XADREZ - Wangxian.

12

Lan Wangji se recusou a olhar para ele o tempo todo durante o clube de xadrez. Isso o estava deixando louco. Ele sabia que era estranho agora, e que eles precisavam conversar sobre o que aconteceu no restaurante, mas nenhum deles conseguia quebrar o gelo. Quando Wei Wuxian apareceu na sala do clube, Lan Wangji mal havia reconhecido sua saudação. Ele sabia que se eles fossem conversar novamente, ele seria o único a ter que dizer alguma coisa. Mas isso era difícil quando o Lan continuava se esquivando dele.

Suspirou enquanto se sentava em frente a Sizhui, tentando prestar atenção na partida de xadrez que estava acontecendo.

O mesmo havia mandado uma mensagem para ele mais cedo dizendo que estava morrendo de uma doença e que não tinha certeza se conseguiria ir para as atividades do clube. Isso fez Wei Wuxian rir, dizendo que ele não estava doente, era uma ressaca. Viu o Lan digitando e apagando sua mensagem um bilhão de vezes, e riu ainda mais quando finalmente enviou sua resposta.

No entanto, a porta se abriu antes que pudesse clicar em enviar.

O garoto acabou vindo para o clube com três bebidas diferentes cheias de eletrólitos e uma caixa de bolachas, como Wei Wuxian havia sugerido. Ele as engoliu, claramente parecendo miserável. Sorrindo, decidiu desafiá-lo para um jogo, pensando que talvez ele tivesse a vantagem, já que estava claramente fora de ação. E então, estavam nesta situação agora.

— Ei Lan Wangji, você pode me dar um relógio? — Sizhui perguntou, e o citado nem olhou para eles, apenas empurrou um para o final da mesa.

Estava incomodando Wuxian que Lan Wangji não estava falando hoje. Ele geralmente era quieto, mas nunca assim tão quieto. Sizhui deve ter notado também, porque ele continuou tentando incorporá-lo à conversa, mas o de cabelos cumpridos estava claramente os ignorando. Ele não estava examinando seus movimentos, dando suspiros ofegantes ou mesmo comentando sobre seu jogo.

Incomodava-o era que ele não estava fazendo nada daquilo.

— Xeque.

— Porra, ah não, sério?  — Choramingou, porque não conseguia ver a armadilha até estar nela. Estavam jogando há cerca de vinte minutos e ele estava realmente elaborando uma estratégia que Wangji lhe ensinou na outra semana. Mas claramente não tinha funcionado. Mesmo quando Sizhui estava morrendo de intoxicação alcoólica, ele ainda não conseguia vencê-lo.

— Você provavelmente pode sair dessa, mas eu não vou te dizer como. — Sizhui sorriu para ele, e isso o fez revirar os olhos. — Talvez Lan Wangji possa te ajudar. — Ele sugeriu, e isso fez o outro estremecer.

— Ele não precisa da minha ajuda. — Declarou, e Wei Wuxian não gostou do tom frio dele, nem sequer os olhando como se não estivesse interessado no jogo dos dois. Decidiu ignorar por enquanto e fazer um movimento no tabuleiro. Sizhui riu.

— Ok, esse foi tipo, o pior movimento que você poderia ter feito. — Comentou. Normalmente os comentários de Sizhui não o incomodariam, mas ele estava de mau humor no momento. Moveu a peça com um golpe dramático e Sizhui nem precisou dizer xeque-mate para ele saber que estava tudo acabado.

— Não estou mais com vontade de jogar mesmo. — Resmungou. Sizhui franziu a testa suavemente, mas logo em seguida deve ter decidido que era melhor deixar sua atitude ruim de lado, porque ele estava pegando seu tabuleiro de xadrez e o guardando.

— Bem, eu nem deveria ter saído de casa. Estou com uma dor de cabeça terrível, então vou para casa e para a cama. — Ele reclamou, pegando sua bolsa para poder sair. Wei Wuxian estremeceu sabendo que seria incrivelmente estranho com apenas ele e Lan Wangji juntos na sala.

E era tão desconfortável quanto ele pensava que seria. Wangji mexeu em seu tabuleiro de xadrez pela centésima vez naquela noite enquanto continuava a ignorar sua presença, e o moreno estava perdendo a paciência.