Capítulo 3

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 "Vou transformar a vida dele num completo inferno", era o que Elizabeth pensava enquanto o observava ao longe

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"Vou transformar a vida dele num completo inferno", era o que Elizabeth pensava enquanto o observava ao longe. Mordia sua maçã verde e sorria em seu mastigar. "Posso não ter dinheiro, mas tenho cara de pau." Ela riu e meneou a cabeça, seus pensamentos eram desastrosos às vezes e na noite passada pensou em desistir disso tudo, mas quando o sol raiou o desespero também voltou, decidiu que não deixaria aquele homem carrancudo arruinar seus planos.

John treinava uma égua dentro do cercado, adestrar cavalos não era fácil, o admirou por um segundo. Talvez ele não fosse tão bruto ou arrogante o tempo todo, provavelmente guardava todo aquele rancor para ela, porque não tinha boas memórias dela, nunca foram próximos.

Sim, ela admitia, não havia o tratado muito bem.

Contudo, ele não fora agressivo quando disse que ficaria alguns dias, pensou que a enxotaria casa afora, mandando seus criados a expulsarem com socos e pontapés, porém não foi o que aconteceu. Viu que não ficou nada contente, mas consentiu, talvez ele também tivesse a sensação de que Lizzy morara ali e tinha direito de ficar na casa, pelo menos um pouco... Mas então, por que não lhe liberava logo as terras? Assim iria embora de uma vez, duvidada que aquele dinheiro o faria grande falta.

Era um jogo, ela sabia. Orgulho, raiva, remorso. Ele descontaria nela pelas coisas que o fizeram, pois a via como uma riquinha mimada da cidade grande. Tinha de rir, pois nunca fora, nem seria, apanhou muito da vida e não aprendeu nada com isso. Por isso estava ali, agora, humilhando-se, chegava a ser ridículo.

No café da manhã ele não estava, antes das seis já havia partido para a lida e quando se encontraram próximo a entrada dos fundos, a ignorou, porém ela fez questão de cumprimentá-lo. John poderia ser o mais carrasco, mas Lizzy não se abateria, nunca.

Perturbaria, encheria o saco o máximo possível. Isso fazia com maestria, era doutorada em aporrinhar os outros, então tiraria de letra. Ficar na cola dele parecia um pouco amedrontador, mas o quê ele faria contra ela? O máximo seria mandá-la embora dali.

– Menina Lizzy, doutor Vidigário chegou.

A mulher virou na direção de Dona Antônia, agradeceu e a abraçou ternamente.

– Ele está a esperando no escritório.

– Grata.

E logo encontrava-se com o homem de aparente sessenta anos, terno e gravata, pasta em mãos, quem lhe entregou um papel e começou a explicar e explicar e explicar.

Lizzy assentia de maneira cansada, uma dor de cabeça querendo despontar.

– Tudo isso pra me dizer que não tenho direito direto às terras? – perguntou um tanto nervosa.

– Sim, senhorita Elizabeth. Aqui está uma cópia do testamento, sua mãe tinha um tempo determinado para proclamar as terras e não o fez.

Ela pegou aquele papel e sem dar muita trela o pôs sobre a mesa bem polida.

Coração de Ferro | Keanu ReevesOnde histórias criam vida. Descubra agora