhos castanhos, cercados por longos cílios, seguiram as linhas do texto devagar e atentamente. Ele estava completamente concentrado até que um som ecoou.

Ting.

Soava como se alguém tivesse pressionado uma tecla do piano. Mas franziu o cenho, irritado. Naquela hora, não havia como suas irmãs ou qualquer criada estarem no salão tocando seu piano. Fechou o livro e abriu a porta devagar.

Seus olhos se arregalaram um pouco ao ver a figura de um jovem ao lado do piano.

Um fantasma?

Mas ficou tenso. Embora tivesse enfrentado essas situações várias vezes, nunca conseguira se acostumar. Fantasmas ou espíritos de pessoas mortas, como quer que fossem chamados, sempre pareciam ameaçadores. E era sua responsabilidade lidar com eles de forma firme, para que não o assombrassem à vontade.

Mas estreitou os olhos ao observar a figura ao piano. Era um homem alto, vestindo roupas estranhas. A camiseta branca de mangas curtas que ele usava parecia feita de um tecido macio e elástico. As calças marrons, de tecido grosso, eram bastante justas.

O fantasma inclinou a cabeça, levantando a mão, como se não soubesse o que fazer. Mas franziu o cenho ao ver o espírito tocar as teclas do piano de maneira desajeitada, produzindo sons irregulares.

Que desastre.

Ele podia ver que o espírito não sabia tocar piano nem em vida. Enquanto ponderava como afastar aquele espírito, a figura lentamente desapareceu.

Mas caminhou até o piano. O fantasma havia sumido, restando apenas um leve aroma no ar. Um cheiro que ele não reconhecia, como se fosse um perfume misturado com algo mais, transmitindo uma sensação de frescor e limpeza, diferente dos perfumes comuns, que geralmente eram mais intensos.

Um fantasma que cheira bem?

Mas coçou o nariz, envergonhado com seus próprios pensamentos. Não era incomum que espíritos viessem acompanhados de sons ou cheiros, mas aquele tipo de fragrância era novo para ele.

Em uma noite de luarOnde histórias criam vida. Descubra agora