Nosso Depois - Duskwood

11. Jogo Cruel

Acordei um pouco tonta devido a cama nova. E tentei ao máximo levantar mais cedo naquele dia para fazer minhas caminhadas matinais, não sei se era o fuso horário ou o clima diferente de Berlim que me deixava mais preguiçosa. Mas fui capaz de ir à cantina da Humboldt pelo menos. Tomei um café simples,- desta vez não um expresso - com torradas de queijo e presunto. Logo depois no almoço pude me deliciar com uma tigela de arroz japonês e um salmão defumado. Tinha bastante gergelim e alguns molhos interessantes para se escolher. A cantina deles não era só incrível, atendiam todos os tipo de público, o que me deixava contente.

Naquela manhã eu pude resolver inúmeras coisas relacionadas a minha estadia ali, como alguns documentos e regras de convívio. Em seguida fui para a biblioteca também para mandar um e-mail para a Universidade de Cambridge, para finalizar alguns projetos que tinha começado. Algumas destas coisas teriam de esperar o próximo ano, mas não era como se fossem obrigatórios, porém eu me certifiquei de adiantar pequenos detalhes.

Em alguns momentos do meu dia eu sempre me perguntava como eu tinha tempo para Duskwood. Como eu tinha tempo de caçar coisas na nuvem de Hannah, mesmo focada em pesquisas e no meu estágio nos laboratórios de Cambridge. Me sentia uma super mulher, e depois de Jake ter dito que pesquisou coisas sobre mim naquela época, o que já era de se esperar, fiquei me perguntando se minha vida social não estava tão capenga assim?

Nunca me incomodei com o fato de minha sexual não estar ativa, e meus beijos não estarem em dia. Mas quando você ama algo além das relações, você entende o que é prioridade de verdade. Acho que por isso que me entreguei tanto aquela coisa, de procurar Hannah, e preencher o lado social da minha vida com isso. E por esse motivo também que consegui me deixar apaixonar por Jake, ele era o único cara com quem eu falava todos os dias além do meu pai.

Dizer isso em voz alta talvez não fizesse tanto sentido, principalmente para meus amigos de Cambridge. Carl costumava dizer que eu não queria o levar a sério porque eu não queria abdicar da minha vida de solteira e de homens que davam em cima de mim constantemente. Mal ele sabia, mas que continuasse não sabendo, nem ele nem todos. No entanto eu quase havia escancarado para Jake que eu era uma nerd com aparência de uma madame inglesa, comecei a sorrir ao pensar nisso.

Eu estava indo com Sophia para o campus de pesquisa da universidade, enquanto Niklas iria entregar um trabalho para algum professor.

- Senhorita Beaumont, acho que vamos conhecer os responsáveis pela pesquisa. Eu tô bem ansiosa pra ser sincera. - Sophia tinha um sorriso animado apesar da ansiedade.

- Temos alguns rostos conhecidos? - Pergunto curiosa.

- Eu não faço ideia, de verdade. Geralmente eu não tenho acesso a esse tipo de informação. Eu achei que a senhorita sabia quando se inscreveu para cá? - Meu cenho cai e reflito um pouco sobre.

- É uma situação complicada, outro dia te explico melhor.

Esperava que esse dia nunca chegasse, tudo aconteceu de maneira tão rápida e contra minha vontade. Não queria deixar transparecer a minha falta de informação diante de uma assistente. Pensava que Sophia e Niklas já me viam de uma maneira responsável.

A pesquisa havia sido anunciada dias depois dos incidentes e quando eu li Berlim, não pensei duas vezes antes de rejeitar. Tudo o que sabia era o que o senhor Harrington havia me dito e sinceramente depois de analisar tudo eu realmente não iria querer, era talvez um trabalho que não era uma área do meu interesse ainda. Eu precisava ser surpreendida.

***

Passado alguns minutos um professor havia nos apresentado a alguns representantes da pesquisa e seus patrocinadores, o que era incrível. O apoio à ciência era algo que sempre precisava de investimentos. Até que o professor que estava nos acompanhando nos guia para outra ponta do auditório, caminhando mais a fundo um pequeno coquetel de boas vindas, e ao que parece alunos de várias partes do mundo.