011 | Eu não to fugindo

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Cecília

Aquela sensação estava me consumindo de novo. A adrenalina de ver Jonathan e saber que eu tinha um efeito sobre ele me deixava mais ousada, mas ao mesmo tempo, algo me segurava. A verdade é que, quanto mais perto eu chegava, mais uma parte de mim queria recuar. Talvez fosse medo de perder o controle ou de me envolver demais.

Ludmila tinha me dado um olhar carregado de sabedoria antes de eu sair de casa, mas não falou nada. Eu sabia que ela entendia a tensão que vinha crescendo entre mim e Jonathan. Ela não aprovava, mas também não me impediria de cometer meus próprios erros.

  – Você vai se enfiar numa confusão, Cecília — Ela tinha dito. — Só não diga que eu não avisei.

Agora, lá estava ele, me encarando como se eu fosse o centro do universo dele naquele momento. E de certa forma, eu sabia que era. Toda vez que eu o provocava, sentia o poder que tinha sobre ele. Mas essa mesma sensação também me assustava.

  – Se você continuar com essa cara, vai acabar furando o chão de tanto andar — A voz dele veio baixa e provocativa, interrompendo meus pensamentos.

Me virei devagar, mantendo o controle, mesmo que meu coração estivesse acelerado. O sorriso surgiu no meu rosto de forma automática, mas por dentro eu sentia uma leve tensão. Eu queria brincar com ele, mas ao mesmo tempo, parte de mim queria sair correndo antes que aquilo fosse longe demais.

  – E se eu estiver esperando por alguém? — Perguntei, inclinando levemente a cabeça.

Jonathan me encarava com uma intensidade que fazia cada fibra do meu corpo reagir. Ele se aproximou, encurtando a distância entre nós, e eu senti o ar ficar pesado.

  – Você deveria esperar sentada então

Ele respondeu, mas a voz dele não era mais de quem queria se manter distante. Ele estava perto, demais, e eu sentia minha resistência começar a se desfazer.

Dei um passo à frente, encurtando ainda mais a distância, mas uma parte de mim já estava se preparando para recuar.

  – Talvez quem eu estou esperando esteja mais perto do que você imagina, Calleri —Provoquei, tentando manter o controle da situação.

Ele ficou quieto por um momento, me encarando como se estivesse tentando entender até onde eu iria. E naquele instante, percebi que estava brincando com fogo de verdade. Meu corpo inteiro gritava para eu continuar, mas algo dentro de mim me puxava para trás.

  – Você está caçando problemas — Jonathan murmurou, a voz rouca e cheia de tensão.

Senti o calor subir pelo meu corpo, e um sorriso teimoso apareceu nos meus lábios.

  – Talvez eu goste de problemas

Respondi, mas dessa vez, dei um pequeno passo para trás. Era sutil, mas era o suficiente para criar um pouco de espaço entre nós, mesmo que eu soubesse que ele tinha notado.

O olhar dele escureceu por um segundo, como se ele estivesse decidido a não me deixar escapar dessa vez.

Jonathan

Cecília estava ali, parada à minha frente, e tudo nela me chamava. Cada movimento que fazia, o jeito que sorria, o olhar provocante que lançava — tudo era calculado para me deixar mais perto do limite. Eu sabia que ela estava jogando comigo, mas, ao mesmo tempo, havia algo que a segurava.

  – Talvez eu goste de problemas

Ela respondeu, o sorriso travesso brincando nos lábios, mas eu percebi o recuo nos olhos dela.

Decidi testar a situação. Me aproximei um pouco mais, levantando a mão lentamente, meus dedos roçando de leve o braço dela. Era um toque simples, quase inocente, mas o suficiente para ver como ela reagiria.

Assim que minha pele encostou na dela, vi a tensão crescer em seus ombros. Ela ficou imóvel por um segundo, como se estivesse dividida entre ficar e fugir, mas então, recuou.

  – Não faz isso, Calleri — Cecília disse, baixando os olhos e dando um passo para trás, como se o toque tivesse sido um gatilho.

Eu fiquei parado, a mão suspensa no ar, tentando entender. Cecília não era fácil de ler. Ela provocava, desafiava, mas o toque, a proximidade física, sempre parecia ser o limite dela. Aquele olhar travesso desaparecia no segundo em que as coisas ficavam mais reais.

  – Você está fugindo — Falei, minha voz carregada de frustração, mas tentei manter a calma.

Ela ergueu os olhos para mim, uma mistura de culpa e teimosia.

  – Não estou fugindo — Insistiu, mas o corpo dela contava outra história. Ela já estava a um passo de distância de mim, e eu podia ver que ela estava lutando contra o impulso de dar mais um.

  – Está, sim — Dei mais um passo à frente, ignorando o espaço que ela tentava criar. — Toda vez que a gente chega perto disso, você se afasta.

Ela mordiscou o lábio, o olhar perdido por um segundo, como se estivesse avaliando o que eu tinha acabado de dizer. Mas, em vez de responder, ela soltou uma risada nervosa e deu mais um passo para trás, criando um abismo entre nós.

  – Acho que você está vendo coisas, Calleri. — Ela se virou, pronta para sair, deixando claro que não ia continuar com isso.

Eu sabia que não podia forçar. Cecília era um desafio constante, e eu já tinha aprendido que, com ela, se eu tentasse ir rápido demais, ela escaparia de vez. O jogo estava em saber até onde ela estava disposta a ir antes de fugir.

– Quando você parar de fugir, me avisa — Falei, a voz baixa, mas clara o suficiente para que ela ouvisse.

Ela não olhou para trás, apenas levantou a mão em um aceno descompromissado enquanto se afastava pelos corredores, os passos rápidos ecoando nas paredes do CT. Cecília podia fugir do toque, mas a tensão entre nós continuava crescendo a cada encontro.


Oi e tchau. Espero que entendam a Cecília. Vão querer xingar ela? Sim, mas por favor, sejam mais compreensíveis.

Espero que tenham gostado, votem e comentem

Morena Tropicana | Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora