Capítulo 24 🦋

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Estava tonta e trêmula. Meus pulsos estavam amarrados na minha cama, meus tornozelos também. Aos poucos recobrei-me. Estava em um lugar que possuía paredes brancas. Eu usava um roupão quase transparente. Os raios de sol deixavam meus olhos desconfortáveis.

— Senhora Raquel Murillo? — Uma enfermeira falou comigo. — Bom dia, como se sente? Cuidamos bem de você, querida.

— Que lugar é esse?... Cadê o Sérgio? Cad... Serg... — Perguntei sentindo a língua pesada.

Meu pai estava sentado ao meu lado na cama. Ele me olhava sem expressão. Minha mãe estava na porta, ela estava séria.

— Faça o que for possível por ela. — Ele falou se dirigindo a enfermeira. — Minha filha está confusa, sofreu muito nesse sequestro. — Meu pai disse, ele fazia um drama só dele.

— Não. Ninguém me sequestrou, pai. — Tentei rebater.

— Filha? Como assim? Cale-se, Raquel! Você é superior a essa família patética dos Marquina. Está louca. — Ele ia se alterar, mas respirou fundo. — Fique tranquila, descanse. Não é o momento de discutir.

— Louco é você, eu tenho vergonha de ser da sua família. Te odeio! Eu amo o Sérgio. — Falei chorando de ódio.

— Filha, se acalme. Precisamos conversar, só nós duas. — Minha mãe se compadeceu e tentou se aproximar.

— Não me faça perder a paciência e te dar a surra que nunca dei quando você era pequena! Como você pode dizer que ama esse homem, Raquel? — Ele esbravejou.

— Eu não entendo sua obsessão por mim, pai! Me deixa viver. — Falei entre os dentes.

— Você achou mesmo que iria fugir com o filho do Heitor Marquina e ainda viver feliz para sempre? Raquel, eu admiro a sua inocência. Como você é fofa. Porém, é tão burrinha que não pensou que eu fosse descobrir tudo. — Ele sorriu ladino.

— Pai, você me odeia? Me deixa ser feliz.

— Você pode ser feliz, mas nunca vai ficar com o Sérgio! Eu proíbo.

— E quem é você pra me proibir de alguma coisa, seu velho asqueroso! Você é falso, um patife. Me esquece! — Gritei e fiz questão de cuspir em seu rosto. Respirava rápido.

— Já chega! Fui muito bondoso e paciente com você, mas agora acabou! Vai fazer o que eu mandar! — Ele esbravejou.

O homem que havia me agredido e trazido para cá, apareceu na porta, atrás da minha mãe. Meu pai falou alguma coisa baixa no ouvido dele e ele saiu em seguida. Minha mãe se aproximou e fazia carinho em meus cabelos enquanto lágrimas quentes corriam pelo meu rosto. A enfermeira saiu.

— Mamãe... — Disse fraca.

— Querida. — Ela deixava cair algumas lágrimas. — Você está bem? Filha, fiquei tão preocupada. Porque você não me avisou que estava viva? Fez um mês do seu desaparecimento. Agora com o Sérgio foragido as coisas serão piores.

— Sérgio foragido? — Perguntei.

— Não se preocupe com ele agora, filha.

— Como não? Estou grávida. Eu vou ter um filho com ele. — Falei nervosa.

— O que?

Minha mãe se sentou ao meu lado. Ela não sabia se ria ou se chorava. Estava surpresa e tão perdida quanto eu.

— Um neto? Meu Deus, vou ser avó... Que coisa boa. — Ela repetia. — Raquel, seu pai não pode saber disso. Esconda essa criança. Vou te levar embora desse sofrimento, você merece ser feliz. Não se preocupe com nada, meu bem. Eu vou acabar com essa perseguição tola.

Another love | Serquel Onde histórias criam vida. Descubra agora