Capítulo 1

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𝄞 nunca seja tão gentil a ponto de esquecer de ser esperto 𝄞

Sem nem perceber, isso virou uma rotina.

Nas noites de sexta-feira, às 21h, Harry envia aquela mensagem com um toque de insegurança, o polegar pairando sobre o botão de envio, antes de dar voltas pela sala, conferindo os dentes no espelho. E às 21h07—mais ou menos— as chamas na lareira se tornam um verde vibrante, e Draco entra dançando, com uma camisa já com três botões desabotoados e a gravata pendurada no pescoço.

E eles conseguem chegar ao corredor, às vezes às escadas, antes que os lábios de alguém estejam no pescoço de alguém, e um deles solta um suspiro enquanto o outro atira as roupas no chão, tão familiarizados com essa dança que conseguem passar por cada curva e reviravolta do andar de cima sem tropeçar em nada.

Às vezes, são dois passos e eles estão no sofá. Mas não esta noite. Esta noite eles tropeçam na intimidade do quarto de Harry, uma sensação de permanência ao chegar tão longe, onde eles desabam na cama, envoltos por lençóis quentes e travesseiros de penas de pato. O perfume de Draco ainda está impregnado nas fibras desde dois dias atrás.

Pela terceira noite desta semana, Harry tem o calcanhar preso sobre o ombro de Draco, e agradece a Merlin pelo colchão que apoia suas costas de trinta e dois anos. Longe estão os dias de puxar as calças para os tornozelos na cabine de um clube, ou aquela vez no banco traseiro do Ford Anglia (desculpe, Ron).

Assim como todas as vezes anteriores, ele puxa Draco para seus lábios, lambendo avidamente sua boca, transando como se estivessem famintos por isso, como se fosse a primeira vez novamente, até estarem exaustos e sem fôlego, narizes se roçando, beijos se transformando em sono.

E quando Harry acorda horas depois, ele está sozinho novamente.

Ele sabe disso antes mesmo de abrir os olhos.

Nada além de uma extensão de lençol amassado e levemente quente à sua esquerda no lugar onde, na noite passada, um corpo adorável estava aninhado ao seu lado.

Levantando-se sobre os cotovelos, sentindo uma rigidez na parte inferior do corpo, Harry pisca pesadamente para o espaço vazio. Os copos de vinho vazios na mesa de cabeceira explicam sua cabeça turva, e a leve inclinação na sala enquanto ele se senta rápido demais. Um trilho de suas roupas está espalhado pelo chão—a camisa cara que ele escolheu especialmente. Ele não entende por que fez tanto alarde sobre qual usar quando a única parte desejada dele estava escondida por baixo.

O perfume de pinho e o suor permanecem, familiares e um tanto reconfortantes. Ele desaba no travesseiro, respira fundo, e deixa os olhos se fecharem novamente.

Talvez um dia Draco fique até o café da manhã, e quem sabe ainda mais se tiver sorte.

༺ ༻

"Desculpe o atraso, eu—"

"Entre! Não se preocupe! Estamos lidando com uma emergência de pudim de baunilha!" A voz de Ginny ecoa pelo corredor antes mesmo da porta da frente estar completamente aberta.

Harry não esperaria nada menos. Chegar a uma festa de aniversário de cinco anos com uma hora de atraso geralmente causa um caos. Ele perdeu a calma antes da tempestade e sabe que está entrando em um furacão de açúcar e mãos pegajosas. Ele vagueia pela casa, espiando os quartos vazios antes de perceber que os gritos distantes de crianças e a música pop estridente vêm da parte de trás da casa, que é de tamanho razoável.

Ele sempre foi invejoso dessa casa, com seus tetos com vigas e janelas grandes. A cozinha é ampla, com portas dobráveis que abrem toda a parede de trás para um jardim que parece ter saído diretamente da Vogue. Ginny e Pansy fizeram um bom trabalho para si mesmas, para dizer o mínimo.

Cada pedaço de tiOnde histórias criam vida. Descubra agora