Capítulo 5 - Duas Luas

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"P'Khen... P'Khen..."

O som de batidas na porta e a voz de Bueng me fizeram sobressaltar e recobrar a consciência. Levantei meu rosto que estava apoiado nos meus braços e olhei ao redor, confuso. Meu coração ainda batia forte.

Aquilo foi um sonho?

Virei-me para Bung, que estava de pé na porta e olhando para mim. A porta estava aberta, exatamente como estava quando entrei no quarto. Olhei desconfiado, ainda confuso entre o que era realidade e o que era sonho. Era estranho perceber que eu não havia saído desse quarto desde o início.

"Eu vim aqui para dormir com você", Disse Bueng. Acenei com a cabeça, tentando me recompor.

"Você ficou aqui por muito tempo?"

"Por um tempo. Eu vi você debruçado na mesa e não tinha certeza se estava dormindo, então resolvi chamar."

"Você viu...?"

"Viu meu corpo astral sair do quarto?" Eu parei no meio da frase... Não consegui continuar. Parece que estou ficando louco. Mas o sonho foi tão vívido, tão intenso em todos os sentidos: a visão, o cheiro, o som, o toque. Tão real que é difícil acreditar que foi apenas um sonho.

"O que foi, P? Por que essa cara estranha?" Bueng entrou no quarto. Eu esfreguei os olhos.

"Tive um sonho... Um sonho muito estranho."

"O que você sonhou?" Ele se sentou na cama.

"Sonhei com aquele garoto estrangeiro. Aquele que eu te contei que vi sentado na minha cama naquela noite. Mas agora ele não era mais um garoto. Ele cresceu, virou um jovem. Alto, bonito, com traços mestiços, e estava tocando piano no saguão lá fora. Mas parecia que ele não gostava de me ver aqui. Ele me seguiu até este quarto, mas eu acordei antes que ele me alcançasse."

Bueng ficou pensativo por um momento antes de perguntar: "P'Khen, quanto tempo faz que você não tem um namorado?"

"Hã...?" Eu franzi a testa. "Por que essa pergunta?"

"Estou captando que você sonhou com um cara mestiço, muito bonito, e ele veio até o seu quarto. Será que você está tão carente a ponto de criar um homem para si mesmo nos seus sonhos?"

"Estamos em uma situação séria e você ainda tem humor para brincar?"

"É porque estamos sob muita pressão que precisamos aliviar o estresse de alguma forma. Estamos todos à beira de enlouquecer." Ele apontou com a boca em direção ao quarto de P'To. " P'Namwa chorou até pegar no sono, e P'Tan e P'To ainda estão conversando. Posso dormir aqui com você?"

"Claro", eu assenti. "Não está com medo de que algo estranho aconteça neste quarto?"

Bueng olhou ao redor. "Não sinto nada de estranho, acho que vai ficar tudo bem."

Depois de um tempo, Bueng pegou suas coisas e se mudou para o meu quarto. Nós nos sentamos na cama juntos, ele reclamando sobre o iPad quebrado e sobre como não ajudou em nada. Depois de um tempo, ele me perguntou baixinho:

"P'Khen, quem você acha que aquela mulher no quarto era?"

"Não sei."

"Estou muito confuso sobre o que ela quer. Deveríamos ter sido expulsos daqui, não presos como estamos. A menos que..." Ele fez uma pausa antes de continuar. "A menos que alguém tenha pegado algo dela e agora ela quer de volta, por isso não nos deixa ir."

Eu fiquei pensativo, mas não conseguia me lembrar de ter feito algo parecido. "Eu tenho certeza de que não é por minha causa. Mal toquei em alguma coisa aqui."

Em uma noite de luarOnde histórias criam vida. Descubra agora