Capítulo 34: Um Novo Caminho

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O amanhecer chegou sem que Nina tivesse pregado os olhos. O peso da decisão de matar o próprio pai ainda pairava sobre ela, esmagando qualquer esperança de encontrar consolo. O sol entrou pela janela, banhando o quarto em uma luz suave, mas ela não sentia o calor. Tudo parecia frio, vazio.

Ela se levantou lentamente, seu corpo dolorido e pesado. Ao olhar no espelho, os olhos cansados e vermelhos a encararam de volta. Não era a mesma Nina que tinha chegado à mansão semanas antes. Aquela Nina estava morta, enterrada junto com as memórias de sua antiga vida. O que restava era alguém que ainda tentava descobrir quem seria.

Enquanto descia as escadas, o som de vozes baixas ecoava pela casa. Ela podia ouvir Hana e Yumi conversando na cozinha, o riso de Nikolai cortando o ar silencioso, como se a vida lá fora continuasse, alheia ao caos que se desenrolava dentro dela.

Nina hesitou na porta da cozinha, ouvindo fragmentos da conversa. Elas falavam sobre as tarefas do dia, as responsabilidades que precisavam ser cumpridas, como se tudo fosse normal. Mas nada parecia normal para ela. Ao se aproximar, Hana olhou para cima, notando sua presença.

"Bom dia," disse Hana, com um sorriso gentil, mas seus olhos pareciam estudar Nina com cuidado. "Como você está?"

Nina apenas deu de ombros, sem palavras para descrever o turbilhão que sentia por dentro. Yumi observou em silêncio, mas havia um entendimento em seus olhos. Ela já tinha passado por situações semelhantes, e não havia muito que pudesse ser dito para aliviar o que Nina estava passando.

"Você não precisa fingir que está tudo bem," disse Hana, sua voz mais suave agora. "Sabemos que o que você fez... é uma cicatriz que vai levar tempo para curar."

Nina assentiu levemente, mas não confiava em sua própria voz para responder. Hana se aproximou dela, segurando suavemente sua mão.

"Sei que parece impossível agora, mas você vai encontrar uma maneira de lidar com isso," continuou Hana. "E você não está sozinha."

O toque de Hana trouxe um pequeno alívio à dor de Nina, mas não o suficiente para afastar a escuridão que a envolvia. Mesmo assim, ela tentou se concentrar nas palavras de Hana. Ela precisava acreditar que, de alguma forma, sairia dessa situação. Que não estava perdida para sempre.

De repente, Daniil apareceu na porta, sua presença enchendo a sala de uma tensão palpável. Ele olhou diretamente para Nina, e por um momento, o silêncio caiu entre todos. Ele sabia que ela ainda estava fragilizada, e suas palavras, ou a falta delas, mostravam o quanto ele queria apoiá-la, mesmo que não soubesse como.

"Dmitri está chamando a gente no escritório," disse ele finalmente, quebrando o silêncio. "Ele quer conversar."

Nina sentiu um frio na espinha. Dmitri raramente convocava reuniões, e quando o fazia, nunca era por algo trivial. Ela trocou um olhar com Hana, que apenas assentiu, como se dissesse que ela estava ao seu lado, independentemente do que acontecesse.

Ao entrar no escritório de Dmitri, o ambiente estava carregado de seriedade. Dmitri estava sentado atrás da mesa, os olhos fixos em Nina e Daniil enquanto entravam. Ele não parecia zangado, mas havia uma dureza em seu olhar que deixava claro que ele estava lidando com algo delicado.

"Eu soube o que aconteceu ontem à noite," disse Dmitri, sem rodeios. "E preciso que você entenda algo, Nina."

Ela se encolheu levemente sob o olhar intenso dele, mas manteve-se firme, sabendo que tinha que encarar o que estava por vir.

"Você fez o que precisava ser feito," continuou Dmitri, sem emoção. "Mas isso não significa que o preço não será alto."

Nina não sabia o que esperar. Sabia que estava envolvida no mundo dos Dragunov de uma forma que não poderia escapar, mas não sabia que consequências aquilo traria. Daniil se aproximou, colocando a mão suavemente no ombro dela, como um sinal de apoio silencioso.

Cavalheiro do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora