Capítulo 13

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“As vezes eu falo de você comigo.”

LEVI BRAGA

Olhei para ele assustado assim como os meninos.

— Era noite, sou gato, mas não enxergo no escuro.

Falei da boca para fora, já estava fodido mesmo, literalmente.

Nem Gregory segurou a risada, e para ajudar os meninos:

— Ih patrão que arrocha hein, nem Tay chega assim na favela. — Neto brinca.

— Se liga, no que ele fez. — Felipe aponta para o alvo.

Gregory se aproxima, olha e me encara, ele se aproxima desconfiado.

— Atira nela. — Ele aponta para a caixa de som. Ela estava sobre o banco de uma das motos.

— Não chefe, se errar ele explode as motos. — Neto fala.

Gregory em minha frente, sobe a camiseta deixando a mostra sua arma dentro da bermuda. Coloquei a mão tirando devagar e só de segurar percebo ser uma “Sauer”, pois ela mesmo robusta, era muito precisa.

— Puta merda. — Os meninos se afastam de medo.

Estava a uns oito, nove metros da caixa de som, que deveria ter uns quinze centímetros de largura, mas uns dez de altura.

Mirei, da mesma forma, respirando e com a tensão de ter ele do meu lado,
parado de pé olhando, a música estava tocando, então puxei o gatilho, e a caixa de som explode em pedaços.

Soltei a respiração, olhando Gregory.

— É sua. — Seus olhos encaram a arma.

— Valeu. — Olhei ela em minha mão.

— Mano você é um perigo caralho. — Neto estava mais animado que torcedor na hora do gol.

Gregory me encarando muito a todo momento, ele meio que analisava todos meus movimentos e trejeitos.

— Seguinte, tem um serviço hoje. — Ele olha para nós. — Os três vão comigo, o Pai precisa de reforço, quero todo mundo pronto às onze.
Nós concordamos e ele se vira saindo.

Fui com os meninos olhar o estrago da caixinha, e fiquei curioso, então questionei:

— Que tipo de trabalho hein?

— É de boa quando é com o Tio Zé. — Neto diz.

Abaixados olhando os destroços da caixinha, Felipe fala:

— Não vai contar para ele irmão? — Falavam de mim.

— Que foi? — Olhei.

— Nada porra! — Neto diz.

— Fala logo, que foi? — Gritei com ele.

— Patrão vai mandar você passar o João. — Felipe se levanta.

Meu Deus!

— Por quê? — Arregalei os olhos.

— Ele está roubando o Comando. — Neto responde. — Já pegou uma grana, e pior, está cobrando os comerciantes para estar no baile, bagulho de duzentos mil só no último “fluxo”.

— Quem é louco de roubar do Greg?
— Passei a mão no rosto.

— Pensamos do mesmo jeito. — Felipe guarda sua arma. — Ele vai testar você, assim como fez com a gente.

— Puta que pariu! — Levei a mão no rosto.

— Relaxa mano, fiquei neurótico como você. Cabeça quente, mas se quer fazer parte disso, tem que dar esses passos. — Neto fala.

                      Códinome Favela 1Onde histórias criam vida. Descubra agora