Capítulo 9

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𝄞 Eu sei melhor, mas você ainda está por perto 𝄞

*

A chuva cai em torrentes quando Harry chega à Mansão.

Narcissa não é encontrada em nenhum lugar da casa. Ele corre pelo jardim em direção ao jardim de inverno, do qual emana um brilho profundo e avermelhado contra o resto do terreno, ainda envolto em escuridão.

A porta se fecha atrás dele, e Narcissa levanta o olhar da cadeira de vime ao lado de Draco. Ela tem um livro aberto em seu colo. Ela parece contente. Ele não se incomoda com um feitiço de secagem.

Draco repousa pacificamente, como sempre, enroscado nas lençóis brancos sem rugas como uma boneca de porcelana. Uma expressão serena adorna seu rosto, com os cílios macios cobrindo as maçãs do rosto salientes.

Narcissa cumprimenta Harry com um sorriso caloroso, idêntico ao de Draco em como enruga o nariz. Ele avança com cuidado, agachando-se sob plantas baixas. A chuva bate no vidro acima, a única luz vem de um pequeno orbe conjurado.

Com o coração batendo rápido pela corrida, ele pausa para recuperar o fôlego e, enquanto Narcissa está ali, revisa o plano em sua mente. Ele não vai contar a ela sobre sua descoberta no Penseira.

Ele fica em silêncio ao lado da cadeira enquanto ela continua lendo um trecho do romance, sua voz subindo e descendo com a melodia das palavras da mesma forma que Harry imagina que ela deve ter lido para ele quando era criança. Ele gosta de pensar que Draco pode ouvi-la. É sua parte favorita—onde a protagonista viaja para dentro do corpo do irmão para salvá-lo. Irônico, realmente.

Depois de terminar, ela coloca o livro na mesa ao lado de um vaso cheio de girassóis e oferece a Harry seu lugar.

"Foi encantador," diz Harry. Ela agarra suas mãos úmidas, aperta com um sorriso solene e depois sai silenciosamente. Ele espera o som da porta se fechar, o brilho de uma luz aparecer dentro da Mansão, e quando isso acontece, solta o ar que estava prendendo.

Sem perder tempo, ele faz um feitiço avançado de tranca, retira um pequeno frasco de Calmante de um bolso, um frasco de Focus Potion do outro, e os bebe de uma vez. Ele sente o líquido na parte de trás da garganta, frio e metálico, se espalhando sob a pele, deixando-o relaxado e pronto para agir.

A chuva continua a bater acima. Ele olha para Draco—que parece vulnerável, quase infantil em sua imobilidade, pálido como um fantasma sob o único orbe de luz flutuando acima. Ele respira profundamente, em vão, para acalmar seu coração acelerado.

A vida de Draco depende disso. Todos os outros esforços foram esgotados. Ele só tem uma chance.

"Perdoe-me, querido."

Com uma mão, ele ergue a varinha. Com a outra, entrelaça os dedos nos espaços da mão delicada de Draco, fechando-a ao redor da sua. A ponta da varinha treme a poucos centímetros da testa de Draco.

"Legilimens."

A luz na ponta da varinha explode ao seu redor, e num piscar de olhos, o jardim de inverno é varrido debaixo dos seus pés.

༺ ༻

Harry muitas vezes sonhou em como seria estar aqui, nas profundezas da mente de Draco Malfoy.

Um tapeçaria de elegância e opulência, talvez? Uma paisagem semelhante às pinturas que outrora adornavam as paredes de sua casa—uma infância polida, rica e mágica—perfurada por fragmentos de uma vida interrompida. Entrelaçados, haveria bolsos de amizade, paixão e aceitação, e, se Harry esperasse o suficiente, uma presença ilimitada de amor.

Ele não imaginava que seria assim.

Imediatamente, ele é atingido pela escuridão e desconforto que permeiam a mente de Draco. Um labirinto de ecos assombrados e imagens fantasmagóricas o rodeia—vislumbres de memórias surgindo das sombras.

Cada pedaço de tiOnde histórias criam vida. Descubra agora