3 • Convite

254 38 20
                                    

A LUZ da manhã refletia suavemente nas peônias e tulipas, arrumadas com cuidado na vitrine da floricultura de Wanda

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



A LUZ da manhã refletia suavemente nas peônias e tulipas, arrumadas com cuidado na vitrine da floricultura de Wanda. O colorido vibrante das flores contrastava com o humor introspectivo de Natasha, que tentava distrair-se enquanto Charlie enfrentava o primeiro dia de aula.

Embora quisesse ser mais útil, o braço ainda limitado a obrigava a fazer apenas tarefas leves, como organizar as prateleiras e arrumar os cartões de felicitações.

Wanda, sempre perceptiva, aproveitava a companhia da irmã enquanto ajeitava um novo arranjo floral.

— E o próximo livro, já está em andamento? — Wanda perguntou casualmente, com um sorriso encorajador.

Natasha hesitou, desviando o olhar para as flores dispostas diante dela. As cores vivas contrastavam com o bloqueio sombrio que sentia. Ela suspirou antes de responder.

— Não estou pronta para voltar a escrever — disse, de forma curta, mas sem frieza.

Wanda, surpreendida pela resposta, olhou para Natasha com uma expressão de preocupação. Ela sabia o quanto a escrita significava para sua irmã, mas também sabia que haviam certas coisas a impedindo de prosseguir.

O que Wanda não sabia era que os últimos acontecimentos na vida de Natasha haviam criado um bloqueio terrível, como se sua criatividade estivesse aprisionada por traumas e medos.

Natasha até tentava, em momentos de silêncio, dar continuidade ao romance entre seus personagens — aqueles que lhe traziam não apenas sustento, mas também uma fuga do mundo real. No entanto, as palavras simplesmente escapavam de sua mente, deixando-a frustrada e perdida, como se a tinta de suas ideias tivesse secado.

Wanda, sempre otimista, tentou aliviar o peso da conversa com um toque de humor.

— Quem sabe seu alter ego literário, a famosa Natalie Rushman, possa ajudar você a sair desse bloqueio? — brincou, sorrindo enquanto ajeitava um novo buquê de peônias.

Natasha soltou uma risada curta, mas sem verdadeiro divertimento.

— Não é tão simples, Wanda — confessou, a seriedade em sua voz voltando a dominar — Como posso escrever um romance quando isso está ausente em minha própria vida?

Wanda fez uma pausa, os olhos brilhando com empatia, mas ela sabia que insistir poderia fazer Natasha se fechar ainda mais. O silêncio entre elas foi preenchido pelo farfalhar das flores e o leve perfume das pétalas.

Natasha suspirou, sua mente vagando para os dias em que escrever era fácil. Lembrava-se vividamente de como o primeiro livro parecia praticamente se escrever sozinho. Era uma história que fluía naturalmente, quase como se os personagens estivessem contando a própria vida. Erik, na época, era a pessoa que mais a incentivava. Ele fora quem sugerira que ela usasse um pseudônimo.

"Será divertido!", ele dizia. "Você pode ser quem quiser."

Na época, Natasha achou a ideia intrigante. Natalie Rushman nasceu desse conceito de liberdade criativa. Contudo, a verdadeira intenção de Erik logo ficou clara. O pseudônimo não era apenas uma diversão inocente; era uma maneira de mantê-la escondida, como se ela não merecesse ser a verdadeira autora de sua própria obra.

AS IF IT WERE THE FIRST TIME • romanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora