020 | Cheque mate

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Cecília

Eu olhava para o meu celular, as mãos tremendo ligeiramente enquanto lia a mensagem do Jonathan.

"Nos vemos hoje à noite?"

A simplicidade da pergunta escondia a tensão crescente entre nós. Desde aquela discussão, parecia que algo havia mudado. Decidimos continuar nos vendo, mas de forma escondida. Meu pai jamais poderia descobrir. Ele já estava ficando paranoico demais com essa história de me proteger, e saber que eu estava me envolvendo com alguém, principalmente Jonathan, só pioraria as coisas.

Suspirei, respondendo rapidamente, marcando de encontrar com ele depois do treino. Havia algo sobre Jonathan que me fazia querer mais, mesmo que meu medo me travasse em alguns momentos. Eu gostava de estar com ele, de como ele me fazia sentir viva, desejada. Mas o compromisso... isso ainda era algo que eu não sabia lidar.

  – Tudo bem? — Ludmila perguntou, ao me ver inquieta. Estávamos tomando café na cozinha, e a cada notificação no meu celular, eu sentia uma pontada de nervosismo.

  – Sim, só... algumas coisas da faculdade — menti, tentando manter a calma.

Ela levantou a sobrancelha, mas não insistiu. Era mais fácil mentir para Ludmila do que confrontar meus próprios sentimentos. Eu sabia que ela já desconfiava que algo estava acontecendo, mas preferia evitar perguntas diretas. E, claro, meu pai não podia saber de nada.

Depois do café, subi para o meu quarto, trocando de roupa para o encontro com Jonathan. Escolhi algo casual, mas que sabia que chamaria a atenção dele. Eu me olhei no espelho, respirando fundo. Estava me envolvendo mais com ele, e, apesar da conexão que sentia, ainda havia algo me prendendo, uma barreira que eu não sabia como derrubar.

Quando finalmente saí de casa, Ludmila me lançou um olhar curioso, mas não disse nada. Meus passos eram rápidos, ansiosos. Eu sabia que ele já estava me esperando. E quando finalmente o encontrei, parado perto da entrada do CT, o coração bateu mais rápido. Jonathan tinha essa presença, esse magnetismo que era difícil de ignorar.

Ele sorriu ao me ver, aquele sorriso preguiçoso e cheio de intenções. Me aproximei devagar, tentando controlar a onda de sentimentos que me atingia toda vez que estávamos no mesmo lugar.

  – Achei que não vinha — ele brincou, com a voz rouca.

Eu revirei os olhos, dando um leve empurrão em seu ombro.

  – Você anda muito convencido, Jonathan — murmurei, tentando esconder a tensão.

  – E você gosta disso — ele respondeu, o tom provocante.

Tentei não sorrir, mas falhei miseravelmente. Havia uma leveza entre nós quando estávamos juntos, uma química inegável que fazia com que tudo parecesse mais fácil. Mas, ao mesmo tempo, havia a barreira invisível que eu erguia, tentando manter as coisas... simples.

Jonathan me puxou para perto, sem muita cerimônia, e antes que eu pudesse protestar, seus lábios tocaram os meus. O beijo foi lento no começo, mas rapidamente ganhou intensidade. As mãos dele desceram pelas minhas costas, pressionando-me contra seu corpo, e eu senti o calor subir, deixando de lado, por um momento, todas as preocupações.

Mas quando ele afastou o rosto, seus olhos encontraram os meus com uma seriedade que me desarmou.

  – O que somos, Cecília? — A pergunta veio de forma direta, sem rodeios. De novo isso?

Eu engoli em seco, o coração acelerado. Eu sabia que essa pergunta viria, mas nunca sabia como respondê-la. O que nós éramos? Por mais que o desejo entre nós fosse inegável, eu ainda não conseguia dar a ele o que ele queria.

  – A gente está se divertindo, Jonathan — murmurei, desviando o olhar.

Ele me encarou por um momento, a mandíbula tensa. Eu sabia que essa resposta não o satisfazia, mas era tudo o que eu conseguia dar no momento.

  – Eu quero mais que isso — ele disse, a voz grave.

Meu coração disparou com aquelas palavras. Mais. Ele queria mais. Mas eu... eu não sabia se estava pronta para oferecer.


Jonathan

Eu a encarava, esperando por uma resposta que talvez nunca viesse. Cecília estava sempre fugindo, sempre se esquivando quando o assunto era nós dois. E, por mais que eu tentasse respeitar seu espaço, estava cada vez mais difícil ignorar o que eu sentia.

  – Jonathan... — ela começou, mas eu a cortei.

  – Não me venha com desculpas, Cecília. Eu sei que você sente o que eu sinto. Então por que está fugindo? — perguntei, com uma intensidade que me surpreendeu.

Ela mordeu o lábio inferior, hesitante. Eu podia ver a batalha interna dela, o medo estampado em seus olhos. Ela queria mais, mas ao mesmo tempo, parecia apavorada com a ideia.

  – Eu não posso te dar o que você quer — ela disse, a voz baixa, quase um sussurro.

Senti uma onda de frustração me atingir. Eu me afastei, passando a mão pelos cabelos, tentando manter a calma.

  – Por que não? — A pergunta escapou antes que eu pudesse evitar. É sempre a mesma desculpa

Ela desviou o olhar, evitando meus olhos. Havia algo nela, algo que eu ainda não compreendia, que a fazia se afastar sempre que chegávamos perto de algo real. E isso estava começando a me desgastar.

  – Eu não sei, Jonathan. Eu só... não consigo — ela admitiu, e eu pude ver a dor em seu rosto.

  –  Eu quero que a gente continue se vendo. — Falei devagar, quase saboreando as palavras que saíam da minha boca. — Quero isso mais do que qualquer outra coisa. Nunca quis algo assim antes.

Ela me olhou com um misto de confusão e expectativa. O silêncio entre nós se esticou por alguns segundos até eu reunir coragem pra continuar.

  – Eu sei que você tem medo, sei que tudo isso é complicado, mas... eu faria de tudo pra ter você, Cecília. Se isso significa manter tudo em segredo, escondido do seu pai, então que seja. — Me aproximei um pouco mais dela, meus olhos fixos nos seus. — Eu só preciso de você. Mesmo que seja assim.

Eu podia ver o conflito interno dela nos olhos, a hesitação em sua expressão. Ela respirou fundo, desviando o olhar por um segundo, como se estivesse buscando coragem para responder. Meu coração estava acelerado, batendo com força, enquanto eu esperava.

Finalmente, ela olhou pra mim de novo. Seus olhos eram uma mistura de nervosismo e desejo, como se estivesse prestes a pular de um penhasco e não soubesse o que a esperava do outro lado.

  – Tudo bem... — Ela murmurou, quase inaudível, mas suficiente para me fazer entender. — Vamos manter assim. Por enquanto.

Meu corpo relaxou com o alívio que percorreu minhas veias. Não era o que eu queria de verdade — eu queria mais, queria ela por completo — mas sabia que tinha que aceitar. O importante é que ela estava disposta a continuar, e isso já era uma vitória.

Ela respirou fundo de novo, seus olhos ainda presos nos meus, como se estivesse se preparando para o que estava por vir.

  – Mas não vá pensando que eu vou ceder tão fácil... — ela brincou, tentando quebrar a tensão, mas eu podia sentir a intensidade por trás de suas palavras.

Eu ri baixo, balançando a cabeça.

  – Não espero que seja fácil, Cecília. Mas eu sou paciente.


Eai, ficada escondida funciona? Me desculpem por nao ter postado outros dias e hoje mais cedo!

Morena Tropicana | Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora