010. Sangue e Alma.

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— KANG; Seulgi

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— KANG; Seulgi.

Nas duas noites passadas tentei ao máximo encaixá-la na sociedade humana, entre soluços e duas noites sofridas de pesadelo, ela pareceu impossibilitada. Como se um forte feitiço prendesse sua alma. Eu não fui destinada a protegê-la, fui destinada a Kaliban, e o pecado eterno de Absalão está por aí. E não será eterno até que eu encontre e fincar a lâmina no coração da criatura, mas não posso ignorar, talvez seria egoísmo demais. Pela terceira manhã, Maya surgiu no campo de vista de Joo pela primeira vez, as vozes de ambas eram ouvidas do outro lado da parede.

Fiquei no canto assistindo e ouvindo cada palavra dita por Maya, os pés descalços de Joo pisam o chão com delicadeza, ela observa o cenário lá fora de forma cautelosa. E quando minha irmã encerra suas palavras, ela se despede e sai do quarto enquanto mantinha os olhos em mim. Em um minuto sinto algo revirar dentro de mim, a dor em minha cabeça surge, não faço nenhuma expressão após ela por fim me olhar. E desta vez, me olha diferente.

— Estou ciente da sua vida. — Revela, sua respiração não é alta e muito menos se sente ansiosa. — E também peço desculpas pela minha ação ridícula.

Não sei em que momento Maya conseguiu deixá-la tão tranquila em relação a tudo o que ocorreu, e ela também relatou a Joo de forma tranquila como a encontrou. No entanto, optamos por não mencionar a ajuda recebida do clã Mavros. Um lado do seu rosto ergueu, demonstrando um breve sorriso discreto.

— Mas também anseio por respostas. — Menciona franca e realista.

Me obriguei a olhá-la, seus olhos se cruzam ao meu, eu tenho um momento fora do corpo, talvez minha tensão tenha feito tornar isso possível. Seu suspiro único retorna ao ambiente todo. Tenho hesitado por séculos, detesto minha vulnerabilidade, e diante de uma pessoa humana? E quando menos percebo, sua proximidade é repentina, minhas mãos estão por trás e sequer sou movida pelo meu próprio consciente. Os fios ondulados e longos balançam com o mínimo vento que adentra o ambiente, é como um manto que lhe cobre da cabeça até abaixo da cintura, Joo nota que eu não me movi e dá uma breve pausa imitando minha pose.

— E o que aspira saber? — Uma estranha sensação se mistura com minha espinha, seus olhos pestanejam com sensibilidade enquanto estou estática.

— Você mencionou que eu não era quem pensava e, se fosse, não te olharia da mesma maneira duas noites atrás. — As palavras dela me pegam desprevenida. — Quem você queria que eu fosse?

Não posso. Estou repetindo a todo momento ao meu consciente, me destravo do lugar que estou, posso estar aflorada o suficiente para entender que minhas íris estão vermelhas quando seus passos se afastam. Às vezes é agonizante para esse infinito de suas palavras que ecoam em minha cabeça, fecho levemente as pálpebras para apagar aquele tom avermelhado, por outro lado, balancei a cabeça afastando o que eu realmente pensava. O som das folhas caindo do lado de fora ignorava completamente sua insistência. O estalo da boca me irritou, não profundamente, mas pelo fato de que aquilo simplesmente me fez olhá-la. Eu estava exausta, retrai-me diante de sua insistência, observei atentamente seus braços se cruzarem na espera das minhas palavras. Umedeci os lábios, me acostumei ao silêncio por séculos, vagarosamente meus passos ficam diante a ela, o problema é que eu me sentia aderida ao que aconteceu.

VAMPIRA DE KALIBANOnde histórias criam vida. Descubra agora