14. Paredes

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Uma grande janela de assento era a maior fonte de luz do pequeno apartamento. Não sei bem se poderia chamar assim, ou talvez: a casa do andar de cima.

Alan colocou minhas coisas no quarto principal e esperou que eu analisasse com cuidado, eu com certeza amei. Era totalmente mobiliado e com a decoração tal como as casas de revista interioranas. Muitos detalhes em madeira o ambiente parecia ter passado por uma bela faxina.

— Aqui deve ficar bem disputado nas férias. — Digo sentada no sofá cor creme da sala.

— Já tenho reservas, aliás. — Alan fala da cozinha, que era dividida por um balcão americano com uma pedra de mármore branco. O que dava a impressão do lugar ser imenso.

— Você mora aqui perto? — Pergunto.

— Há uns 10 minutos daqui, porquê?

— É bom saber. — Respiro profundamente. — Alan me sinto mal por isso, tem certeza que não posso pagar de alguma forma? Sei lá eu posso arrumar sua casa talvez?

— Você vai me fazer um favor estando aqui. Geralmente fica vazio, sinto que o lugar precisa de uma presença.

— Isso não faz sentido, você só está me enrolando.

— Você não pode simplesmente só aceitar as coisas? — Alan agora segurava um aspirador de pó em suas mãos. Sua camisa social azul claro estava enrolada em seus braços não chegando na metade deles.

Sempre achei que Jake iria se distanciar de Alan nesses quesitos. Alan era um homem muito elegante, o que não achei que seria, pois vivendo no interior sendo policial, sempre imaginei ele com uma aparência rústica, ou um cara que fosse mais do tipo bruto. Já Jake, eu sempre imaginei como um cara meio desleixado, nada atlético. Mas os dois tinham tipos físicos parecidos, mas por conta da profissão, Alan estava sempre trajado, acredito que pelo costume.

— Quero ir no Aurora hoje. Venha comigo. — Digo me levantando do sofá e indo pegar o aspirador das mãos dele.

Alan me olha de canto de olho, não me dando o aspirador.

— Eu? No Aurora? — Ele ergue uma das sobrancelhas.

— Você sabe o caminho.

Nós dois seguramos o aspirador juntos enquanto conversamos, parecia uma briga silenciosa.

— Não sei se seria uma boa ideia, e você sabe bem porquê.

Alan tinha razão, porém não queria chegar lá sozinha eu tinha que me sentir confiante, e só ele iria me ajudar com isso.

— Vamos como clientes. — Tento convencer ele. — E me dê esse aspirador aqui.

— Eu preciso limpar a sala, me dê! — Alan puxa uma das pontas do cano do aspirador e eu puxo junto.

— Deixa que eu limpo! — Grito.

Já imaginava que aquilo poderia dar errado, e deu mesmo. O cano do aspirador se desprendeu da base e muito pó começou a voar pelos ares. Sujando a camisa de Alan e o meu rosto inteiro com a sujeira preta.

Não teria como comparar o que estava mais sujo, eu ou ele. Por sorte minha roupa não sujou, mas percebi que um pouco de pó começou a entrar em meus olhos. Começo a tossir muito.

— Meu Deus Emilly! — Só conseguia ouvir a voz de Alan.

Minha tosse não queria parar e eu nem ao menos conseguia dizer alguma coisa.

Merda. Minha camisa sujou também, espere aqui vou pegar um pano na cozinha. — Nunca tinha ouvido um palavrão da boca dele e me fez rir um pouco.

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