1º ano do fundamental- Colégio interno Rosa dos Ventos._______________________________________________
________________________________________________ Foi isso...- Lavínia disse baixinho, sacudindo o pés que mal encostavam no chão.
Lavínia_ 7 anos
O Sr. Albuquerque andou de um lado para o outro da sala alisando a testa._ Ótimo, você foi esperta. O que pensariam de nós se você tivesse contado a verdade?- ele soltou um bufo e virou-se para a esposa- E você ein, qual o seu problema?!
A Sra. Albuquerque levantou. Queria gritar, ela não estava errada, nunca estava, mas ainda estavam na escola, então sair vencendo pela altura da conversa não ia funcionar.
_ Ah, eu só tinha visto que ela tava comendo demais ultimamente e disse que ela ia engordar. E não sei você, Roberto, mas eu não quero uma filha gorda!
_ Você sabia o que podia ter acontecido se ela contasse que a mamãe querida dela é que a levou ao desmaio?! "Minha mãe falou pra mim não comer daí eu quase morri, ebaaaaa!!!"- ele fez voz de falsete-A boa reputação dos Albuquerque estaria desmoronada, Cintia!!!!! PELO AMOR DE DEUS!!!
A porta da diretoria abriu-se de repente.
_ Olá, está tudo bem por aqui?- era Elisa, a inspetora.O Sr. Albuquerque ajeitou o paletó.
_ Oh, sim- ele abriu um sorriso gigante- Claro, só entramos em uma conversa acalorada. Sabe, estou muito preocupado com Lavínia.
_ É, é... os nervos não funcionam direito em horas assim.- Cintia acrescentou.
Lavinia pulou da cadeira.
_ Eu tô com sede!- ela disse e sem mais explicações saiu correndo diretoria a fora.
Procurou André por todos os lados, ela tinha que se explicar. Ah, ela foi uma idiota, mas o que poderia ter feito? Acabado com os seus pais?
Eles já a odiavam, falar a verdade os faria odia-la mais ainda.
_ André!- ela gritou.
Nada dele em qualquer lugar. Até que começou a ouvir uma gritaria vindo da sala da coordenação.
Ficou à espreita e viu sair de lá André e sua família.
_ Espero que isso tenha te dado uma lição- o homem que deveria ser pai do menino disse.
André estava chorando, acariciando as mãos atrás das costas._ Menino mau- a mulher disse levantando o queixo para ir embora.
Lavínia se escondeu atrás da parede até que só sobrasse ela e seu amigo no corredor.
_ André...- ela começou, saindo de trás da parede, mas não conseguiu terminar, o menino estava chorando tanto... tanto...
_ Por favor, só vai embora, Lavínia.
André_6 anos
_ Eu sinto muito, "di" verdade. Desculpa, desculpa, desculpa.- ela implorou.
_ Vai embora!
A menina apertou os lábios e pegou um lenço no bolso de seu vestido.
_ Deixa eu "limpa" seu rosto- ela se aproximou.Mas seu pulso parou no ar. André estava o segurando. Os olhos de Lavínia arregalaram.
_ Suas mãos, André...
A loira notou as mãos vermelhas e arranhadas de André...
_ Você tem que "i" pra enfermaria passar uma pomada e...
_ Não!- ele gritou e tentou se acalmar-Não posso, a enfermeira vai descobrir que o papai que fez isso. Não quero encrencar ele.
Lavínia lembrou do que fez pra não encrencar seus pais e sentiu um mundo inteiro de remorso dentro de si.
Ah, André estava sendo punido por uma coisa que nem fez. Ela mesma deveria ter recebido aquele castigo.
Como ela era babaca.
________________________________________________ Aí!- André gemeu.
_ Calma seu molenga- Lavínia falou, terminando de espalhar a pomada que pegou escondido na enfermaria.- Prontinho! Como se sente?
André olhou para suas mãos e molhou os lábios. As costas curvadas e o nariz vermelho entregaram por completo seu estado de espírito.
Eles dois estavam sentados no chão.
Lavínia sentiu o coração acelerar._ Desculpa André...- pediu, os olhos enchendo de água.
_ Eu... e-eu... por que você fez isso comigo? Você sabe que eu não fiz nada. Eu não te empurrei coisa nenhuma, você é minha amiga. Eu nunca machucaria uma amiga.
_ Eu não posso "conta", André. Eu queria, "mais" não posso.
_ Por que? Só me diz por que? Eu acabei de apanhar por causa da sua mentira. Eu mereço saber.
Lavínia balançou a cabeça de um lado para o outro de leve, a represa de lágrimas acumuladas no seu resto escorrendo como uma cachoeira pelas suas bochechas.
André soltou um suspiro.
_ Eu gostava de você Lavínia.- ele levantou-Mas eu não posso te perdoar.
_ André, por favor. Não me deixa sozinha- ela choramingou, olhando-o de baixo.
Ele então lembrou da garota solitária que ela era hoje mais cedo e estava disposto a mudar aquela situação, mas Lavínia o traiu em menos de 1 dia de amizade.
Não podia simplesmente ignorar aquilo... por mais que quisesse.
_ Tchau, Lavínia- se despediu.
Aquela com certeza foi frase mais difícil que ele teve que dizer nos seus 6 anos de vida.
Virou-se e foi embora.
Deixando para trás um serzinho afundado no chão, atolado em sua própria desgraça
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NOTA DA AUTORA: que leu o nono capítulo pegou a referência 🫰 ksksks
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Lavínia e André: o bom moço e a menina má
FanficLavínia é uma menina nada afetuosa que também não recebe afeto nenhum dos pais. Ela faz de tudo pra se sentir importante, se sentir alguém e nem sempre são coisas boas. André é um anjinho, só mais um dos 7 filhos de uma família numerosa. No f...