Epílogo Pan Chan

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Ano de 1919, vários meses após o fim da Primeira Guerra Mundial.

(A Primeira Guerra Mundial terminou em 11 de novembro de 1918)

"Khun Mas de Oon, já está com todas as suas coisas prontas para embarcar no navio, meu filho? Falta algo mais? Se faltar, vou buscar para você."

A voz da velha ama de leite e das duas irmãs dele ecoou. O jovem, herdeiro mais velho da casa, Matthew Mas Coleridge, olhou para trás e sorriu suavemente.

"Hoje a vovó Oon já me perguntou isso cinco vezes, será que vai perguntar pela sexta?"

A velha usou um lenço para secar as lágrimas que escorriam dos olhos. "Oon está preocupada. Tem medo de que, ao chegar lá, as coisas fiquem difíceis. Onde você vai encontrar as mesmas coisas que tem aqui?"

"Vovó Oon está preocupada comigo ou preocupada que não conseguirá cuidar da casa sozinha?" o jovem brincou.

"Ambas as coisas", a velha revirou os olhos. "Meu jovem senhor, está prestes a partir e ainda faz piada com uma velha."

"Não se preocupe, vovó Oon. Já tenho vinte anos desde o começo do ano, não sou mais criança. Se está preocupada com minha madrasta e minhas irmãs, prometo que cuidarei bem de todos."

"Quando Khun Mas chegar do outro lado, não se esqueça de enviar uma carta para nós."

O jovem sorriu. O "outro lado" que sua ama mencionava era o Reino Unido, onde seu pai havia voltado para participar da guerra anos atrás. Após a guerra, o Sr. Thomas, pai dele, enviou uma carta dizendo que estava seguro. Muitos soldados já haviam retornado às suas terras natais, e o Sr. Thomas também.

Embora ele não tivesse ficado gravemente ferido, a guerra deixou cicatrizes na alma, enfraquecendo tanto sua força quanto seu ânimo. O Sr. Thomas sofreu uma lesão no quadril durante a guerra, o que o impediu de viajar novamente para a Tailândia. Ele e a madrasta do jovem decidiram começar uma nova vida lá.

"Se eu enviar uma carta, vovó Oon vai conseguir ler?"

"Se não conseguir ler, posso pedir a alguém para ler para mim."

A velha olhou para uma jovem que carregava um bebê. "Oh, olha lá, a mãe Nuan está vindo se despedir com o filho. O senhor já viu o bebê dela?"

"Nunca vi", ele respondeu, olhando para a jovem que se aproximava. Nuan provavelmente cuidava do bebê nos fundos da casa.

"É um menino", disse vovó Oon. "Muito bonito, embora sem pai desde que nasceu."

Vovó Oon chamou Nuan, que tinha sido cozinheira da casa por muitos anos. Seu marido morreu enquanto ela ainda estava grávida.

"Venha se despedir do Khun Mas primeiro", disse vovó Oon.

Nuan caminhou até ele, com o rosto ruborizado e os olhos marejados. O jovem disse: "Se você começar a chorar, a vovó Oon também vai começar."

"Nuan está triste", ela disse, com o nariz fungando. "O senhor e a senhora Topaz foram muito bondosos comigo, não sei como poderei retribuir."

"Este é o seu filho?", perguntou o jovem.

"Sim, o nome dele é Pan", respondeu Nuan, segurando o bebê, que tinha a pele clara e os olhos grandes. O que chamou a atenção do jovem foi uma marca vermelha que o bebê tinha perto da linha do cabelo.

"O nome dele é Pan?", o jovem murmurou.

"Sim, por causa da marca de nascença na testa. Dizem que é uma marca da vida passada."

O jovem estendeu a mão para o bebê, que logo segurou seu dedo firmemente.

"Neném Pan, solte Khun Mas", disse Nuan, tentando soltar a mão do filho.

"Não tem problema", disse o jovem. "Posso segurar o bebê?"

Nuan entregou o bebê a ele, que olhou para a criança com ternura. "Você disse que o nome dele é Pan, mas se eu der outro nome, você se importaria?"

"Se o senhor der um nome para ele, seria uma grande honra", Nuan respondeu.

"Vou chamá-lo de Pan Chan, que significa 'como a lua'."

O bebê riu alegremente. O jovem tocou o nariz do bebê e disse: "Pan Chan, espero que cresça forte, seja bom, estude muito, para que possa cuidar da sua mãe."

Então ele se voltou para Nuan. "Posso apadrinhar essa criança? Quero garantir que ele receba uma boa educação."

Nuan, com lágrimas nos olhos, agradeceu profundamente. "Muito obrigada, Khun Mas, é uma grande bênção para Pan Chan."

O jovem devolveu o bebê à mãe, que sorriu para ele. Ele acariciou a bochecha macia do bebê com carinho.

"Se o destino permitir, talvez nos encontremos de novo, Pan Chan."

Em uma noite de luarOnde histórias criam vida. Descubra agora