— KANG; Seulgi.
O céu é como um quadro pintado com uma paleta apocalíptica, mesclando tons de laranja, vermelho e cinza enquanto nuvens de fumaça e poeira se espalhavam, obscurecendo a cidade abaixo. Em meio ao caos, o som incessante de sirenes ecoava pelas ruas, interrompido apenas pelo tremor distante de explosões. Estava na hora. O mundo parecia desabar, as pessoas corriam em todas as direções no castelo, gritos de desespero se misturando com o vento quente e carregado de destroços. Os corações humanos acelerados batendo no ritmo dos passos frenéticos me atormentaram.
O cabelo branco, solto e desgrenhado, flutuava atrás de mim enquanto me movia, determinada, meus olhos avistaram nova imensidão que a fenda havia feito. A chuva havia voltado, o som de cada gota ecoando como uma batida constante no asfalto molhado, enquanto o vento uivava por todos nós, como um aviso, os lobos Mavros uivaram. Com o meu rosto para o céu, deixando a chuva lavar tudo em mim e escorrer por suas bochechas como lágrimas que não podia mais conter.
O portão fora aberto, meu pai, um vampiro mais velho que eu, possuia suas crenças, mesmo com controvérsias que vampiros temem a cruz. Senti o sinal do crucifixo desenhar minha testa, me despedi dele e de minha irmã, um abraço fortemente de despedida. Eu voltaria para eles, eu sei disso. Ao passarmos do portão, no meio daquela tempestade interna, Alucard apareceu. Surgiu de entre as sombras, caminhando lentamente, cada passo um eco suave na quietude da noite. Ele me observava de longe, o rosto meio oculto pelo capuz do casaco escuro, o rapaz sequer encarou o próprio pai.
Ao montarmos nos cavalos, os trovões rugiram ao longe, como se a própria noite protestasse contra o que estava por vir. O vento frio parecia cortar a pele, e a chuva, que já começava a cair, mal disfarçava o peso da decisão que todos havíamos tomado. Alucard permaneceu parado, sua figura se misturando à escuridão, imóvel como uma estátua. A chuva começou a pingar, fina, mas fria como gelo, acompanhando o vento que chicoteava nossas faces. O portão se fechou atrás de nós com um estrondo metálico, selando qualquer possibilidade de retorno. O peso da decisão que havíamos tomado caía sobre mim como uma neblina densa.
A chuva começou a engrossar, e o som de nossos cavalos galopando pelo caminho encharcado preenchia o silêncio.
— Parece inquieto desde que saímos — Comentei, minha voz quase afogada pelo rugido do vento e os trovões que ecoavam à distância. Eu o observava de soslaio, tentando decifrar seu silêncio.
Ele não respondeu de imediato, mas em um movimento súbito, puxou as rédeas de seu cavalo, fazendo o animal girar em torno de mim. Seus olhos brilhavam sob o capuz, uma mistura de desdém e cautela.
— Inquieto? — Ele riu, mas não havia humor em sua voz. — Não é inquietação, é antecipação.
Alucard passou a cavalgar ao meu lado, sua figura imponente parecendo mais uma sombra viva do que um homem.
— Esse caminho pode ser "seguro" — Ele disse com a voz baixa, quase um sussurro que mal atravessava o som da tempestade. — Mas há traidores ao redor. Alguns vampiros... querem ser salvos por Absalão.
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VAMPIRA DE KALIBAN
VampireEM ANDAMENTO | Diante de olhos selvagens e sombrios, há mágoa dentro deles, no entanto, a paixão não poderá andar ao lado de tanta mágoa e obsessão. Mas uma profecia é capaz de despertar às chamas, até que a liberdade, seja um perigo a se provar.