Capítulo 4

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Luana saiu para cozinha e convidou Bella para ajudá-la. Antes de começar a lavar a louça Bella se virou para a amiga e a abraçou.

— Eu estava com saudades Vaquinha.

— Você sumiu Belinha, sinto muito a sua falta.

— Eu andei um tempo no Rio. Na minha profissão não é bom ser figurinha marcada. — brincou irônica.

Bella começou a lavar os copos enquanto Luana guardava o resto das comidas.

— Belinha, não precisa lavar a louça! Amanhã vem uma pessoa para limpar.

— Pelo menos os copos Vaquinha, assim colocamos o papo em dia. Tem quase um ano que não nos vemos.

— Verdade. — falou Luana aérea, tentando se lembrar da última vez que se encontraram. — Foi um ano difícil, eu realmente não fui a mais presente.

— Você e a Cris estão bem? Eu estou com saudades dela. Por que ela não ficou?

— A Cris está ótima e nós estamos bem. Ela sempre se acha uma intrusa nos nossos encontros. — falou revirando os olhos

Bella somente riu e voltou sua atenção para os copos que estavam na pia.

— Belinha, eu queria te contar uma coisa. Por favor, não se sinta traída por ser a última a saber, mas as meninas estão mais próximas. Eu pedi a elas que não te dissessem nada, eu queria te contar pessoalmente.

Com as mãos cheias de espuma, Bella se virou para a amiga ainda ensaboando uma taça. Olhou-a interrogativamente, aguardando o que ela tinha a dizer.

— Eu passei uns três anos fazer os exames preventivos. Sentia muitas cólicas, mas ninguém encontrava o motivo. Cansei de ficar procurando e nunca mais voltei no médico. Há três meses eu senti uma dor muito forte e acabei desmaiando. A Cris me levou para o hospital e não sossegou enquanto não descobrimos o que eu tinha. — Luana tomou o ar com força, Bella continuava parada ouvindo. — Eu estou com câncer Bella, já está bem avançado, mesmo se eu retirar o útero não vai adiantar. Químio e radioterapia só vão adiar o inevitável, prefiro qualidade de vida

Em choque, Bella soltou a taça, que se espatifou no chão. Nem mesmo esperou processar o que tinha ouvido e deu um grito tentando expressar seu desespero, seu medo e sua dor.

— Que merda é essa Luana que você está falando? — perguntou não querendo acreditar no que havia ouvido.

Sem se preocupar com os cacos espalhados no chão, Luana se aproximou e a abraçou.

— Bella, eu não sei quanto tempo ainda tenho, pode ser um ano, um mês ou posso morrer amanhã. Mas eu tenho certeza que quero passar os últimos dias da minha vida ao lado de vocês.

— Três meses Lua? Por que não me ligou? — falou ainda com a voz alterada.

— Bellinha, já tinha muito tempo que não nos falávamos. Eu não iria ligar só para contar. Foi difícil, está sendo difícil. Eu preciso me fazer forte para a Cris, para minha família, até para as meninas. — confessou Luana com os olhos cheios d'água.

Bella abraçou a amiga com carinho. Segurou seu rosto encarando-a com ternura. Deu-lhe um beijo na boca demonstrando seu amor e admiração. Luana sorriu com o beijo roubado da amiga.

— Eu vou estar ao seu lado Lua, todos os dias. Eu não quero um dia, nem um mês, muito menos um ano. Vamos lutar minha amiga, você ainda vai viver muito. — disse chorando e abraçando novamente a amiga.

Até que a vida nos separe... DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora