Capítulo 2

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Narrador

Ter.,
15/03/22.

Arthur estava deitado em sua cama, o olhar fixo no teto, tentando organizar os pensamentos que se agitavam em sua mente. Desde o encontro inesperado com Lucas na hora do almoço, uma série de sentimentos confusos o invadia. Ele não conseguia entender por que Lucas o intrigava tanto, mas não conseguia parar de pensar nele.

Foi então que a porta do quarto se abriu suavemente, revelando Alice. Ela tinha um sorriso travesso no rosto e segurava um pacote de biscoitos.

- Trouxe um suborno pra ver se você sai dessa caverna e conversa comigo - disse ela, jogando o pacote na cama.

Arthur deu um sorriso de canto e se sentou, sabendo que sua irmã sempre conseguia arrancar um pouco de leveza até nos dias mais pesados. Alice era sua confidente, a única pessoa com quem ele se sentia completamente à vontade para ser ele mesmo.

- O que você quer? - perguntou, fingindo desconfiar.

- Saber como foi o seu segundo dia de aula, oras! Você tá todo esquisito desde que chegou. Vai me contar ou vou ter que te ameaçar com mais biscoitos? - Ela se sentou na ponta da cama, olhando para ele com curiosidade.

Arthur suspirou. Ele sempre compartilhava tudo com Alice, então não fazia sentido esconder o que estava sentindo agora, mesmo que fosse confuso.

- Bom, teve uma coisa meio estranha hoje - começou ele, hesitante. Alice o observava atentamente, pronta para escutar cada palavra. - O Lucas, aquele capitão do time de futebol... Ele veio falar comigo na hora do almoço. E foi... estranho. Quer dizer, ele é o tipo de garoto popular, rodeado de gente, mas ele parecia... diferente.

Alice arqueou as sobrancelhas, surpresa.

- Sério? O Lucas Oliveira, o deus do futebol da escola, foi falar com você? Nossa, você tá fazendo sucesso - brincou, mas logo voltou ao tom sério ao perceber que Arthur estava incomodado.

- Não é isso. É que... eu não sei explicar. Ele parece ser uma coisa, mas quando conversou comigo, era como se ele fosse... outro. Eu não sei por que ele veio falar comigo, mas não consigo parar de pensar nisso - Arthur admitiu, passando a mão pelos cabelos, claramente frustrado.

Alice ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras do irmão. Ela conhecia Arthur melhor do que ninguém e sabia que, quando ele ficava assim, era porque algo realmente o estava mexendo com ele.

- Você tá confuso sobre ele, né? - disse ela, com um olhar compreensivo. - Tipo, ele é o cara que todo mundo adora, mas você sente que tem mais coisa aí.

Arthur assentiu lentamente, sem saber exatamente como colocar tudo o que sentia em palavras.

- E, não sei, eu sinto que tem algo mais... mais profundo. Como se ele estivesse escondendo algo de todo mundo. E isso me faz querer entender, me faz querer saber o que é - ele disse, baixando o olhar para o chão. - E eu não sei se estou confundindo as coisas... Se estou só curioso ou se... se é mais do que isso.

Alice deu um sorriso gentil e se aproximou mais, colocando uma mão no ombro dele.

- Olha, Arthur, às vezes a gente se conecta com as pessoas de formas que nem a gente entende. Talvez você esteja percebendo algo em Lucas que ninguém mais vê. E isso pode ser só amizade, ou pode ser outra coisa. Não acho que você precisa rotular isso agora. Mas, se você sente que há algo ali, talvez valha a pena descobrir o que é, sabe? E sobre estar confuso... faz parte. Você nunca foi do tipo que julga alguém pela aparência. E se tem algo nele que te faz querer entender mais, segue isso.

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