Capítulo 1

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OIE AMORINHAAAASSSS....

Esse foi um pequeno surto que eu tinha escrito há um tempo atrás e decidi postar. É uma fic curtinha de apenas 9 capítulos que serão postados semanalmente, todas as terças-feiras, à 0:00. Espero que gostem e em breve voltarei com uma nova...

BEIJOS...AMORA RIVERA

O som dos saltos de Miranda ecoava pelos corredores impecáveis da Runway enquanto ela caminhava em direção à sua sala. O ritmo era firme, decidido, como sempre. Mas Nigel, que a observava com atenção à distância, sabia que algo estava diferente. Havia uma leve hesitação em cada passo. Não era algo que qualquer um perceberia, mas ele conhecia Miranda Priestly bem demais para não notar.

Ele entrou logo atrás dela no escritório, fechando a porta sem fazer barulho. Miranda já estava atrás de sua mesa, ajustando os papéis e se preparando para mais um dia intenso. Ele sabia que ela estava se escondendo atrás da fachada impenetrável de profissionalismo, como sempre fazia quando algo a perturbava. E ultimamente, esse "algo" tinha um nome: Andrea Sachs.

Nigel cruzou os braços e a observou por um momento antes de finalmente falar, o tom calmo, mas incisivo, carregado de uma verdade que ele sabia que Miranda estava tentando ignorar.

- Miranda, querida, - ele começou, escolhendo as palavras com cuidado. - Por quanto tempo mais você vai continuar fingindo que não está apaixonada por Andrea?

Miranda parou abruptamente, os dedos ainda segurando o bloco de notas que havia começado a revisar. Ela não olhou para ele imediatamente, como se precisasse de alguns segundos para absorver a pergunta — ou para manter a compostura. Seus ombros ficaram rígidos, e o ar ao seu redor pareceu pesar com a tensão que ela claramente tentava suprimir.

- Eu não sei do que você está falando, Nigel. - Sua voz saiu fria e controlada, a máscara de autoridade firmemente no lugar.

Nigel sorriu, sem um pingo de surpresa com a reação. Ele se aproximou da mesa dela, apoiando as mãos no encosto de uma cadeira próxima.

- Você sabe exatamente do que eu estou falando, Miranda. E não precisa fingir comigo. Andrea não é apenas mais uma assistente para você, e acho que todo mundo que trabalha aqui já percebeu isso, exceto, claro, a própria Andrea.

Miranda finalmente levantou os olhos, seus orbes cinzentos e afiados como lâminas se fixando nos de Nigel.

- Você está ultrapassando os limites. - ela avisou, mas Nigel apenas levantou uma sobrancelha, desafiando-a a ser honesta, não com ele, mas consigo mesma.

- Por favor, Miranda...- ele continuou, imperturbável. - Eu conheço você há tempo suficiente para ver quando algo está fora do lugar. E dessa vez, o que está fora do lugar... é você. Toda essa irritação, essa frustração que você despeja em cima de Andrea? Não é profissional, e você sabe disso. É porque você está lutando contra algo que sente. Algo que te assusta mais do que qualquer outra coisa.

Miranda apertou os lábios, suas feições endurecendo como se, por pura força de vontade, ela pudesse afastar qualquer ideia de vulnerabilidade. Mas Nigel não desistiria. Ele já havia passado por muitas coisas ao lado de Miranda e sabia que, nesse momento, ela precisava ouvir a verdade, mesmo que não quisesse.

- Você a observa de um jeito que nunca vi você observar ninguém. - A voz de Nigel suavizou, mas continuou firme. - Você se importa com os detalhes: o jeito que ela respira, o modo como ela te desafia sem medo, como o sorriso dela ilumina o ambiente quando você faz algo que a surpreende... Isso tudo mexe com você, e você não consegue mais esconder.

O silêncio entre eles se tornou pesado, espesso. Miranda desviou o olhar por um breve momento, seus olhos encontrando a janela, como se buscassem algum tipo de refúgio. Mas não era o suficiente para esconder a fração de verdade que atravessou seu rosto, algo que Nigel, sendo tão atento, não deixou passar.

- Você sabe tão bem quanto eu, Nigel. - ela finalmente murmurou, a voz firme, mas um pouco mais baixa. - Que não posso me dar ao luxo de ter fraquezas.

Nigel inclinou a cabeça, sua expressão se suavizando ao perceber a confissão sutil.

- E por que amar alguém seria uma fraqueza, Miranda? Você viveu tanto tempo nessa armadura que esqueceu o que é sentir. E agora, Andrea está quebrando essa armadura, e você está com medo de se ver sem ela.

Miranda soltou um suspiro quase imperceptível, apertando a ponte do nariz — um raro gesto de exaustão que Nigel apenas viu poucas vezes.

- Ela é... jovem demais, Nigel. Ingênua. Impulsiva.

Nigel soltou uma risada baixa, mas cheia de ternura.

- Jovem, talvez. Mas ingênua? Não, não mais. Ela cresceu, e você sabe disso. Ela te entende de uma forma que poucas pessoas sequer tentariam. E é exatamente por isso que você está assustada.

Miranda abriu os olhos lentamente, encarando-o. Havia um turbilhão de emoções dançando por trás do olhar normalmente impenetrável. Sua voz saiu mais baixa, quase hesitante, carregada de um medo que raramente se permitia sentir.

- E se você estiver certo? - ela perguntou, quase num sussurro. - Se eu... estiver apaixonada por ela?

Nigel sorriu, um brilho suave de compreensão e solidariedade nos olhos.

- Então, talvez, seja hora de parar de se esconder de si mesma e de Andrea. Porque, minha querida, você merece sentir isso. E Andrea? - Ele deu de ombros com um sorriso compreensivo. - Ela já está esperando por você, mesmo que ainda não saiba disso.

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