CAPÍTULO 10

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Chegamos ao hotel, e ela me conduziu até o quarto. Assim que entramos, começou a me oferecer água. Meu raciocínio está voltando aos poucos, mas mesmo assim ainda estou muito embriagada para conversar. "A única coisa que eu faço é pedir desculpas compulsivamente, com a voz falha, refletindo o meu estado de vulnerabilidade.

__Desculpa, desculpa por favor, falo com a voz baixa.

__ Olha, não adianta eu querer conversar com você assim, nesse estado... Ele a olhou nos olhos, com uma expressão distante e triste, e falou com um tom melancólico e culposo.

__ Só dorme, tá bom? Descansa.

Ela tinha razão, não adiantaria tentar argumentar sobre o que aconteceu, e principalmente eu, daquele jeito. Com os olhos pesados, foi fácil eu pegar no sono. Acordei no dia seguinte com uma sensação horrível. Minha cabeça estava pulsando de dor e uma náusea insuportável me impedia de me mover. Olhei para o relógio e eram 10 da manhã. Ao meu redor, o silêncio era ensurdecedor; nem Sienna nem Cláudia estavam por perto. A solidão aumentava meu desconforto, e a incerteza do que aconteceu na noite anterior começava a me preocupar ainda mais.

2 DIAS DEPOIS, EMBARQUE E CHEGADA NA ITÁLIA.

Quando pousamos em solo italiano, fomos aplaudidos por outros passageiros que seguiam seus destinos. Amanhã pela manhã, receberemos a imprensa no ginásio.
Nos últimos dois dias em Paris, Cláudia ficou totalmente distante. Não a via quando acordava, e nem quando ia dormir; parecia que me evitava. Não conversamos ainda, nao falamos sobre os incidentes daquela noite, ou melhor, sobre um deles. O clima entre nós mudou.

Naquela noite, Sienna seguiu as instruções de Michele e trocou de quarto com Luiza. A mudança foi rápida e silenciosa, e ambas sabiam que aquilo era necessário para manter a paz no grupo.

Ela me deu carona até a minha casa, como sempre, mas o clima era o mesmo. Ela não trocou uma palavra sequer, e eu fiz o mesmo. Ela não percebia, mas às vezes eu a observava de canto de olho, admirando cada detalhe seu, enquanto buscava coragem para me aproximar. Ela não percebia, mas às vezes eu a observava de canto de olho, admirando o jeito como seus cabelos brilhavam à luz do sol e o sorriso que iluminava seu rosto me deixavam hipnotizada
Era uma ação involuntária, eu não sabia o que de fato estava me deixando assim. Eu poderia dizer que foi desde o beijo, mas não! Havia algo maior, uma conexão que ia além do toque.

Chegamos, ela estaciona o carro próximo da minha calçada, descemos em silêncio e descarregamos a minha bagagem. O vento suave balança as folhas das árvores, enquanto eu olho ao redor, absorvendo a tranquilidade do lugar.

___ Então... entregue, fala de cabeça baixa com um sorriso fraco, eu a observava.

___ Você não vai entrar para falar com os meus pais? questionei, com uma mistura de curiosidade.

___ Hoje não! Estou um pouco cansada da viagem e você também. Podemos nos encontrar outro dia, com mais calma?

___ Está bem! Assim que termino de falar, ela se movimenta para ir embora, mas eu a agarro e dou-lhe um abraço. Envolvo meus braços em seu pescoço, e ela envolve os dela na minha cintura e costas. Com o movimento ela encosta as costas no carro. O momento é doce, como se o tempo tivesse parado apenas para nós.

Ficamos alguns segundos assim, ela me abraçava firme. Eu estava entre seu pescoço e colo; ela é um pouco mais alta que eu. Nos separamos e nos encaramos por um momento. Os olhares falaram mais que palavras. Então, inclinei-me e beijei seu rosto, e, para minha surpresa, ela sorriu e retribuiu o gesto com carinho e um beijo na testa.

__Tchau, obrigada por tudo! Foi ótimo.

Ela acenou com a cabeça e sorriu, saiu sem dizer nada. Nosso abraço falou mais que qualquer coisa.

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