Narrador
Q
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30/03/22.A manhã de Arthur começou como qualquer outra. Alice o acordou com suas costumeiras brincadeiras, e ambos desceram para o café da manhã, compartilhando as últimas fofocas da escola. O sol já iluminava a casa com uma luz suave, e os pássaros cantavam do lado de fora, criando uma atmosfera leve. Depois de se despedirem de sua mãe, Arthur e Alice seguiram juntos para a escola, rindo de alguma piada interna enquanto andavam pelas ruas da cidade.
Na escola, as aulas foram tranquilas, sem grandes surpresas. Mas, na cabeça de Arthur, havia algo que ele precisava fazer. Desde o jogo de futebol e o momento no vestiário, as coisas entre ele e Lucas ficaram... diferentes. Não de um jeito ruim, mas certamente mais complexas. E agora, sentado no refeitório, no mesmo lugar onde conversara com Lucas pela primeira vez, ele decidiu que precisava dar um passo adiante. Ele queria convidar Lucas para sua casa, para terminar o projeto juntos, mas também para ver onde essa nova amizade - ou talvez algo mais - poderia levar.
Quando Lucas apareceu, com aquele sorriso sempre presente, Arthur respirou fundo.
- Oi, Lucas - ele começou. - Estava pensando... Que tal ir lá em casa depois da aula? Podemos terminar o projeto juntos.
Lucas ergueu as sobrancelhas, parecendo genuinamente surpreso - mas de um jeito bom.
- Claro, parece uma boa ideia. Tenho o resto da tarde livre.
Arthur assentiu, sentindo uma mistura de nervosismo e excitação tomar conta de si.
O resto do dia passou mais rápido do que Arthur esperava. Ele prestou atenção nas aulas o máximo que pôde, mas seus pensamentos voltavam sempre para o convite que fizera a Lucas. Como seria tê-lo em sua casa? Será que tudo ficaria estranhamente silencioso ou será que eles conseguiriam se divertir sem aquele peso de expectativas?
Quando a última aula finalmente acabou, Arthur e Lucas saíram juntos, caminhando até a casa de Arthur. A conversa fluía naturalmente, como sempre acontecia quando estavam juntos, e Arthur começou a relaxar. Eles falavam sobre o projeto, sobre os planos de Lucas para o próximo jogo de futebol e até sobre livros e música - assuntos que Arthur adorava.
Ao chegarem na casa de Arthur, ele abriu a porta e Lucas foi recebido pela atmosfera aconchegante e calorosa que a casa sempre oferecia. As paredes eram decoradas com quadros que Arthur pintou e fotos de família, o que parecia impressionar Lucas.
- Uau, sua casa é incrível - Lucas disse, olhando ao redor. - E essas pinturas... são todas suas?
Arthur sorriu timidamente.
- Sim, são minhas. Eu gosto de pintar quando estou inspirado.
Eles foram até o quarto de Arthur, onde o computador e os materiais do projeto já estavam organizados. Passaram algum tempo ajustando detalhes, discutindo ideias e finalizando as partes que ainda faltavam. O trabalho prosseguiu facilmente, e quando terminaram, Lucas se jogou na cama de Arthur com um suspiro satisfeito.
- Acho que está perfeito agora, ficou muito 'dahora - Lucas disse, cruzando os braços atrás da cabeça.
Arthur concordou, aliviado por terem terminado.
- O que você quer fazer agora? - Lucas perguntou, erguendo-se um pouco.
Arthur pensou por um momento.
- Podemos jogar videogame, se você quiser.
- Perfeito! - Lucas sorriu, se animando. - Faz tempo que não jogo com alguém.
Eles ligaram o videogame e começaram a jogar juntos, rindo e se provocando enquanto tentavam derrotar um ao outro em diferentes jogos. A tarde passou rapidamente, e os momentos de tensão do vestiário pareciam distantes agora. Eles estavam simplesmente se divertindo, como dois amigos.
No meio da diversão, Cecília, a mãe de Arthur, apareceu na porta com seu característico sorriso carismático.
- Vocês precisam de alguma coisa, meninos? - ela perguntou, o tom de voz suave e acolhedor.
Lucas, sempre educado, respondeu rapidamente.
- Não, obrigado, senhorita Becker. Estamos bem.
Ela sorriu de volta e acenou com a cabeça, antes de sair e fechar a porta. Arthur, por algum motivo, sentiu-se um pouco nervoso com a presença da mãe, talvez porque ela fosse a primeira pessoa da família a interagir com Lucas em sua presença.
Depois de algumas horas jogando, o sol já começava a se pôr, e Lucas finalmente decidiu que era hora de ir embora. Quando desceram até a sala, Cecília ainda estava lá, ocupada preparando o jantar, mas levantou os olhos assim que os viu.
- Indo embora, Lucas? Não quer ficar para o jantar? - ela perguntou, sorrindo.
- Obrigado pelo convite, mas hoje infelizmente não vai dar. Obrigado por me receber - Lucas respondeu, mantendo o tom educado e gentil.
- Ora, volte quando quiser, querido. Gostei muito de você. Pode aparecer mais vezes - Cecília disse com um brilho nos olhos.
Arthur sentiu o rosto esquentar de vergonha ao ouvir as palavras da mãe. Ele olhou para Lucas, que apenas sorriu de volta, sem parecer afetado.
- Com certeza - Lucas disse, ainda sorridente. - Foi um prazer.
Assim que Lucas saiu, Cecília virou-se para Arthur com uma expressão divertida no rosto.
- Eu gostei muito do Lucas, Arthur. Ele parece um rapaz tão educado. Você deveria convidá-lo mais vezes - ela comentou, cruzando os braços e olhando para o filho com curiosidade.
Arthur revirou os olhos, claramente envergonhado com a animação da mãe.
- Mãe, por favor... - ele murmurou, tentando escapar da situação.
Alice, que estava no sofá assistindo à cena com atenção, soltou uma gargalhada.
- Ah, Arthur, relaxa. Não é todo dia que nossa mãe gosta tanto de alguém que você traz aqui - ela provocou, rindo ainda mais.
- Ok, ok, já entendi - Arthur disse, tentando se livrar do constrangimento o mais rápido possível. - Vou subir para o meu quarto.
Ele subiu as escadas rapidamente, tentando ignorar os risos de Alice e os olhares sugestivos de Cecília. Assim que chegou ao quarto, Arthur fechou a porta e suspirou aliviado. A tarde com Lucas tinha sido ótima, melhor do que ele esperava, mas agora ele precisava de um momento para processar tudo.
No canto do quarto, sobre a mesa, estava uma tela em branco, esperando para ser terminada. Ele caminhou até lá, pegou os pincéis e decidiu continuar a pintura que vinha trabalhando nos últimos dias. Enquanto a tinta se espalhava pela tela, seus pensamentos começaram a se acalmar. O som suave das pinceladas era quase terapêutico.
E, de alguma forma, enquanto pintava, ele não conseguia deixar de pensar em Lucas.
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Decida
أدب المراهقينOnde Arthur Becker, um jovem de 17 anos, se vê forçado a recomeçar a vida em uma nova cidade após a transferência de seu pai. Ou, onde Lucas Oliveira, capitão do time de futebol, se surpreende com o aluno novo. Concluída em setembro de 2024.