"Vou transformar a vida dele num completo inferno", era o que Elizabeth pensava enquanto o observava ao longe. Mordia sua maçã verde e sorria em seu mastigar. "Posso não ter dinheiro, mas tenho cara de pau." Ela riu e meneou a cabeça, seus pensamentos eram desastrosos às vezes e na noite passada pensou em desistir disso tudo, mas quando o sol raiou o desespero também voltou, decidiu que não deixaria aquele homem carrancudo arruinar seus planos.
John treinava uma égua dentro do cercado, adestrar cavalos não era fácil, o admirou por um segundo. Talvez ele não fosse tão bruto ou arrogante o tempo todo, provavelmente guardava todo aquele rancor para ela, porque não tinha boas memórias dela, nunca foram próximos.
Sim, ela admitia, não havia o tratado muito bem.
Contudo, ele não fora agressivo quando disse que ficaria alguns dias, pensou que a enxotaria casa afora, mandando seus criados a expulsarem com socos e pontapés, porém não foi o que aconteceu. Viu que não ficou nada contente, mas consentiu, talvez ele também tivesse a sensação de que Lizzy morara ali e tinha direito de ficar na casa, pelo menos um pouco... Mas então, por que não lhe liberava logo as terras? Assim iria embora de uma vez, duvidada que aquele dinheiro o faria grande falta.
Era um jogo, ela sabia. Orgulho, raiva, remorso. Ele descontaria nela pelas coisas que o fizeram, pois a via como uma riquinha mimada da cidade grande. Tinha de rir, pois nunca fora, nem seria, apanhou muito da vida e não aprendeu nada com isso. Por isso estava ali, agora, humilhando-se, chegava a ser ridículo.
No café da manhã ele não estava, antes das seis já havia partido para a lida e quando se encontraram próximo a entrada dos fundos, a ignorou, porém ela fez questão de cumprimentá-lo. John poderia ser o mais carrasco, mas Lizzy não se abateria, nunca.
Perturbaria, encheria o saco o máximo possível. Isso fazia com maestria, era doutorada em aporrinhar os outros, então tiraria de letra. Ficar na cola dele parecia um pouco amedrontador, mas o quê ele faria contra ela? O máximo seria mandá-la embora dali.
– Menina Lizzy, doutor Vidigário chegou.
A mulher virou na direção de Dona Antônia, agradeceu e a abraçou ternamente.
– Ele está a esperando no escritório.
– Grata.
E logo encontrava-se com o homem de aparente sessenta anos, terno e gravata, pasta em mãos, quem lhe entregou um papel e começou a explicar e explicar e explicar.
Lizzy assentia de maneira cansada, uma dor de cabeça querendo despontar.
– Tudo isso pra me dizer que não tenho direito direto às terras? – perguntou um tanto nervosa.
– Sim, senhorita Elizabeth. Aqui está uma cópia do testamento, sua mãe tinha um tempo determinado para proclamar as terras e não o fez.
Ela pegou aquele papel e sem dar muita trela o pôs sobre a mesa bem polida.
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Coração de Ferro | Keanu Reeves
RomanceElizabeth era alma de fogo, John coração de ferro. Ambos tão diferentes, mundos diferentes, mas compartilhavam de perdas recentes, cada um com seus problemas pessoais. Um acaso do destino os pôs frente a frente mas as primeiras impressões não foram...