015 | Como sempre, fugindo

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Jonathan

Eu podia sentir. A cada encontro, a cada toque, havia algo diferente entre nós. Quando eu e Cecília ficávamos juntos, parecia que o tempo parava, principalmente depois de ontem. Mas sempre que chegávamos a um ponto mais sério, ela dava um passo para trás. Era sutil, quase imperceptível para qualquer outra pessoa, mas eu começava a perceber.

Hoje, enquanto estava no vestiário, revivia nossa última manhã juntos. Os beijos intensos, os toques, tudo estava indo tão bem hoje... até que, de repente, ela se afastou. Não era só físico, era emocional. Cecília sempre dava um jeito de se distanciar. Eu tentava entender o motivo, mas não queria forçar nada. Não queria assustar ela, mas essa fuga constante estava começando a me frustrar.

Passei a mão pelos cabelos, jogando o peso do corpo para trás no banco do vestiário. "Por que ela faz isso?" Pensei pela milésima vez. Eu não queria pressionar a Cecília, não era o tipo de cara que forçava a barra. Mas a gente tinha algo, eu sabia que tinha, e não podia continuar fingindo que estava tudo bem quando ela continuava fugindo de qualquer sinal de compromisso.

Cecília tinha aquele jeito solto, livre, sempre querendo controlar a própria vida. E talvez isso explicasse sua resistência a algo mais sério, mas ao mesmo tempo, eu sabia que o que tínhamos não era casual. Podia sentir isso nos nossos momentos juntos, nos beijos que nunca eram suficientes, nos olhares que trocávamos quando ninguém estava por perto.

Mas sempre que parecia que estávamos prestes a ter uma conversa mais séria, ela mudava o rumo, desviava de qualquer coisa que pudesse parecer um rótulo ou um compromisso. E hoje, isso estava me incomodando mais do que nunca.

  – Ei, Calleri! — Luciano chamou da porta do vestiário, me tirando dos meus pensamentos. — Tudo certo? Você tá meio aéreo ultimamente.

Levantei a cabeça e dei de ombros, tentando parecer despreocupado.

  – Só cansado do jogo — menti, sabendo que ele não ia comprar essa tão fácil.

Luciano estreitou os olhos, cruzando os braços, claramente desconfiado.

  – Será que é só do jogo mesmo? Ou tem a ver com uma certa pessoa que anda frequentando muito o CT ultimamente?

Soltei uma risada curta, tentando esconder o desconforto que aquela pergunta me causava. Luciano sempre soube ler as pessoas, e ele não era bobo.

  – Ela é complicada, cara — soltei, meio sem querer. — A gente tá bem, mas sempre que parece que vai ser algo mais, ela foge.

Luciano riu, como se já soubesse de tudo.

  – E você tá com paciência pra isso? Porque pelo que eu vejo, você já tá meio fisgado.

  – Fisgado? — questionei, rindo de leve. — Talvez. Mas não quero forçar nada. Acho que ela precisa de tempo, sei lá.

Ele deu um tapinha no meu ombro, aquele típico gesto de camaradagem.

  – Só não deixa ela te enrolar demais, irmão. Tem gente que foge porque tem medo de se envolver de verdade.

Assenti, embora soubesse que ele estava certo. Cecília me deixava confuso, e por mais que eu tentasse ser paciente, não podia negar que a frustração crescia a cada vez que ela se afastava.


Cecília

Eu sabia que estava fugindo. Era claro, até para mim, que sempre que Jonathan e eu nos aproximávamos demais, algo dentro de mim acendia um alerta. Não que eu não gostasse dele, muito pelo contrário. Jonathan me fazia sentir coisas que eu nem sabia que era capaz de sentir, mas ao mesmo tempo, a ideia de me comprometer com ele me assustava.

O problema não era ele. O problema era a minha vontade de manter tudo no controle. Já tinha passado por muita coisa, e deixar alguém entrar de verdade na minha vida, me conhecendo completamente, era algo que eu ainda não estava pronta para fazer. Principalmente escondido do meu pai, e ainda mais com ele sendo famoso. Eu não quero a mídia sendo invasiva na minha vida, não de novo.

Hoje, eu estava no CT para visitar meu pai, e ao mesmo tempo, sabia que veria Jonathan por lá. O engraçado é que, mesmo com toda essa confusão na minha cabeça, eu sentia falta dele. Sentia falta do jeito que ele me olhava, como se eu fosse a única pessoa naquele momento que importava. Era um olhar que me deixava sem ar, mas que também me fazia querer correr.

Eu sabia que ele estava começando a perceber essa minha fuga. Era visível em sua expressão toda vez que eu desviava de um assunto mais sério, quando ele tentava se aproximar de maneiras que eu não estava pronta para aceitar. E aquilo me fazia sentir mal, mas eu não sabia como mudar.

Quando entrei nos corredores do CT, lá estava ele. Jonathan, de costas para mim, conversando com alguns dos colegas de time. Por um segundo, pensei em passar direto, fingir que não o vi. Mas sabia que ele me veria. E, de certa forma, eu queria que ele visse.

Ao me aproximar, nossos olhares se encontraram. Jonathan parou a conversa, olhando diretamente para mim, e aquele frio familiar subiu pela minha espinha. O problema é que, quanto mais eu queria me afastar, mais eu sentia vontade de ficar perto dele.

  – Oi, Ceci — ele disse, com aquele sorriso de canto que sempre me deixava nervosa.

Eu sorri de volta, tentando parecer tranquila, mas sabia que ele não ia cair nessa.

  – E aí, Calleri, tudo bem? — respondi, tentando manter o tom leve.

Ele deu alguns passos em minha direção, e quando percebi, estávamos próximos demais. Sua presença me envolvia de um jeito que me deixava sem defesas, e eu sabia que, se continuasse assim, uma hora ou outra ele ia exigir respostas.

Eu só não sabia se estava pronta para dar essa resposta.




Bom, ja que não querem que coloque uma ex vilã. Fiz algumas mudanças no planejamento, então possivelmente vão sentir mudanças no comportamento da Cecília.

Enfim, espero que tenham gostado, votem e comentem ♡

Morena Tropicana | Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora