2 • Distância

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O SOL começou a iluminar a sala de estar gradativamente, filtrando-se pelas janelas e aquecendo o ambiente

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O SOL começou a iluminar a sala de estar gradativamente, filtrando-se pelas janelas e aquecendo o ambiente. Natasha piscou, os olhos se ajustando à luz suave enquanto o sono a abandonava.

Espreguiçou-se lentamente, sentindo os músculos do corpo reclamarem com o movimento. O sofá farfalhou sob ela, os estofados macios oferecendo pouco consolo ao cansaço que pesava em cada membro.

A noite fora inquieta, marcada pelo desconforto físico e mental. A viagem de carro, que durara quase nove horas, deixara seu corpo dolorido e sua mente exausta. Dormir no sofá, embora tenha sido uma escolha própria, não ajudara a aliviar as dores e tensões acumuladas.

Cada fibra de seu ser parecia protestar contra o esforço da viagem e o desconforto da posição. Ela esfregou os olhos, tentando afastar a névoa do sono e focar no novo dia.

A exaustão que sentia era mais do que apenas física; havia um peso emocional também, além de ansiedade e incerteza. Estar de volta àquela casa, naquele bairro, trazia uma enxurrada de memórias e sentimentos que ela preferia manter enterrados.

Mesmo assim, ali estava ela, encarando um novo começo, com uma filha para cuidar e um passado para lidar.

Ela se levantou do sofá com um suspiro, sentindo cada passo reverberar em seu corpo cansado. A casa estava silenciosa, ainda adormecida, e Natasha sabia que tinha um longo dia pela frente.

Degraus acima, Natasha se encontrou diante da porta do quarto que um dia pertencera aos seus pais. Seus olhos vagaram pelo espaço familiar, agora transformado.

Ao abrir a porta, notou que seus poucos pertences estavam espalhados de forma desordenada, como se não se encaixassem naquele ambiente. Era uma sensação estranha, como se cada objeto estivesse deslocado, uma intrusão no cenário cuidadosamente reformado.

A coragem sempre lhe faltava para entrar naquele quarto. Cada vez que precisava de algo, ela se via inventando desculpas, enviando Charlie para buscar o que precisava.

Era uma forma de evitar o confronto com as memórias dolorosas que aquele lugar trazia. Contudo, sabia que, para transformar aquela casa em um lar, precisaria enfrentar essas sombras e reivindicar o espaço como seu.

Natasha hesitou por um momento, sua mão tremendo levemente enquanto girava a maçaneta. Com um leve empurrão, a porta se abriu, revelando um quarto completamente diferente do que ela lembrava.

O quarto, agora decorado com mobílias novas, parecia querer distanciar-se do passado. A cama antiga, que antes ocupava o centro do cômodo, havia sido substituída por um tapete macio. O lugar onde um pequeno sofá de dois lugares costumava estar, agora era preenchido por uma penteadeira elegante.

A cor neutra das paredes parecia ter sido escolhida propositalmente para criar uma atmosfera tranquila, como se tentasse, de alguma forma, apagar as memórias do passado sombrio que aquela casa carregava. A luz solar que entrava pelas cortinas vibrava suavemente, criando sombras delicadas no chão e nas paredes.

AS IF IT WERE THE FIRST TIME • romanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora