13.O Poeta das Manhãs e um jornal muito mais ambicionado

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"Se um poema não rasgou sua alma; você não experimentou poesia." – Edgar Allan Poe.

Thomas

- Vocês viram isso? – Eduardo pergunta, entregando uma edição do jornal para Frederico. – No lado esquerdo do verso.

Estamos quase todos reunidos na cozinha, alguns sentados e outros em pé, na bagunça que sempre costuma ser a hora do café.

- "A procura de uma nova voz" – Fred lê no jornal em suas mãos. - ..."para a coluna de ficção do jornal mais ambicionado de Siena." Pelo amor de Deus. É o único jornal da cidade. – Ele torna a dobrar o monte de papel em mãos, exasperado.

- Mas aparentemente decidiram seguir nosso conselho e trabalhar um pouco mais por conta própria. – Alice comenta.

- Acha que isso tem a ver com o que aconteceu no sarau? – Maya me pergunta. – Você sabe...

- Não aconteceu nada demais. – Tranquilizo-a. – Nada do que já não tinha que acontecer.

- Thomas tem razão. – Minha irmã reafirma. – Eles até que reagiram bem. Vão seguir com os projetos deles e nós, com os nossos.

- E quais seriam esses projetos, tenente? – Frederico indaga logo antes de enfiar quase um pão inteiro na boca.

- Na verdade...- Cecília surge do corredor com uma cara transtornada. – É o chefe da redação lá na sala. Ele quer falar com o Thomas. A sós.

Me levanto sob trocas de olhares curiosas e apreensivas e saio da cozinha.

- Thomas. – Um rapaz de cabelos penteados para trás e expressão serena se prontifica antes que eu termine de chegar ao próximo cômodo. – Você não deve me conhecer, mas sou o novo chefe da redação.

Ele não me espera dizer nada enquanto continua:

- Assim que soube que você voltou quis ver com meus próprios olhos. Você é como uma lenda no jornal.

- Eu sou?

- A família Feltrim tem muita influência nessa cidade, só no ramo da cultura já são...

- Eu sou só um integrante do grêmio. – O interrompo. –Se quiser podemos falar disso.

- Ah, sim. Eu quero falar disso. – Diz. Mas então se cala e começa a olhar em volta. - A velha casa amarela...como a conseguiram?

- Eu...

- Você herdou de seu pai, não foi?

- Perdão, mas o que exatamente você quer?

Ele sustenta meu olhar incrédulo por um momento e em seguida solta uma risada despreocupada.

- Em outro momento, então. Precisamos desfazer o mal-entendido com relação a Escala.

- Não houve mal entendido. – Digo, um tanto impaciente. - Acabou.

- Me desculpe perguntar, - Ele ri. – mas, então como pretendem se manter na cidade?

- Nós já temos alguma ideia, não se preocupe.

- Sim, eu me preocupo. – Rebate. – Foi uma decisão irresponsável de vocês.

- Como?

- É muito melhor que sejam nossos aliados. Pode não achar isso porque chegou agora...

- Mas eu não cheguei agora. – Suspiro. - Eu estava aqui quando o grupo foi criado. Por isso sei a diferença.

Ele parece pensar numa resposta que continue favorecendo seus argumentos, mas não diz nada. Continuo:

- Nós podemos compartilhar com vocês nossas novas ideias de trabalho. Tudo será a metade do que costumava ser e prioritariamente voltado para crianças e adolescentes.

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