Capítulo 3: Laço

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Corri desesperadamente para bater na porta do quarto do P'To, que ficava ao lado.

"P'To! Bueng! Abram a porta!"

P'To foi quem abriu a porta para mim, com uma expressão de quem ainda não estava completamente acordado, enquanto Bueng olhava para mim deitado de lado na cama.

"O que houve, Khen?" P'To perguntou.

Eu me esgueirei rapidamente para dentro do quarto.

"Eu vi um fantasma."

"Ei!" Bueng se levantou rapidamente. Olhei para os dois com a voz trêmula.

"Um fantasma... Um garoto sentado na minha cama, parecia mestiço, cheio de arranhões pelo corpo."

P'To segurou meu braço.

"Calma, me conta devagar."

"Acordei com o barulho de um trovão, vi a janela aberta e fui fechá-la. Quando voltei para a cama, ouvi um barulho estranho embaixo da cama. Abaixei-me para ver e era um brinquedo de corda antigo. Quando levantei a cabeça, vi o garoto sentado na cama me encarando."

Bueng e P'To se entreolharam estranhamente antes de Bueng falar.

"Não está chovendo, P'Khen."

Virei-me imediatamente para a janela. O céu noturno era de um azul profundo quase negro, com a lua brilhando suavemente, sem sinal de chuva.

Engoli em seco... O que estava acontecendo?

"Tem certeza que não foi um sonho?" P'To perguntou suavemente. "Ou você teve um pesadelo por causa da lesão na cabeça?"

Fiquei parado, minha mente pesada e confusa. Toquei minha cabeça. "Eu não sei."

P'To suspirou. "Olha, durma aqui com a gente hoje. Eu durmo no chão, amanhã veremos."

"Concordo," disse Bueng.

Naquela noite, acabei dormindo no quarto de P'To. Eles conversaram comigo por um tempo antes de voltarem a dormir, mas eu continuei me revirando na cama, pensando no que havia acontecido.

Era difícil acreditar que fosse um sonho. A sensação do brinquedo na minha mão ainda era clara, assim como o rosto do garoto, com seus olhos grandes e castanhos, pele branca como leite e uma pequena marca de nascença sob o olho esquerdo. Ele parecia tão zangado, mas não sabia por que havia sonhado ou visto aquilo.

Ou talvez fosse um efeito colateral da lesão na cabeça, como P'To sugeriu, combinado com a atmosfera da casa, que me fez ter um sono inquieto e pesadelos. Levei um bom tempo para finalmente adormecer.

____________

Na manhã seguinte, acordei com um som do lado de fora da porta do quarto.

Ding...

Tentei ouvir, ainda sonolento. Era um som claro e melodioso, contínuo e alegre. Despertei imediatamente. Era o som de um piano!

Havia vozes misturadas à música, risadas de uma menina.

"P'Mas, toque 'Lao Duang Deuan' para mim, por favor."

"Música tailandesa deve ser tocada com instrumentos tailandeses, não com piano."

"Mas eu quero ouvir! Toque o piano e eu cantarei."

Ouvi uma risada masculina suave e, em seguida, a música familiar do piano.

Sentei-me na cama, intrigado, e olhei para a porta. Apesar da estranheza, o som me atraía. Levantei-me e abri a porta devagar, espiando.

Era como abrir para outro mundo.

Em uma noite de luarOnde histórias criam vida. Descubra agora