Capítulo 21: Sob o Véu da Realidade

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O carro seguia pela estrada deserta, o motor rugindo suavemente enquanto as três mulheres permaneciam em silêncio. Hana estava ao volante, focada, enquanto Yumi se mantinha ao lado, olhando pela janela como se já estivesse habituada àquela rotina. Nina, no banco de trás, se sentia desconfortável, seu estômago embrulhado com a sensação de algo terrível prestes a acontecer. Ela não sabia para onde estavam indo, mas o ar ao redor estava carregado de tensão.

"Isso não vai demorar," disse Hana calmamente, sem desviar os olhos da estrada. "É algo que você precisa ver."

Nina lançou um olhar nervoso para Yumi, que apenas deu de ombros, sem oferecer nenhuma palavra de conforto. O ambiente entre elas estava mais sombrio do que nunca, como se o mundo que Nina mal começava a entender estivesse prestes a engoli-la por completo.

Quando chegaram ao destino, Nina percebeu que estavam diante de um galpão enorme e abandonado. O local parecia isolado, longe da civilização, cercado por escuridão e o cheiro metálico da ferrugem. As paredes estavam desgastadas, com pedaços de concreto caindo e janelas quebradas, como se aquele lugar estivesse esquecido há anos. Hana e Yumi saíram do carro em silêncio, e Nina as seguiu hesitante.

Ao entrarem no galpão, um cheiro insuportável invadiu suas narinas. Era um misto de sangue, suor e metal. As luzes fracas iluminavam o espaço, revelando instrumentos de tortura espalhados pelas paredes e mesas de metal. O coração de Nina começou a bater mais rápido, a ansiedade se transformando em pânico. Ela quis voltar, sair correndo dali, mas suas pernas pareciam presas ao chão.

"Você precisa ver o que esse mundo realmente é, Nina," disse Yumi, com uma voz baixa e fria. "Não é só glamour e poder."

Hana levou Nina até o centro do galpão, onde um homem estava amarrado a uma cadeira de metal, suas mãos e pernas presas com correntes pesadas. O corpo dele estava parcialmente coberto de ferimentos abertos. Partes da pele haviam sido arrancadas, revelando carne viva e sangrenta. O homem respirava com dificuldade, seus olhos suplicando por qualquer alívio, mas ali não havia compaixão. Somente dor.

Nina parou bruscamente ao ver a cena, seu corpo tremendo involuntariamente. O horror da visão a atingiu como um golpe, e ela quase perdeu o equilíbrio. "Meu Deus... o que... o que é isso?" sua voz saiu em um sussurro trêmulo.

"Isso é o que acontece com aqueles que traem, ou aqueles que se colocam no caminho errado," explicou Hana, com uma calma assustadora. "Esse homem cometeu erros que ele não deveria. E agora... ele paga por isso."

"Vocês... vocês fazem isso o tempo todo?" Nina mal conseguia respirar. O ar ao seu redor parecia rarefeito, como se o próprio ambiente estivesse a sufocando.

"Não o tempo todo," respondeu Yumi, seus olhos fixos no homem à frente delas. "Mas quando é necessário. E aqui, Nina, você vai perceber que ser necessário é mais comum do que parece."

Nina sentiu um frio cortante subir por sua espinha. As palavras de Yumi, combinadas com o que via diante de si, eram um choque brutal de realidade. Ela já sabia que estava envolvida em algo perigoso, mas aquilo era demais. Era como se o véu tivesse sido arrancado, revelando uma face sombria do mundo no qual havia sido arrastada.

O homem na cadeira gemeu de dor, e Nina instintivamente deu um passo para trás. Ela queria desviar o olhar, fugir, mas era como se algo a mantivesse presa ali. Aquela era uma parte do mundo de Daniil, de Dmitri, de Hana... e agora, de certa forma, também era o mundo dela.

"Não pense que isso é diversão," disse Hana suavemente. "Não é sobre prazer. É sobre sobrevivência. No nosso mundo, você sobrevive ou cai. E para sobreviver, às vezes é preciso fazer escolhas difíceis."

Cavalheiro do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora