Capítulo Especial 2: O Coelho que Deseja a Lua

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"Pan Chan, quando estiver lá, concentre-se nos estudos e seja paciente, meu filho. Não se preocupe com a gente. Eu ainda estou forte e seus irmãos já cresceram e entendem as coisas."

"Sim, mãe. Vou escrever para você todo mês."

"Não se esqueça, Pan. Eu gostaria que você agradecesse pessoalmente ao senhor Mas. Sem a ajuda dele, você não teria tido a chance de estudar tanto. A gratidão é essencial para o progresso na vida."

"Sim, mãe."

Pan Chan sorriu. Esse era um assunto que sua mãe repetia frequentemente. Ela enviava muitos presentes, como se estivesse mandando uma carga de um barco para o mercado, e não viajando por meses para outro continente.

Matthew Mas Coleridge

Pan Chan se lembrou do nome do benfeitor que sua mãe mencionava desde que ele era pequeno. A pessoa que o sustentou por muitos anos, mesmo sem ser parente. Ele estava ansioso para conhecer Matthew. Como ele seria? Talvez um senhor ocidental, gordo e simpático, de pele muito clara e com barba? Ou seria um inglês formal e austero? Não importava como ele fosse, Pan Chan estava muito animado com a ideia de finalmente conhecê-lo.

O jovem olhou seu reflexo no espelho. Hoje era o dia em que ele encontraria Matthew. Ele acordou cedo para se preparar e revisar os presentes que levaria consigo. Penteou seu cabelo preto e liso, mas sua expressão alegre se desfez ao ver a marca vermelha no lado direito da testa. Ela começava na linha do cabelo e se estendia até a sobrancelha. Era uma cicatriz muito visível.

Ele nunca gostou dessa marca. Parecia uma cicatriz de uma lâmina afiada. Mas ao lembrar das palavras de sua mãe, ele relaxou. Foi ela quem lhe deu o nome Pan Chan.

Ele suspirou. Pelo menos o nome "Pan Chan" tinha um som agradável e poético, melhor do que ser chamado simplesmente de "Pan", o que poderia destacar sua cicatriz.

Na verdade, ele sabia que não era feio. Tinha uma aparência limpa, com pele suave, sobrancelhas espessas e olhos grandes. Mas ele valorizava mais seu intelecto do que sua aparência. Ele conseguiu uma bolsa de estudos em uma universidade na Inglaterra por mérito próprio e estava orgulhoso disso. Ele queria mostrar ao senhor Mas que sua confiança foi bem colocada. Embora tivesse sido um pouco travesso quando criança, ele nunca causou grandes problemas.

Depois de se certificar de que estava bem vestido, Pan Chan saiu de casa e pegou o trem rumo ao destino que tanto esperava.

Quando encontrou Matthew pela primeira vez, ficou surpreso. Aos 37 anos, ele era um homem bonito e elegante, alto e de ombros largos, com os modos refinados de um cavalheiro que frequentava a Bond Street, uma área repleta de lojas luxuosas.

"Você é Pan Chan?" Ele sorriu, e as rugas ao redor dos olhos o tornavam ainda mais encantador, com uma voz grave e suave, olhos castanhos claros e uma pequena pinta abaixo do olho esquerdo. Pan Chan ficou nervoso de repente. Não era o Matthew gordo e simpático que ele havia imaginado, mas um homem charmoso que fazia seu coração bater mais rápido.

"Você pode me chamar de Mas, ou Matthew, como preferir."

"Mas?" Ele ergueu as sobrancelhas.

"Ninguém me chama assim há muito tempo. Sente-se."

"Obrigado, Khun Mas."

Pan Chan relaxou um pouco e sentou-se em uma poltrona de couro marrom, confortado pela simpatia de Matthew. O escritório de Khun Mas era decorado em tons escuros, com estantes cheias de livros. A maioria dos objetos parecia ser de uso diário, e não apenas para decoração.

Desde o momento em que pisou na propriedade imponente, a antiguidade do lugar o deixou um pouco tenso. O prédio era feito de pedra marrom, com maçanetas de metal ornamentadas e plantas trepadeiras cobrindo as paredes, ao lado de um canteiro de rosas em flor.

Em uma noite de luarOnde histórias criam vida. Descubra agora