Capítulo 30: Revelações Silenciosas

2 0 0
                                    

Depois de alguns momentos, enquanto a respiração deles começava a se estabilizar, Daniil se deitou ao lado de Nina, puxando-a para mais perto. Ele a envolveu em seus braços, seu olhar suave e carinhoso.

"Você foi incrível," ele sussurrou, acariciando o cabelo dela com delicadeza. A intensidade que antes preenchia o ar, agora dava lugar a uma atmosfera mais íntima e tranquila.

Nina permaneceu em silêncio, seus pensamentos em um turbilhão. O calor do corpo de Daniil ao lado dela a mantinha ancorada à realidade, mas sua mente vagava, tentando processar tudo o que havia acontecido nas últimas horas — nos últimos dias, até.

Ela não sabia o que pensar ou como se sentir. Aquilo não era o que ela queria, pelo menos não do jeito que aconteceu. Mas, ao mesmo tempo, havia uma conexão inegável entre eles, algo visceral que ela não conseguia mais ignorar. Ainda assim, uma parte dela se sentia vulnerável, como se tivesse cedido a algo muito maior do que simplesmente desejo.

"Por que eu?" ela finalmente perguntou, sua voz baixa, quase quebrada. "Por que você está fazendo isso comigo?"

Daniil respirou fundo, seu olhar ficando mais sério. Ele se mexeu, apoiando-se em um cotovelo enquanto olhava para ela. "Porque você é diferente, Nina," ele respondeu, seu tom sincero, mas carregado de algo que ela ainda não compreendia completamente. "Você não faz parte desse mundo... e ao mesmo tempo, eu sinto que você pertence a ele."

Ela balançou a cabeça, tentando processar aquelas palavras. "Eu não pertenço a isso, Daniil. Eu nunca pedi por isso, nunca quis estar aqui. E agora... eu nem sei mais quem sou."

Ele deslizou a mão pelo rosto dela, levantando o queixo suavemente para que ela o encarasse. "Você ainda é você, Nina. Mas o mundo em que vivemos tem um jeito cruel de nos transformar. Eu já vi isso acontecer muitas vezes."

"Mas eu não quero me transformar," ela murmurou, sua voz carregada de angústia. "Eu não quero me tornar parte disso."

Daniil suspirou, sua expressão ficando levemente sombria. "Às vezes, não temos escolha. Às vezes, o mundo nos empurra para caminhos que nunca imaginamos seguir. Mas isso não significa que você precise se perder no processo."

O silêncio pairou entre eles por um longo momento. As palavras de Daniil ecoavam na mente de Nina, mas ela ainda se sentia presa, como se estivesse em uma encruzilhada, sem saber para onde ir. Ela queria fugir, mas ao mesmo tempo, havia algo nele que a mantinha ali, algo que a fazia querer entender mais.

"Então, o que vai acontecer agora?" ela perguntou finalmente, sua voz suave, quase temerosa da resposta.

Daniil a puxou mais perto, seu corpo quente contra o dela. "Agora... nós seguimos em frente. Não há como voltar atrás, Nina. Você já faz parte disso, quer goste ou não."

Ela sentiu o peso daquelas palavras, mas algo dentro dela relutava em aceitar. "Eu ainda não entendo você, Daniil. Por que você simplesmente não me deixou ir embora? Se eu sou apenas uma peça no seu jogo... por que eu?"

Ele fechou os olhos por um breve momento, como se estivesse lutando com algo dentro de si. Quando os abriu novamente, havia uma vulnerabilidade ali que ela ainda não tinha visto. "Porque... talvez eu precise de você tanto quanto você acha que precisa de mim."

Nina franziu a testa, surpresa com a confissão. "O que você quer dizer com isso?"

Daniil suspirou, olhando para o teto, como se as palavras fossem difíceis de encontrar. "Eu sempre fui o irmão mais novo, sempre fui o que seguiu as ordens, o que cumpria o dever sem questionar. Mas você... você me faz questionar tudo. Me faz querer mais. E isso é perigoso, Nina. Para mim e para você."

Ela ficou em silêncio, processando o que ele acabara de dizer. Havia mais profundidade em Daniil do que ela imaginava. Mais do que apenas o criminoso que ela via na superfície.

"Eu não sei se consigo ser o que você quer que eu seja," ela admitiu, a honestidade em sua voz ecoando pelo quarto.

Ele a beijou suavemente na testa, fechando os olhos. "Você não precisa ser nada além de você mesma."

Mas mesmo com aquela promessa, Nina sentia o peso do futuro que a aguardava.

Nina permaneceu quieta, as palavras de Daniil ecoando na sua mente. Ser ela mesma. O que isso realmente significava agora? O mundo em que ela estava se tornando parte parecia cada vez mais sombrio e distorcido, mas ao mesmo tempo, ela não conseguia negar a atração que sentia por Daniil, nem o magnetismo intenso que ele tinha sobre ela.

Ela deslizou seus dedos pelo peito dele, sentindo os músculos se moverem sob sua pele enquanto ele a segurava, firme e protetor. Por um instante, ela quase desejou que o mundo fora daquele quarto deixasse de existir — que tudo fosse apenas o calor deles dois, a conexão intensa que parecia queimar entre eles.

"Eu não sei o que vai acontecer agora, Daniil," ela disse, finalmente quebrando o silêncio. "Mas eu sei que não posso mais voltar atrás."

Daniil a observou por alguns momentos, seu olhar penetrante e enigmático. "Você vai se acostumar," ele disse, sua voz baixa, mas confiante. "Você pode até não perceber agora, mas você é mais forte do que imagina. E eu vou estar aqui para te ajudar."

Ela o encarou, tentando encontrar qualquer sinal de falsidade ou manipulação naquelas palavras, mas tudo o que viu foi a mesma intensidade de sempre — um misto de desejo e uma espécie de proteção que ela não esperava.

"Me ajudar a quê?" ela perguntou, sua voz carregada de incerteza.

"Sobreviver," ele respondeu, sem hesitar. "A este mundo. Às escolhas que você vai ter que fazer. E, talvez, sobreviver a mim."

Nina sentiu um arrepio percorrer sua espinha. As palavras de Daniil eram uma promessa e uma ameaça ao mesmo tempo. Mas, de algum modo, ela sabia que ele falava a verdade. Ele não era um homem que se escondia atrás de mentiras doces. Havia perigo ali — mas também havia algo mais profundo. Algo que ela não conseguia nomear ainda.

"Você acha que eu vou precisar sobreviver a você?" ela provocou, com uma leve risada nervosa.

"Eu sou perigoso, Nina. Mais perigoso do que você pode imaginar," ele respondeu, seu tom ficando mais sombrio. "E o que sinto por você... é complicado."

Nina sentiu seu coração acelerar. Ela sabia que estava mergulhando em águas profundas e turvas, mas a verdade é que parte dela já havia decidido. Ela não era mais a mesma Nina de antes. Algo dentro dela havia mudado, e aquela transformação a assustava, mas também a excitava.

Daniil a puxou mais para perto, segurando sua cintura com firmeza, seus lábios perigosamente próximos dos dela. "Você tem ideia do que está se metendo?" ele sussurrou.

"Eu não tenho certeza," ela admitiu. "Mas talvez eu queira descobrir."

Ele sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo cínico e cheio de desejo. "Então, estamos no mesmo barco," ele murmurou antes de beijá-la novamente, sua mão segurando o rosto dela com um toque quase possessivo.

O beijo era diferente desta vez — menos urgente, mas mais profundo, como se Daniil estivesse mostrando uma parte de si que ele raramente revelava. E por um momento, tudo o que existia era o calor entre eles, os corpos entrelaçados em um misto de paixão e algo que eles ainda não compreendiam completamente.

Mas, eventualmente, eles se afastaram, a respiração de ambos pesada. Daniil olhou para Nina com um olhar que a fez estremecer de novo.

"Não se esqueça," ele disse, sua voz rouca. "Eu posso ser seu maior aliado ou seu pior inimigo. A escolha é sua."

Nina segurou o olhar dele, sem vacilar. "Eu vou escolher, Daniil. Mas talvez a escolha já tenha sido feita."

Ele não respondeu, mas o sorriso que ele lhe deu foi enigmático, cheio de promessas e perigos que ela sabia que logo teria que enfrentar.

Cavalheiro do InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora