021 | Para de ser assim

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Cecília

Eu sentia que estava me envolvendo mais do que deveria. O que começou como algo sem compromisso estava se tornando maior, e isso me assustava. Jonathan era intenso, carinhoso, e me fazia sentir coisas que eu achava que tinha enterrado. Mas com esses sentimentos vinham também os medos. Medo de me machucar de novo, medo de abrir mão do controle e, acima de tudo, medo de não ser capaz de corresponder ao que ele queria, ou acabar machucando ele com a minha insegurança.

Por isso, comecei a me afastar. Sutilmente, aos poucos. Dava desculpas para não vê-lo tanto quanto antes, mantinha as conversas mais leves e evitava qualquer assunto mais profundo. Mas Jonathan era esperto. Ele estava começando a perceber, e eu sabia que não poderia manter esse jogo por muito tempo.

Hoje à noite, ele havia insistido para que nos encontrássemos. Estava claro que ele tinha algo em mente, talvez alguma pergunta que eu não queria responder. Mas, como sempre, não consegui dizer não.

Estávamos sentados no sofá, em silêncio, o clima entre nós pesado. Jonathan me observava com uma intensidade que me deixava nervosa. Sabia que ele ia falar alguma coisa a qualquer momento, e eu não estava pronta para isso.

  – Cecília — ele finalmente disse, sua voz suave, mas séria. — O que está acontecendo com você?

Minha respiração parou por um segundo. Eu sabia que esse momento chegaria. Ele me conhecia bem demais para deixar passar algo assim. Tentei desviar o olhar, mas ele não permitiu, colocando a mão no meu braço, me fazendo encará-lo.

  – Nada. — Minha resposta foi automática, mas sabia que ele não aceitaria.

Jonathan suspirou, frustrado, mas manteve o tom calmo.

  – Não minta pra mim. Você está se afastando, eu posso sentir. Toda vez que a gente começa a ficar mais próximos, você dá um passo atrás. O que tá acontecendo?

Eu sentia meu coração disparar no peito. As palavras dele eram verdadeiras, e era exatamente isso que eu estava tentando evitar. Engoli em seco, tentando encontrar a coragem para ser honesta.

  – Eu... eu não sei. — Suspirei, desviando o olhar. — Isso tudo é muito pra mim, Jonathan. Eu tenho medo de me machucar de novo. Medo de você querer algo que eu não posso te dar. Eu tenho medo de te machucar

Ele franziu a testa, confuso.

  – O que você acha que eu quero que você não pode me dar?

Senti a pressão no meu peito aumentar. Essa era a parte mais difícil. O que ele queria era claro: compromisso. Mas eu não sabia se podia dar isso a ele. Não depois do que tinha acontecido no passado.

  – Eu não sei se consigo te dar mais do que isso que a gente tem agora — falei, sentindo as palavras saírem com dificuldade. — Eu gosto de você, Jonathan. Muito. Mas... me envolver de verdade, abrir meu coração pra alguém de novo... eu não sei se posso fazer isso.

Jonathan

As palavras dela me atingiram em cheio. Eu sabia que Cecília tinha seus medos, mas ouvir isso em voz alta, ouvir que ela não sabia se podia me dar o que eu queria... doeu. Mas eu não podia culpá-la. Eu sabia que ela tinha um passado complicado, que carregava cicatrizes que não eram fáceis de apagar. Mesmo assim, o medo dela de se comprometer estava começando a me frustrar. Eu não podia continuar fingindo que estava tudo bem com o pouco que ela me dava.

  – Cecília, eu não estou te pedindo para se jogar de cabeça nisso sem pensar. Mas a gente não pode continuar assim pra sempre. — Olhei nos olhos dela, buscando alguma reação. — Eu quero algo mais com você. Algo real.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio, o que sempre fazia quando estava nervosa.

  – Eu sei, Jonathan... Mas é que... Eu tenho medo. Eu não quero te decepcionar, não quero te fazer esperar por algo que talvez eu não consiga dar.

Eu me aproximei, tentando ser o mais compreensivo possível, apesar da frustração que crescia dentro de mim.

  – O que você tem medo de, exatamente? — perguntei, suavemente. — Do que você acha que vai acontecer se a gente se envolver de verdade?

Ela respirou fundo, lutando com as palavras.

  – Medo de... ser enganada de novo. De me machucar. Ou de te machucar — A voz dela saiu fraca, quase como um sussurro.

Eu senti meu coração apertar. Aquele "de novo" me atingiu. Claro, eu já tinha imaginado que o passado dela a influenciava, mas não sabia que era tão profundo.

  – Eu não sou como ele — eu disse, tentando manter minha voz firme, mas suave. — Eu não vou te machucar, Cecília.

Ela finalmente me olhou nos olhos, e eu podia ver a confusão e o medo neles. Ela queria acreditar em mim, mas algo a estava segurando.

  – E se você não for? — ela perguntou, a voz embargada. — E se tudo isso for só temporário e, no fim, eu acabar me machucando de novo?

Eu a puxei para mais perto, colocando uma mão no rosto dela, fazendo-a me encarar de verdade.

  – A gente não tem como saber o futuro — falei, olhando diretamente nos olhos dela. — Mas se a gente não tentar, nunca vai saber o que poderia ter sido. E eu estou disposto a arriscar. Por você.

Ela respirou fundo, ainda parecendo insegura, mas não se afastou dessa vez.

  – Eu só preciso de tempo — ela fala quase que implorando. — Eu não estou pronta pra me jogar de cabeça.

Assenti, aceitando.

  – Eu vou te dar o tempo que você precisa. Só não me afasta. Por favor — Suplico




Olá olá, esse capítulo era pra ter saído ontem, mas não terminei a tempo.

Cecília é assim, por causa de tudo o que aconteceu, mas ela faz terapia , só tem medo mesmo, mas juro que eles vão dar certo, eu juro!

Morena Tropicana | Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora