Capítulo 4

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Olá, bora ler mais desse casal? Agora é a vez do Lucas 

Olá, bora ler mais desse casal? Agora é a vez do Lucas 

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Lucas

— Está sentindo alguma coisa, uma dor ou desconforto? Dor de garganta, por exemplo? — perguntei ao paciente de dez anos de idade que estava prestes a receber um coração novo.

Enzo estava internado aguardando a chegada do coração compatível que viria de São Paulo depois de ser decretado morte cerebral de uma garota com mais ou menos a idade dele. Fui avisado de que ele estava com um pouco de febre e desci para verificar, pois nada poderia dar errado na hora que o coração chegasse para o procedimento.

— Não, estou só com um pouco de sono, Doutor Lucas.

— Tem algum machucado? Algo que comeu e não fez bem?

— Só um machucado no pé, ele calçou o tênis favorito que já não serve há muito tempo na semana passada e acabou causando uma bolha — a mãe respondeu com semblante preocupado.

Caminhei até a ponta da cama onde ele estava deitado e levantei o lençol dando uma olhada no calcanhar encontrando uma ferida um pouco infeccionada.

— Encontramos a fonte, deve ter desenvolvido bactérias e pode ser isso o causador da febre. — Dirigi-me à enfermeira ao meu lado. — Faça a assepsia do local e dê 1g de Cefazolina.

— Certo, doutor.

— Isso vai trazer algum problema para o transplante?

— Em alguns casos uma infecção pode ser impedimento sim, mas aqui não vejo problema, vamos entrar com antibiótico intravenoso e assim que ele melhorar veremos. Descanse um pouco.

Saí do quarto sendo seguido pela mãe aflita.

— Doutor Lucas, tem certeza de que não há nada para me preocupar?

— Olha, Poliana, sei como deve estar se sentindo...

— Não, doutor, o senhor não faz ideia de como me sinto. Se ele não receber esse coração, ele não vai resistir até aparecer outro doador compatível.

— Entendo o seu receio, mas vou garantir que seu filho receba o coração, ele vai ficar bem.

Coloquei a mão em seu ombro em conforto. Ela abriu um sorriso secando o canto dos olhos com as pontas dos dedos trêmulos.

— Obrigada, doutor.

Sorri de forma encorajadora, embora soubesse que ainda não era hora de agradecimentos, tínhamos um caminho a trilhar.

Caminhei até o elevador apertando o número do meu andar. Aceitei a proposta de vir para Belo Horizonte para dar uma vida mais tranquila a minha filha. São Paulo se tornou uma cidade perigosa demais, agitada demais para criar uma criança sozinho. Luna tem seis anos e é meu maior tesouro. Outro fator importante que me trouxe até aqui foi a indicação para substituir Saulo nas cirurgias depois que ele teve um problema de saúde e precisou fazer uma neurocisticercose.

Corações Rendidos - A paixão indesejada do médicoOnde histórias criam vida. Descubra agora