— KANG; Seulgi.
O vento se foi. Mas minhas narinas são invadidas com sangue alheio, encaro minha irmã tornando um longo loop entre ver o céu, Irene e Maya. A linha do tempo entre a lua e o sol se tornou única, e quando o horror se instala em meus olhos, passei a tirar o sobretudo e dobrá-lo para apoiar a cabeça de Joo. Testemunhamos a imensidão da profecia, o céu azul e noturno já havia perdido sua coloração — talvez divina —, pelo inferno avermelhado vindo acima de nós. A profecia vai nos engolir se eu não fizesse absolutamente nada. O desespero subiu em meu corpo, minha irmã e eu notamos que Irene voltava ao seu estado, seu corpo se levantou meio grogue buscando entender a situação.
Seus dedos dedilham trêmulos cada parte do seu rosto, limpando o sangue que ficava seco conforme a veracidade do vento arrastava as folhas, mas quando ela começou a caminhar reto passamos a gritar por ela. O primeiro estrondo é crucial para nossos tímpanos, o vento sopra levantando poeira, Maya e eu conseguíamos ouvir os humanos gritar em desespero. Todavia, nossos passos até Joo foram interceptados assim que descemos a estrada, uma porcentagem pequena da cidade havia sido engolida.
— Puta merda. — Maya xinga depravadamente.
— Sem xingamentos para o caos. — Protestei ao ouvi-la. — Joo, precisamos sair daqui.
Não exclamei, mas era notório meu tom de voz ao chamá-la, mesmo que ela ficasse presa ao cenário catastrófico, agarrei ao seu pulso arrastando-a para outro caminho. O segundo estrondo se assemelha a uma explosão alta, apressamos nossos passos ao pegar o atalho das colinas, mesmo que nossas habilidades vampíricas nos permitissem a velocidade, um humano não daria conta. Quando encontramos o segundo atalho, Maya me avisa sobre conseguir ver a propriedade, assenti enquanto ela ia mais adiante de mim e Irene. Seus passos se tornam mais rápidos até que a mesma fica ao meu lado, seu rosto ainda tinha manchas do sangue seco, notei o seu rosto pensativo a medida que pisávamos nas folhas secas.
— A sua sobrevivência é a ganância humana. — Meu corpo fica preso as folhas, encaro-a de repente enquanto a puxo pelos ombros ao ouvi-la mencionar aquilo.
— De onde tirou isso? — Questionei, senti a ardência em meus olhos, pela primeira vez após séculos pude ouvir o mesmo que havia dito a ela, mas não ela.
— Você disse. — Ela tartamudeou em resposta. — Eu estive lá.
Lembrava-me com clareza sem nenhuma destreza a forma com a outra havia segurado a lâmina, o sangue derramado com o horror, surpresa e a dor. A vontade de desaguar todas as emoções e desgraças guardadas me consumia, eu sabia que não era ela, ignorei-a e passei a continuar o caminho. Passamos pelo portão alto, após cruzar a entrada, sentimos a presença de Alucard na casa. O silêncio deu início quando adentramos a residência, o rosto de meu pai enruga ao ver nós três após passarmos o corredor indo em direção a enorme sala, os fios brancos de Alucard se moveram quando ele resolveu fixar em nós.
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VAMPIRA DE KALIBAN
VampireEM ANDAMENTO | Diante de olhos selvagens e sombrios, há mágoa dentro deles, no entanto, a paixão não poderá andar ao lado de tanta mágoa e obsessão. Mas uma profecia é capaz de despertar às chamas, até que a liberdade, seja um perigo a se provar.