Capítulo 1

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"Uma fase ruim não define quem você é."

LEVI BRAGA

Tijuca, Rio de Janeiro, Abril de 2019
Semanas antes...

- (...) Você tem meditado Levi? - Pergunta a psicóloga com seu bloco de
notas.

- Sim, todos os dias como recomendou. - Não olhava para ela, e sim o lustre no teto, com formato engraçado.

- Sentiu algum resultado?

- Não. - Virei o rosto para ela, que sobe os óculos no rosto.

- Está passando por uma crise de meia idade, é mais comum do que imagina.

- E o que preciso fazer para essa angústia que vive em mim desaparecer? - Falei apertando o tecido da farda na altura do peito.

- O que você acha que deve fazer? - Ela fecha seu bloco e cruza as pernas.

- Acho que preciso me encontrar...

- Como está no trabalho?

- Normal, rondas, é o Rio de Janeiro né! Então quando estou fardado nas ruas fico tenso, é quando não sinto esse sentimento no peito.

- O trabalho lhe ajuda, é isso?

- Sim.

- Já pensou em focar mais no profissional? Mudar de função na Corporação, pedir uma promoção, fale com seu supervisor.

Respirei fundo, imaginando o que acabei de ouvir.

- O Matheus não vai gostar muito, ele já fala que trabalho muito. - Olhei a doutora.

- Já conversou com ele sobre? É seu namorado vai compreender.

- Não.

- Então não há como saber.

Sobre meu corpo durante a conversa, ficava brincando com as unhas, em um sinal de ansiedade, enquanto pensava em tudo o que ouvia.

- Seu tempo por hoje acabou Levi.

Sentei passando a mão no cabelo, e ela ainda fazendo anotações.

- Continue com as meditações, faz bem, fale com seu supervisor, você pode se encontrar nessa profissão...

- E se essa angústia não passar?

- Tome um banho, coma algo que goste, vá correr, brinque com seu sobrinho, cozinhe, ou só saia de casa! Faça algo para ocupar sua mente, para esse sentimento não ter espaço.

- Obrigado.

- É tudo, te vejo na próxima semana.

Peguei minha carteira, celular e chaves saindo da sala.

No elevador ligando o aparelho, vejo mensagens de minha mãe e namorado, respondi ela, dizendo como foi na consulta, e quando saí do prédio liguei para ele.

- Oi, Matheus!

- Amor, já terminou? - Ele diz ofegante.

- Sim, onde está?

- Desculpa, atravessando a rua, vou agora na corporação, consegui a assinatura do juiz.

Comecei a rir seguindo na calçada, e falei:

- Rodrigo vai querer matar você.

- Seu chefe não me passa medo, ele é delegado e tem que seguir a lei, assim como todos. - Escuto ele entrando no carro. - Levi nos encontramos na delegacia?

                      Códinome Favela 1Onde histórias criam vida. Descubra agora