Capítulo 10

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A convivência dos dois havia realmente melhorado muito, John a tratava melhor e ela também não usava mais de ironias para incomodá-lo, era como se não fosse mais necessário

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A convivência dos dois havia realmente melhorado muito, John a tratava melhor e ela também não usava mais de ironias para incomodá-lo, era como se não fosse mais necessário. Porém não podia esquecer-se do motivo que estava ali; dinheiro.

Aquilo a incomodava mais do que parecia, pois ao mesmo tempo que sabia que teria de partir logo, um pedacinho seu não queria ir embora dali, como se soubesse no fundo, que nunca deveria ter ido embora daquela cidade, daquela casa.

Aquela noite era morna e aconchegante, lembrava-a das vezes que saía para passear nos bares, era divertido. Nem pensara em procurar seus amigos da adolescência, estariam eles em Barreiros ainda? Provavelmente alguns sim.

Sentia-se mais entediada do que o normal, talvez fosse um pouco de ansiedade, uma coisa pinicava sob sua pele. Estava no quarto sozinha e nenhum livro seria capaz amenizar sua inquietação. Decidiu que iria sair um pouco, faria bem e não custaria nada.

Será que John a acompanharia? Seria bom e interessante.

Logo batia na porta do escritório pois sabia que ele estaria ali. Ouvi-o dizer que podia entrar.

– Hoje é uma noite boa e propícia para uma saída.

Disse ela sentando-se no sofá de couro ao canto do escritório. John levantou os olhos do notebook para observá-la; ali parecia estar a antiga Lizzy, espoleta e entediada, sempre procurando encrenca. Vestido branco solto na altura das coxas e pés descalços. O tédio transparecia no rosto bonito de nariz filado e lábios cheios bem desenhados.

– Está me pedindo permissão para sair? Não sou seu pai, se quiser ir, vá.

– Graças a Deus que não é meu pai. Mas não é isso... Queria saber se quer sair.

Ele arqueou as sobrancelhas, um mínimo sorriso no canto dos lábios.

– Está me convidando para sair então? – o tom era cômico.

– Está chocado? Sou muito moderna para você? Cuidado, não vá cair duro no chão e bater essa cabeça oca.

John recostou-se na cadeira rindo da situação.

– Acha que sou o quê? Um homem das cavernas?

– Bom, um homem das cavernas não, mas tem umas coisinhas aí meio arcaicas no seu jeito, com toda certeza.

– Papo de mulher de cidade grande.

– Isso é um exemplo dessas coisinhas – proferiu ela levantando e apontando pra ele – Tem umas falas bem misóginas às vezes.

– Então acha que não gosto de mulheres?

– Ah, sei que gosta. Mas acha que são todas interesseiras. As da cidade grande então! Umas bruxas sanguessugas!

John levantou-se vindo até ela, aquilo fez o coração dela palpitar por um segundinho.

– Você não me conhece, Elizabeth.

Coração de Ferro | Keanu ReevesOnde histórias criam vida. Descubra agora