Capítulo 4

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"Eu tô comigo até o Final."

LEVI BRAGA

Uma semana depois...

Oficialmente primeiro dia no DIP, hoje estava marcado para conhecer meu caso, e finalmente começar meus estudos. No mesmo prédio, lá estava eu sentado com minha mochila de lado, até Omar aparecer no fim do corredor, ele me olha e gesticula para segui-lo.

O comandante entra na sala frente a sua, e quando me aproximo percebo que ele aguardava na porta. Dentro, Francisco e outro homem, acho que aproximadamente 33 anos.

- Senhor. - Peguei em sua mão.

- Entra e pode se sentar. - Ele aponta.

Peguei na mão de Francisco e cumprimentei o outro cara que estava sentado na cadeira ao lado de onde fiquei.

- Então esse é o outro cara, de quem falaram? - Ele me olha.

- Levi, esse é o Ivan, vai trabalhar com você na operação.

- Mas pensei que seria sozinho? - Fiquei confuso.

- Ivan têm mais experiência em campo, e será uma ótima ajuda. - Omar diz.

Francisco pega algumas pastas sobre a mesa na parte de trás.

- Já subiu na favela cara? - Ivan me encara.

- Sim.

- Já trocou tiro com traficante?

- Não. - Fiquei perdido onde esse cara queria chegar.

- Tem certeza Comandante? Esse cara vai morrer no primeiro dia. - Ele fala como se não estivesse do seu lado.

- Ivan, está com o melhor, vocês juntos serão imbatíveis. - Omar se acomoda na cadeira à frente.

- Mano a gente dá conta, relaxa, estamos juntos nessa. - Toquei seu ombro.

- Olha nada contra, mas fiquei sabendo que você curte, não sou
preconceituoso, tenho amigos gays, mas não toca não beleza?

Pronto! Mereço.

- Se ficarmos juntos nessa, estou fora. - Apontei para ele falando com Omar.

- Escutem, os dois. - Francisco se impõe. - Enquanto estiver em operação, não conversam, não se conhecem, e nunca se viram.

- Vão ser inseridos em locais diferentes, mas calma, vamos ao caso. - Omar joga as pastas em nossas mesas.

Engoli seco só de saber onde seria:

- Vamos começar com a aula, Francisco por favor. - Omar sai da nossa frente.

Havia um telão com retroprojetor, peguei papel e caneta, e Francisco se
aproximou de nós.

- O caso de vocês será no Morro do Rivera, serão inseridos da forma mais
discreta possível para que nem os moradores desconfiam de vocês.

- Objetivo? - Ivan pergunta.

- Informações, o máximo que conseguirem, o foco é descobrir todo o esquema de financiamento do crime dentro da favela.

- Não são drogas? - Falei folheando os papéis.

- Não! - Omar de braços cruzados de lado fala.

- As poucas informações que temos é que efetuam roubos de carros fortes e
até bancos, mas desconfiamos que tem algo mais.

- Essa gente não vive sem uma maconha Francisco, muito menos cocaína, tem drogas nessa comunidade em todos lugares, estão fazendo vocês de otários. - Ivan
chacoalha o papel.

- Ok, porque o Bope não faz o serviço? A Inteligência da Polícia Militar? -Pergunto olhando Francisco.

- Primeiro, a Comunidade do Rivera fica geograficamente bem localizada, o único acesso é através desse lugar aqui. - Francisco muda o slide. - Essa entrada é vigiada vinte e quatro horas por dia. O Bope se prepara por um mês para entrar, com tudo que temos, e tira um fuzil da comunidade, a cada um que a polícia tira eles
colocam mais três.

- Tem UPP no local, usa eles, chama o exército e cai para dentro dando tiro
em todo mundo porra, olha esse mapa, as favelas atrás, helicoptero, tanque de guerra. - Ivan parece que só abre a boca para falar merda.

- Está olhando para uma das favelas mais ricas do Rio. Sabe o que isso significa? - Francisco se aproxima de nós. - Armamento militar, financiamento do crime
organizado, e apoio completo da população, entrar a força, seria um derramamento de sangue de civis. E isso nem é o maior de nossos problemas.

- E qual é? - Fiquei com medo de sua fala.

- "Gregório" Rivera Dias, o Dono do Morro e do Complexo de Favelas do
Rivera. - Omar aproxima com aquela voz grave dele me fazendo arrepiar todo o corpo.

Francisco entrega uma foto para o Ivan, que sorri dizendo:

- Esse cara de cachinhos? Estão com medo desse tipo?

- Ficha extensa, desde roubos, sequestros, inúmeros assassinatos, assaltos, estupro...

- Que idade ele tem? - Perguntei tremendo de medo com sua introdução.

- Trinta e dois.

Ivan me entrega a foto do cara, e nada que Omar diz, se encaixa com o que vejo, aparentemente jovem para sua idade, cabelo comprido pouco antes de tocar nos ombros, um rosto fino, e um par de olhos muito claros, 0 estereótipo de alguém como descrito.

- Essa idade, e uma ficha tão extensa? - Falo procurando nos registros.

- Já foi preso? - Ivan pergunta.

- Não.

- Não tem ficha criminal. - Falei com o papel em mãos. - Como sabem
disso tudo?

- Sabemos! Isso é bom para vocês ficarem atentos, o que vão enfrentar... - Francisco fala.

- Pelo que vejo a morte. - Fechei a pasta.

- Quase isso, todo o poder dentro do Rivera se resume no "Gregório", então
cabe a vocês se aproximarem e conseguirem ajudar para libertar aquela população das mãos de um dos criminosos mais perigosos que temos. - Omar fala próximo a mim.

- Se você estiver certo, e isso for verdade. - Levantei a pasta com as mãos. - Esse cara só sai da favela morto.

- Se for preciso. - Francisco muda o slide.



CONTINUA...


Eu sei que é muito curtinho cada capítulo mais não posso mudar, espero que gostem meus amores ❤️

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