Lavínia é uma menina nada afetuosa que também não recebe afeto nenhum dos pais. Ela faz de tudo pra se sentir importante, se sentir alguém e nem sempre são coisas boas.
André é um anjinho, só mais um dos 7 filhos de uma família numerosa.
No f...
Era mais um dia em algum lugar no mês de março, Lavínia não fazia tanta questão assim de saber.
A última semana tinha sido péssima, Flora passou o recreio todo tagarelando com Lucas, um dos meninos da turma, e agora, sentada ali, ela chegou a conclusão de que fingir que não se importava não ajudava muito.
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Olhou ao redor, Flora estava uma carteira atrás dela, batendo um papo longo e profundo com o garoto ruivinho e chato dela. Não era como se tivessem brigado, mas agora parecia que uma fenda havia sido aberta entre elas.
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De um lado: A melhor amiga
E do outro: Um crush ruivo e cavalheiro.
E estava bem claro para Lavínia a qual lado Flora estava se dedicando.
_ Bem crianças_ A professora Pilar interrompeu seus devaneios- Hoje eu vou passar o trabalho bimestral de ciências e... tcharam!
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Lavínia revirou os olhos, Pilar era ridícula tentando parecer divertida.
_ As duplas vão ser sorteadas!- ela disse, chacoalhando uma caixa de papelão cheia de papeizinhos.
Os estomago de Lavínia embrulhou.
A última coisa que queria agora eram interações sociais. Se sentia o ser humano mais incompreendido do mundo.
Uma vontade repentina de vestir-se toda de preto e se trancar num quarto ouvindo Lana Del Rey tomou-a por completo.
_ Muito bem..._ Pilar pegou um papel dentro da caixa- Lavínia!
Todos na sala soltaram exclamações.
_ Eu que não quero ficar com ela, professora!- Manu gritou.
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- Manu, querida, por favor, sente-se. Bem, vejamos... André! Olha só, os alunos modelo da sala reunidos para um trabalho juntos, isso vai ser TOP! É assim que vocês dizem, né?
Lavínia viu o garoto se encolher e esconder o rosto entre os braços do outro lado da sala.
Ótimo, obrigada Deus! Ele estava caprichando essa semana.
Quando o sino tocou todos os alunos se aglomeraram na porta. Lavínia tentou se espremer entre eles para escapar dali.
A ideia de não fazer aquele trabalho parecia tentadora. Afinal eram dois pontos apenas.
Ah, mas ficar com 7 de média seria horrível. Jamais seria aceita na faculdade de Carvard com uma nota dessas, e então a única coisa que a sustentava seria tirada dela e...
_Lavínia- a menina ouviu uma voz chamá-la.
Ela virou-se.
_ Oi? Ah, você- ela encarou os olhos de André nos seus_... olha eu não tô com cabeça pra isso agora. Me deixa em paz.
O menino cruzou os braços.
_ Eu já te deixei em paz por 3 anos, não é o suficiente?
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Não foi bem o que ele disse, mas como ele disse. Aquela voz doce e carinhosa atravessou como um raio, voz essa que ela não merecia nem sequer ouvir.
Lavínia enrugou o nariz e deu as costas a ele.
Estava cansada dos sentimentos ruins que a transbordavam toda vez que André lhe dirigia a palavra. E estava se acostumando com a ausência deles, mas agora eles pareciam voltar como um tsunami, acertando-a nos pontos mais fracos.
Deu alguns passos, mas foi interrompida pela mão de André segurando seu pulso. Ele a soltou logo em seguida.
_Desculpa.
Lavínia balançou a cabeça de um lado pro outro e segurou a respiração para não chorar.
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_ Tá, amanhã às 17 e meia na cozinha? Vamos acabar com isso logo. E depois disso... Nunca mais.
André molhou os lábios.
_ Sim- ele disse, balançando a cabeça levemente _ Vamos acabar logo com isso.
