017 | Um pouquinho de caos

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Cecília

Ele pareceu congelar por um segundo, o olhar sério suavizando, como se não esperasse que eu dissesse aquilo. Mas logo a expressão dele voltou a ficar tensa.

  – Se você tá se apaixonando por mim, Cecília, então por que você continua se afastando? — Ele se inclinou um pouco para frente, os olhos fixos nos meus. — Por que você continua dizendo que precisa de espaço?

Eu respirei fundo, sentindo o peso das palavras que precisava dizer. Eu queria desesperadamente que as coisas fossem simples, que eu pudesse só me jogar nos braços dele e esquecer o mundo, mas não era assim que funcionava.

  – Porque eu não me sinto segura — admiti, com a voz baixa. — Eu gosto de você, Jonathan, muito mesmo. Mas... não posso te dar o que você quer agora.

Ele franziu a testa, claramente confuso e frustrado.

  – O que isso quer dizer, Cecília? O que eu quero não é complicado. Eu só quero... mais. Eu quero que a gente seja mais que isso, mais do que esses encontros casuais, essas incertezas. Eu quero que você confie em mim.

Minha garganta apertou. Eu sabia que ele estava certo em querer mais, mas o medo de me machucar de novo era grande demais. Lembranças de relacionamentos passados, de mentiras e decepções, me invadiram como um vendaval. Não era Jonathan o problema. Era eu.

  – Jonathan, eu não sei se consigo. Eu... já passei por isso antes e... — Minha voz falhou, e eu desviei o olhar, incapaz de continuar.

  – Isso é por causa do que aconteceu com o Gabriel, não é? — A pergunta dele foi como um soco. Eu o olhei, surpresa, e ele suspirou, percebendo que havia tocado num ponto delicado. — Eu percebi, Cecília. Toda vez que a gente se aproxima, você lembra de alguma coisa que ele fez, e se afasta.

Como ele sabe? Quando nos envolvemos, ele ainda não tinha voltado definitivo pro Brasil.

  – Não é só sobre o Gabriel! — explodi, sem conseguir me conter. — Eu... é sobre mim também! Eu não consigo mais me jogar de cabeça em algo assim. Eu perdi essa confiança!

Jonathan me olhava, o rosto endurecendo.

  – E eu tô pagando por isso? Por algo que ele fez? — A voz dele era baixa, mas havia raiva ali. — Você disse que tá se apaixonando por mim, mas o que isso significa se você não consegue nem tentar?

  – Eu tô tentando, Jonathan! — retruquei, sentindo as lágrimas começarem a se formar. — Você acha que é fácil pra mim? Todo dia é uma batalha interna. Eu tô aqui, não tô? Mas não posso dar mais do que isso agora.

Ele passou as mãos pelo cabelo, frustrado.

  – Não é suficiente pra mim, Cecília. Eu não quero ficar numa relação onde eu tô sempre esperando você se decidir. Isso me desgasta.

Aquelas palavras perfuraram como lâminas. Eu queria ser o que ele precisava, mas ao mesmo tempo, sabia que não estava pronta. O medo de me machucar novamente era maior do que o desejo de me entregar de verdade.

  – Então o que você quer que eu faça? — perguntei, minha voz um sussurro. — Eu não posso mudar o que sinto.

Jonathan me olhou por um longo momento, os olhos intensos, e suspirou, resignado.

  – Eu só queria que você me desse uma chance. Uma chance de te mostrar que eu sou diferente. Que eu não vou te machucar como ele fez.

  – Eu sei que você não é como ele, Jonathan. Mas isso não muda o fato de que eu... não posso te dar o que você quer agora. Eu não posso me comprometer assim.

O silêncio caiu entre nós como um muro. Eu vi a dor nos olhos dele, e isso me destruiu por dentro. Eu sabia que ele merecia mais, e isso só fazia o peso na minha consciência aumentar.

  – Certo. — Ele se levantou, esfregando o rosto como se tentasse clarear os pensamentos. — Se é isso que você quer, se é só isso que você pode me dar agora... então eu vou tentar respeitar.

  – Jonathan... — tentei chamá-lo, mas ele ergueu a mão, me silenciando.

  – Mas, Cecília, eu não posso prometer que vou esperar pra sempre.

Eu senti o estômago revirar com aquelas palavras. O medo de perder Jonathan agora se misturava ao medo de me entregar demais. Eu queria segurá-lo, queria dizer que estava pronta, mas as palavras não saíam. E no fundo, eu sabia que ele tinha razão.

Ele deu um passo para trás, olhando para mim uma última vez antes de se virar e subir para o quarto.

Quando a porta se fechou, eu me afundei no sofá, sentindo o peso das emoções me esmagar. Eu sabia que estava magoando Jonathan, mas não sabia como não me proteger.

O som da porta se fechando ecoava na minha cabeça, e eu sabia que a distância entre nós só aumentaria a partir dali.

Mesma regra do outro capítulo, se Calleri fazer gol ou se sp vencer. Minha unha quebrou enquanto eu escrevia esse capítulo, um minuto de silêncio.

Cecília, eu te entendo viu. Mas espero que tenham gostado. Votem e comentem

Morena Tropicana | Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora