Capítulo 6: A Proposta

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O silêncio no galpão era quase insuportável. Nina não tinha a menor noção de quanto tempo havia passado desde que Daniil a deixara sozinha. O relógio em seu pulso estava parado, provavelmente danificado durante a confusão. Tudo o que ela podia fazer era esperar e lutar contra a sensação crescente de desespero que a envolvia.

Ela não era uma garota ingênua. Sabia que seu pai não era um homem perfeito, mas nunca havia suspeitado que ele estivesse envolvido com o submundo do crime. Agora, estava claro que ela havia sido mantida no escuro, usada como uma peça descartável em um jogo muito mais perigoso do que poderia imaginar.

De repente, o som de passos do lado de fora a fez endireitar-se, o coração batendo mais rápido. A porta do galpão se abriu com um ranger baixo, e Daniil entrou novamente. Dessa vez, ele trazia uma bandeja de comida em uma das mãos, e seu rosto mantinha a mesma expressão impassível de antes.

"Coma", disse ele, colocando a bandeja sobre a mesa de madeira improvisada. "Você vai precisar de energia."

Nina lançou-lhe um olhar de desprezo, mas o estômago vazio falou mais alto. Mesmo com todo o ódio que sentia, sabia que não podia se dar ao luxo de recusar comida. Levantando-se devagar, ela caminhou até a mesa e se sentou, mantendo a cabeça erguida, recusando-se a mostrar fraqueza.

Daniil a observava enquanto ela começava a comer, o olhar atento e cauteloso, como se estivesse esperando algum tipo de reação inesperada. O silêncio entre os dois era pesado, cheio de tensão não resolvida.

"Por que você está me mantendo aqui?" Nina finalmente perguntou, sua voz firme apesar do medo. "Você quer apenas usar meu pai ou há algo mais nisso?"

Daniil inclinou-se contra a parede, cruzando os braços. "Seu pai fez promessas que não cumpriu. Ele negociou com homens poderosos, fez inimigos dentro da Bratva. Agora, ele precisa pagar por isso, e você é a garantia de que ele vai fazer o que precisa."

"Que tipo de promessas?" Ela pressionou, seu estômago revirando ao pensar em como estava envolvida nessa confusão.

"Dinheiro, poder, território... coisas que ele achava que podia controlar, mas que saíram do alcance dele. Agora, estamos em um impasse. Ele precisa nos pagar, e enquanto isso não acontecer, você fica aqui."

Nina largou o garfo com um estalo, empurrando a bandeja para longe. "Eu não tenho nada a ver com isso. Não é justo me envolver nos erros dele."

Daniil caminhou até ela, inclinando-se sobre a mesa para encará-la de perto. "Justiça não tem lugar nesse mundo, Nina. Você pode não ter pedido para estar aqui, mas agora faz parte do jogo. Seu pai causou isso."

Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas manteve o olhar firme, não disposta a se deixar intimidar.

Ele recuou, respirando fundo, como se tentasse controlar algo dentro de si. "Escuta... sei que você não tem culpa, e não estou aqui para te machucar. Mas as coisas estão complicadas demais para resolver de outra forma."

Nina se levantou, enfrentando-o com um olhar desafiador. "Então, qual é o plano? Me manter aqui para sempre até que ele resolva as coisas? E se ele não puder? O que acontece comigo?"

Daniil ficou em silêncio por um momento, os olhos escuros analisando-a com atenção. "Isso vai depender das escolhas que ele fizer. E das suas também."

Ela cruzou os braços, não gostando nem um pouco da forma como ele a olhava. "Minhas escolhas?"

"Você não é uma prisioneira qualquer, Nina. Pode se adaptar à situação, aprender a sobreviver nesse novo mundo. Seu pai pode não te ter contado, mas agora você faz parte dele, queira ou não."

Cavalheiro do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora