Lavínia é uma menina nada afetuosa que também não recebe afeto nenhum dos pais. Ela faz de tudo pra se sentir importante, se sentir alguém e nem sempre são coisas boas.
André é um anjinho, só mais um dos 7 filhos de uma família numerosa.
No f...
_ Meu Deus, André! Você tá fazendo tudo errado- Lavínia tomou a bola de isopor da mão do menino- As listras tem que que ser na horizontal, não na vertical.
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André bufou, cruzou os braços e se jogou na cadeira. As mãos sujas de tinta manchando seu casaco.
_ Faz sozinha então! Senhorita sabe-tudo!
_ Ótimo, já me deixou sozinha ontem, deixar hoje não muda em nada.
_ Olha aqui, você não me deixou explicar! Eu estava orando com…
_ Lá, lá, lá, tra-la-la-la!- Lavínia cantarolou, enquanto tampava os ouvidos com os dedos.
O menino revirou os olhos.
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_ Chata.
_ Insuportável.
_ Patricinha. _ Nerdola de quinta categoria.- a garota rebateu- Aliás, desde quando “patricinha” é uma ofensa? Sim, sou rica, mimada, tenho tudo o que quero. Olha só! Tô tão triste.
André tentou se acalmar, respirou fundo e colocou os braços sobre a mesa.
_ Por favor, se você ao menos me deixasse explicar.
_ Pra que? A gente só se explica pra quem a gente quer ficar de bem. E eu já deixei bem claro que não vamos voltar a ser amigos se é que um dia já fomos…
Resolveu então ficar quieto, não havia nada que pudesse ser feito. Começou a pintar Marte esperando que a qualquer momento Lavínia dissesse que estava fazendo tudo errado.
E ficaram assim, um tempão lado a lado sem trocar uma palavra.
André deixou o pincel grosso de lado e foi pegar um mais fino para fazer os detalhes, mas Lavínia pensou no mesmo.
Suas mãos se tocaram. As bochechas de André começaram a arder.
_ Desculpa- ele disse, tirando sua mão da dela rapidamente.
Lavínia baixou os olhos e encolheu as mãos.
_Você não pareceu se importar com a mão da Anna, na sua.
_ A gente tava orando Lavínia- André relaxou os ombros, aliviado por poder se explicar, - Sabe, o pai da Anna vai retornar para as missões missionárias, ela ficou com medo que eles sumisse de novo como antigamente. Eu só tava querendo ajudar.
_ hmmm- Lavínia curvou o lábio inferior da boca e fez que entendeu com a cabeça.
André riu.
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_ Sabe o que isso me lembra? A gente junto na cozinha? O dia que a gente se conheceu.
A garota passou a língua por dentro da bochecha.
_ Vamo mudar de assunto, que tal?
_ Não Lavinia, eu preciso entender, porque fez aquilo comigo, no final do dia?
_ Porque eu sou má, é isso!_ ela soltou.
Levantou-se trocando uma perna por outra, pegou sua bolsa apedrejada e correu em direção a porta, mas André a segurou pelo pulso. Aquilo já estava virando mania.
_ Você não é má, Lavi.
_ Sou sim! E não me chama de “Lavi”, só a Flora pode me chamar assim.
_Você e Flora nem são tão próximas assim agora.
Ah, aquilo doeu. Não é como se não soubesse, mas ouvir aquilo saindo da boca de alguém foi um choque de realidade.
_ E isso já tá claro pra todo mundo da sala. Não é culpa do Lucas, isso é porque você enfiou na sua cabeça que é ruim, sei que você quer mudar, mas não quer sair da zona de conforto. E a Flora cresceu, ela não é mais uma criança bobinha que fica seguindo os outros que a tratam mal.
_ Me deixa em paz!
_ Lavinia, eu só tô pedindo pra parar de tratar quem nem lixo todo mundo que quer ser seu amigo. Não precisa fingir que não se importa, ninguém gosta de ficar sozinho.
Uau, André estaria lendo seus pensamentos aquele tempo todo?
A garota não soube o que passou ao certo na sua cabeça naquele momento, porque sem pensar muito, abraçou André tão forte que um pouco mais de força podia ter o esmagado.
Não se lembrava da última vez que tinha abraçado alguém, contudo a sensação era boa e desejou poder ficar ali pra sempre.
Meio assustado, André retribuiu o abraço e fechou os olhos para apreciar o perfume de Lavanda preenchendo todo o ar ao seu redor.
_ Eu quero ser sua amiga André- Lavinia disse, afundando a cabeça no ombro do menino.