026 | Fofos

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Jonathan

Cecília e eu estávamos finalmente em uma fase diferente. Depois de tudo o que passamos, conseguimos encontrar uma forma de continuar, mas dessa vez com mais clareza. Sabíamos o que queríamos, e mesmo que as inseguranças ainda estivessem lá, ao menos estávamos dispostos a enfrentá-las.

Tínhamos combinado de ser mais abertos um com o outro. Nos últimos dias, cada conversa que tínhamos parecia ser um passo adiante. Ela me falava dos medos que a atormentavam, sobre se sentir presa entre o desejo de se entregar e o receio de repetir erros do passado. Eu tentava ser o mais sincero possível, explicando que não estava com pressa, mas que precisava de mais comprometimento dela.

Mesmo assim, ainda tínhamos um obstáculo: manter tudo em segredo, especialmente por causa do pai dela, o Zubeldía. Sabíamos que ele não reagiria bem. Talvez ele nunca aceitasse que eu estava me envolvendo com a filha dele, o que nos forçava a ser discretos. Cada encontro, cada momento juntos, precisava ser meticulosamente planejado para que ninguém suspeitasse.

Estávamos na casa dela, o ambiente tranquilo. Cecília se sentava no sofá, as pernas dobradas, com um olhar pensativo no rosto. Sabia que algo estava passando pela cabeça dela, e eu podia imaginar o que era.

  – Você ainda acha que estamos fazendo certo? — ela perguntou, sem me encarar diretamente, mexendo nos fios do cabelo distraída.

Eu suspirei, me aproximando e sentando ao lado dela. Toquei sua mão de leve, tentando trazer algum conforto.

  – Acho que sim. Quero dizer, estamos indo devagar, conversando, e finalmente sendo sinceros. Não é o ideal ter que esconder tudo, mas... — hesitei por um momento, escolhendo as palavras. — Não sei como o seu pai reagiria, e não quero te colocar numa situação ruim.

Ela soltou um riso nervoso, balançando a cabeça.

  – Meu pai é complicado, Jonathan. Ele quer sempre ter o controle, e qualquer coisa que eu faça que ele não aprove, vai virar um problema. Eu só... não quero que isso caia sobre nós. Não de novo.

Eu sabia que o "de novo" era em referência ao que ela passou antes, com Gabriel. Ela já tinha me contado sobre como foi difícil, e agora eu entendia melhor o porquê de tantas barreiras entre nós.

  – Eu entendo — falei, apertando a mão dela com mais firmeza. — Mas não precisa ter medo de mim, Cecília. Eu não sou ele. Não vou te machucar ou te trair desse jeito. Só quero que a gente dê certo.

Ela finalmente olhou para mim, os olhos brilhando com algo que parecia uma mistura de alívio e incerteza. Era como se estivesse lutando contra ela mesma, querendo confiar mas ainda temendo.

  Ż Eu só... estou com medo, Jonathan — ela admitiu, a voz baixa. — Medo de me perder nisso de novo. De me apegar e depois...

  – Não vai ser assim — interrompi, sem hesitar. — Não com a gente. Se vamos recomeçar, vai ser de um jeito diferente, mais maduro. A gente vai conversar, ser honesto. E quando chegar a hora certa, a gente lida com o seu pai. Juntos.

Ela assentiu lentamente, parecendo absorver minhas palavras. Havia algo de diferente no olhar dela, como se finalmente estivesse aceitando o que eu vinha dizendo. Sabia que não seria fácil, mas dessa vez, estávamos lidando com nossos medos de frente.

  – Tudo bem — Cecília disse, com uma respiração profunda. — Vamos fazer isso. Mas com calma, sem pressão.

  – Sempre — respondi, sorrindo de leve, antes de me inclinar e beijar sua testa.

Era o começo de uma nova fase entre nós, mais consciente, mais madura. Agora, o desafio seria manter isso em segredo por mais tempo, mas pelo menos, estávamos mais conectados do que nunca.

Cecília

Eu estava sentada ao lado do Jonathan no sofá, o silêncio confortável se transformando em algo mais elétrico a cada segundo. A casa estava completamente vazia, e aquele raro momento de paz nos envolvia de uma maneira que fazia meu corpo inteiro vibrar de antecipação.

Nossos olhares se encontraram e, antes que eu pudesse pensar demais, me inclinei em direção a ele. Nossas bocas se encontraram em um beijo intenso, cheio de desejo e daquela tensão acumulada que a gente carregava há tanto tempo. Jonathan me puxou para mais perto, as mãos passeando pelas minhas costas, me fazendo perder o fôlego a cada segundo.

As coisas rapidamente começaram a esquentar, e eu me entregava cada vez mais àquele momento. As mãos dele exploravam meu corpo com a mesma urgência com que eu o beijava, e o mundo ao redor parecia desaparecer.

Até que escutamos o som da porta da frente abrindo.

Meu coração disparou de um jeito diferente, em puro pânico. Eu me afastei bruscamente, o olhar do Jonathan se cruzando com o meu, ambos entendendo o que estava acontecendo. Era o meu pai.

  – Vai pro meu quarto, agora! — sussurrei apressada, empurrando ele de leve para se levantar.

Jonathan hesitou por um segundo, mas o som dos passos no corredor o fez se mover rapidamente. Ele saiu praticamente correndo em direção ao meu quarto, desaparecendo pela porta antes que meu pai pudesse nos ver.

Eu me endireitei no sofá, tentando desesperadamente arrumar o cabelo e me acalmar. Meu coração ainda batia forte por causa do beijo e agora, pelo susto. Quando meu pai entrou na sala, eu estava sentada, tentando parecer o mais casual possível, mas eu sabia que estava meio desajeitada.

  – Oi, filha — ele disse, me observando com uma sobrancelha arqueada. — Tudo bem com você?

Eu forcei um sorriso e tentei soar o mais tranquila possível, mas sabia que meu nervosismo estava estampado no rosto.

  – Tudo sim, pai — respondi, evitando seu olhar. — Só... relaxando um pouco.

Ele me encarou por alguns segundos, como se estivesse tentando ler algo no meu comportamento, e eu senti uma gota de suor frio escorrer pela minha nuca. Ele se aproximou um pouco mais, ainda desconfiado.

  – Tem certeza? Você tá parecendo meio... esquisita — ele comentou, com uma leve suspeita na voz.

  – Tô, tô ótima! — falei, rindo de nervoso e me mexendo no sofá como se tentasse achar uma posição mais confortável. — Só cansada. Tive um dia longo.

Eu rezava para que ele não percebesse o quanto eu estava escondendo, e torcia ainda mais para que Jonathan não fizesse barulho no meu quarto.



Oi, desculpem a demora

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⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

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Morena Tropicana | Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora