Capítulo 12

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— Oi meu amor, chegamos. — falou Rodrigo entrando em casa carregando as mochilas das crianças.

Ju acabava de colocar a mesa e foi recepcionada por beijos de seus filhos e do seu marido.

— Que bom que você veio almoçar em casa, Digo.

— Meu amor, por mim eu almoçava em casa todos os dias! — falou e a abraçou com carinho.

— Então pode lavar as mãos que está quase tudo pronto. Eu vou sair com as meninas de tarde. A Laura quer sair para fazer compras pra a Ana.

— Eu adoro ver vocês juntas. — falou recostado no batente da porta da cozinha. — Me sinto um adolescente de novo. A amizade de vocês me traz ótimas recordações.

Ju secou as mãos e começou a levar as travessas para mesa.

— Digo você está tão sentimental hoje! — zombou dando um beijo casto em seus lábios. — Chama as crianças para almoçar.

Rodrigo, sentado na cabeceira, podia contemplar sua família. Ju era sem dúvida a mulher de sua vida, seus filhos, a sua razão de viver. Ainda nutria os mesmos sentimentos pela mãe de seus filhos. Foram tantos anos, tantos momentos felizes, tantos momentos difíceis que a cada dia tinha certeza que ficariam velhinhos juntos.

A bomba que Ju havia descarregado em seu colo no domingo, ainda perturbava a sua mente. Ela queria vender sua parte na sociedade. Era bom e ruim ao mesmo tempo. Era um patrimônio que haviam construído juntos. O escritório sempre foi o sonho de ambos. Vê-la desistir o fez repensar.

Era incontestável que abrir espaço para um novo sócio poderia fazer crescer ainda mais o escritório, mesmo que ela não trabalhasse mais, era como se ela ainda estivesse ali. Ele trabalhava por dois, lutava pelos dois, enquanto ela cuidava da família.

O almoço já havia terminado, as crianças já tinham saído da mesa e Juliana recolhia a louça. Rodrigo continuava sentado absorto em seus pensamentos. Queria iniciar a conversa, mas não sabia como fazer.

— Digo, eu vou facilitar as coisas pra você. — falou Ju sentando em seu colo e tocando seu rosto. — Eu sei que você está pensando sobre o que te disse no domingo e que não sabe como iniciar essa conversa.

— Como você sabe? — perguntou ele intrigado.

— São muitos anos. — falou balançando a cabeça. — Eu te conheço o suficiente para saber que você vai pifar mas não vai conversar comigo sobre isso. Então vamos ser racionais. Um novo sócio seria muito bom para os negócios. Eu não me vejo novamente trabalhando naquele escritório. Eu quero poder pensar em algo que me faça bem. Algo que eu fique próxima das crianças e que ao mesmo tempo me permita ter uma vida além da vida doméstica.

Ju descarregou tudo. Rodrigo ainda se espantava com a praticidade e franqueza de sua mulher. Antes que pudesse pensar em algo para dizer ela continuou.

— Eu tenho metade do escritório. Sei que isso vale muito mais do que investimos. Então você vende vinte e cinco por cento, fica com os outros vinte e cinco e propõem a sociedade pro advogado novo.

Rodrigo pisca algumas vezes. Juliana parecia decidida e já havia pensado em tudo. Não teria como argumentar.

— Ju, eu não consigo entender como você pode ser tão prática. O escritório era o nosso sonho.

— Era Digo. Eu não quero mais. — falou e deitou a cabeça em seu ombro.

— Você consegue ser perfeita até num momento como esse Juliana. Assim que resolvermos tudo eu queria que viajássemos, só nós dois.

Até que a vida nos separe... DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora