Capítulo 8

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Sem se importar com os olhares de todos, Lucas correu atrás de Ana que já havia saído do café. Caminhava com passos apressados, já havia andado um quarteirão. Assim que a avistou, Lucas correu ainda mais.

— Ana, espere!

Ela começou a caminhar ainda mais rápido, mas foi inevitável. Lucas a alcançou e a parou se posicionando na sua frente.

— Por favor Ana. Eu vim falar com você.

— Lucas, eu quero ir embora, por favor.

— Deixe eu te levar?

Ciente que ele não desistiria Ana resolveu ceder.

— Tudo bem Lucas. Eu vou ouvir o que você tem para dizer.

Tocando em suas costas, ele a conduziu até seu carro, que estava estacionado na rua lateral. Abriu a porta para que ela entrasse e sentou no banco do motorista.

— Ana, eu tenho pensado muito em você. Eu sempre penso em você. Eu não sabia que tinha feito tanto mal.

Ele parou esperando que ela dissesse algo, mas ela não o fez. Continuou calada encarando-o esperando que ele continuasse.

— Eu nunca imaginei que ainda estivesse tão magoada comigo. Já se passaram oito anos. Éramos crianças. Você me incentivou a casar...

— E o que você esperava que eu fizesse? — perguntou em um tom baixo. — A pessoa que sempre pediu que eu esperasse, volta depois de sete anos fora, conta que conheceu uma outra mulher que ainda por cima está grávida. O que você queria que eu fizesse? — perguntou sem conseguir segurar seu choro.

— Ana, me desculpe. — disse com a cabeça baixa. — Quando te procurei você me incentivou, eu podia assumir o filho, poderíamos ter ficado juntos.

— Lucas, por favor. Eu não sou tão boba quanto você pensa. Você me traiu. Você construiu uma vida com outra pessoa, enquanto eu fiquei aqui te esperando. Você tem dois filhos, uma família.

— Eu me separei, Ana. Roberta voltou para os Estados Unidos com as crianças.

— E aí você resolveu me procurar? — deu um longo suspiro. — Por favor, eu quero ir para minha casa, eu posso pegar um taxi. — falou com a mão na maçaneta pronta para saltar do carro.

— Eu vou te levar Ana. — falou e tocou sua mão tentando impedi-la de sair.

Ana se esquivou rapidamente de seu toque. E se recostou na porta tentando evitá-lo. Um branco invadiu sua mente. Estava vivendo o momento que sempre sonhara, o momento em que Lucas a procuraria. Mas ela estava ferida demais para ceder.

— Eu nunca imaginei que você ainda morasse no mesmo lugar. — falou ele estacionando na porta de seu prédio.

— Obrigada pela carona. — falou sem ao menos olhá-lo

Foi interrompida por ele a segurando fortemente pelos braços. Estremeceu ao sentir suas mãos. Fechou os olhos tentando pensar em alguma maneira de sair logo dali. Mas foi em vão, a proximidade de Lucas fazia que as lembranças viessem à tona. Sentiu-se como uma adolescente na porta de casa se despedindo do namorado. Ele tocou seu rosto e com a outra mão a puxou pela cintura. Ana respirou fundo com os olhos fechados. Inesperadamente, foi surpreendida por um beijo lento e desejoso. Lembranças, saudades, paixão, desejo, todos os sentimentos invadiam sua mente. Foi inevitável tentar segurar as lagrimas, a única coisa que desejava era que aquele beijo não terminasse.

Lucas se deliciava com o beijo que tanto sentia falta. Ana tivera sido o grande amor de sua vida. Sentia como se o tempo não existisse, era o mesmo adolescente que perderia a virgindade com a primeira namorada. Percebeu que ela não queria terminar aquele beijo, era a mesma Ana de sempre, tinha o mesmo cheiro e o mesmo gosto.

Até que a vida nos separe... DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora