Capítulo 2

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Mais um pra compensar os dias sem postar.


— Boa noite. Preciso de um quarto.

A moça da recepção me olhou com o senho franzido, ela sabia quem eu era e com quem eu estava. George era conhecido demais para o hotel inteiro não saber com quem ele estava hospedado.

— A senhorita já está hospedada aqui. Algum problema com a sua suíte?

— Não, problema nenhum. Só quero outro quarto.

— ⁠Infelizmente não temos acomodações disponíveis, algum problema com...

— Obrigada, vou procurar outro hotel.

— Senhorita, infelizmente estamos em uma semana de superlotação em todos os hotéis, sinto muito informar que a maioria está lotado, não seria melhor esperar ao menos até amanhã?

— Obrigada pela informação, mas vou tentar encontrar qualquer outro lugar. Vou precisar de um táxi.

— Lizie? Tudo bem?

Fechei os olhos e inspirei fundo ao reconhecer a voz do Marcelo, um jogador que tive um envolvimento há alguns meses e não acabou bem. Estava saindo com ele e outro jogador do time rival. Não tínhamos nada sério, mas ele se sentiu todo ofendido quando descobriu no dia do leilão no hospital da Sue. Terminamos tudo e não nos falamos mais. Eu precisava mesmo dar um jeito na minha vida amorosa, ou desistir de vez de ter uma.

— Marcelo, como vai?

— Melhor agora que te encontrei.

Recebi seu beijo na bochecha.

— Sempre galanteador.

— Está hospedada aqui?

— Estava, mas preciso mudar de quarto e aqui não tem outro disponível, vou ter que procurar outro lugar para ficar.

— Senhorita, o seu táxi chega em alguns minutos — a moça da recepção avisou.

— Cancele o táxi, a moça vai ficar comigo.

— Não, não vou mesmo — contestei erguendo os olhos para a moça que fingia não estar me achando uma puta barata que troca de cama com um estalar de dedos, não que eu devesse alguma coisa para ela.

— Lizie, já está muito tarde para você sair sozinha procurando algo que não vai encontrar. Vamos, o quarto que estou é bem grande, tem lugar de sobra para nós dois, e vai ser divertido ter alguém para conversar. Não pode ir muito longe com esse pé enfaixado.

Mordi o conto da boca tentando ponderar o convite. Marcelo não era nenhum desconhecido, além do mais, até onde me lembrava ele costumava cumprir a palavra.

— Não vou transar com você — esclareci.

— Nem passou pela minha cabeça.

Apertei os olhos em desconfiança, ele sorriu sedutoramente como quem diz, passou sim, basta você querer.

— Sei...

Ele pegou minhas malas e seguiu na frente. Eu estava andando com certa dificuldade por conta dos machucados no pé até entrarmos no elevador. Observei seus cabelos escuros muito bem-arrumados, calça preta agarrada às pernas torneadas, pernas de um jogar em ótima forma, camiseta preta de gola alta e blazer preto. O homem estava um arraso, como sempre.

— Você está muito bem-arrumado, voltando de alguma festa?

— Nem cheguei a ir, encontrei uma dama em apuros na recepção e achei mais divertido salvar a noite dela do que ir a uma festa cheia de gente chata.

Corações Rendidos - A paixão indesejada do médicoOnde histórias criam vida. Descubra agora