Capítulo 11

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Quinze minutos antes do horário combinado, Bella chegou ao bar de Alex. Procurou uma mesa mais afastada no meio da calçada para aguardar Cris. De onde estava sentada tinha uma visão privilegiada do dono do bar, trabalhando concentrado atrás do balcão. Alex era realmente um homem muito atraente, ombros largos, braços fortes e podia ver discretamente a linha de uma tatuagem terminando junto com a manga da camisa.

Bella conhecia homens lindos, embora beleza nunca foi um grande atributo dos seus clientes. Havia sim alguns homens interessantes. Um em particular, havia se tornado um perfeito amante. Um dos poucos clientes que ainda atendia. Júlio era um homem alto, forte, com um fôlego invejável para muitos meninos da vinte anos. Era homem feito, quarenta anos, viúvo e não tinha filhos.

Eram amigos, confidentes e há três meses tinham negociado sua exclusividade. Bella sabia bem onde aquela relação ia parar. Temia que Júlio confundisse as coisas e que acabasse deixando que os sentimentos tomasse conta daquela relação. Seria inevitável se afastar. Já havia se acostumado com declarações de amor e pedidos descabidos de casamento. Aquele não seria o primeiro, mas certamente seria o último.

Não que pretendesse aceitar o pedido. Desde de que voltou de viagem estava decidida a abandonar aquela vida. Só tinha uma meta: o seu último cliente. Alex tinha todos os atributos necessários para ser contemplado com esse título, mas algo dentro dele gritava proibido para ela.

- Assim você vai deixar o moço sem graça Bella. – Cris chamou sua atenção se sentando em uma cadeira a sua frente. – Desculpe a demora, eu estava tentando fechar alguns pedidos, mas definitivamente esse é o trabalho da Luana.

- Oi Cris! – cumprimentou com um sorriso acolhedor nos lábios. – Eu cheguei a pouco tempo.

- Pelo visto tempo suficiente para devorar o dono do bar com os olhos.

Bella sorriu largamente.

- Ele realmente é um banquete. Mas tem uma plaquinha na testa brilhando proibido!

- Será que ele vai ser o homem capaz de fazer você uma dona de casa cheia de filhos?

- Como a Ju? – sorriu incrédula. – Essa vida não é pra mim. Eu sou adepta ao conceito que só se ama uma vez. – falou um pouco sem graça.

Cris respirou fundo. Sabia que inevitavelmente teriam aquela conversa. Mas estar na frente de Bella era realmente constrangedor.

- Você a amou de verdade? – questionou com Cris com uma serenidade inacreditável estampada em seu rosto.

- Você realmente está me fazendo esta pergunta? – questionou tranquila mas seu peito parecia explodir. - Não Cris, eu não amei a Luana, eu ainda amo.

Cris engoliu as palavras e tentou racionalizar o ciúmes que sentiu com aquela confissão.

- Eu não acho que devemos falar sobre isso. Eu fui sincera com você. Mas ela é sua mulher e nunca vi um casal tão perfeito quanto vocês duas. Sabe Cris, com o tempo você aprende a amar em silêncio. Aprende a não deixar que os colapsos da paixão tomem conta e que a felicidade de quem se ama é o suficiente.

Cris a fitou intensamente, via um brilho diferente ao ver Bella falar de sua mulher. Tinha consciência que em um tempo esse amor foi correspondido. Ou ainda era, talvez Luana passou a enxergar esse amor da mesma maneira do que ela.

- Sei que a Luana te amou muito Bella, já conversamos muito sobre isso. Desde que descobrimos a doença fico pensando em tanta coisa. – suspirou profundamente e continuou. – Eu já desconfiava sobre os seus sentimentos. Você nunca me desrespeitou. Mas a sua distância era uma incógnita.

Até que a vida nos separe... DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora