Início da Segunda Fase

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Após o casamento, levamos uma vida relativamente normal. Alan foi nomeado Primeiro General do nosso Império, o que fez com que nosso casamento tivesse que ser ainda mais discreto para evitar problemas. Temos duas filhas lindas, Sara e Lia, que são gêmeas de seis anos, e um menino de quatro anos, chamado Davi.

Recentemente, descobrimos que meu avô nos enganou: meus pais não sabem do meu casamento. Considerando que já se passaram sete anos, é impossível não pensar no problema que isso será quando vier à tona. Além disso, o vovô está muito enfermo, o que é uma preocupação gigantesca.

Quanto aos outros, Eduard casou-se com minha amiga Aline. David acabou de entrar na academia de cadetes, e a guerra, tão temida, teve início há algumas semanas.

Eu sou responsável pelo serviço secreto do nosso exército, uma tarefa nada fácil, especialmente considerando as três crianças pequenas que temos.

— Senhora, seu avô está lhe chamando no escritório — disse Maria, interrompendo meus pensamentos.

— Tudo bem, estou indo — respondi, levantando-me e deixando os pequenos aos cuidados de Maria.

Ao chegar no escritório, vi o Coronel sentado em sua cadeira, de frente para a mesa de trabalho, como de costume. O ambiente estava carregado de tensão e tristeza.

— Filha, sente-se! — ordenou ele, com a voz embargada. Notei também o médico da família observando tudo atentamente, sua expressão preocupada.

Sentei-me, o coração acelerado, tentando controlar as lágrimas que teimavam em aparecer.

— Minha querida, como você deve ter notado, seu velho avô não está nada bem. E não sei quanto tempo me resta — começou ele, a voz tremendo. — Mas saiba que eu te amo. Quero pedir desculpas por não ter lhe contado sobre meu engano, nem a seus pais. Com a guerra em andamento, eu peço que mande as crianças para um lugar seguro. Seja forte.

Ele parou para tossir, e eu senti um nó na garganta, as lágrimas começando a escorregar pelo meu rosto.

— Em breve, eu não estarei mais aqui. Agora será você e Alan que deverão continuar levando a Palavra de Deus. Há uma carta no cofre; assim que eu partir, você deve seguir tudo o que está escrito lá… Você me perdoa?

Num rompante de emoção, levantei-me e o abracei fortemente, sentindo o conforto de suas carícias enquanto ele acariciava meus cabelos.

— É claro que eu o perdoo! — respondi, com a voz embargada.

— Agora sim eu estou em paz! — disse ele, um sorriso fraco no rosto.

— Menina, seu avô precisa descansar — afirmou o médico, e eu me retirei, deixando-o aos cuidados de Maria e do médico.

Naquela mesma noite, meu querido Coronel faleceu. A despedida foi devastadora, mas precisávamos seguir suas orientações. As crianças foram enviadas, juntamente com Aline e Maria, para uma cidade longe do foco da guerra. Pela primeira vez, eu e Alan iríamos nos separar.

— Meu amor, estaremos separados fisicamente, mas nossas almas não. Ore por mim e não se esqueça de mim — disse Alan, beijando meu rosto enquanto eu chorava, a tristeza refletida em seus olhos.

Alan iria para a cidade-sede, onde o Grande General precisava estar. Após a partida de todos, a casa ficou vazia e perdeu seu brilho. As decorações antigas foram todas substituídas, e a tristeza parecia estar em cada canto.

Enquanto a rotina se ajustava ao novo normal e eu tentava me acostumar com a ausência de Alan, a expectativa pela chegada dos meus pais começava a crescer. O tempo parecia se arrastar, mas o dia em que eles finalmente chegariam estava se aproximando, trazendo com ele uma mistura de alívio e nervosismo. Eu me preparava para recebê-los, consciente de que a verdade sobre o meu casamento ainda estava por vir, e que a festa seria um momento crucial para equilibrar as emoções e enfrentar o que o futuro reservava.

Dias depois:

Ao chegar em casa, percebo uma movimentação estranha na frente da casa e já sabia que eles haviam chegado. Então, por mais que as circunstâncias não fossem as melhores, eu corro para vê-los, pois a saudade estava me matando.

— Filha! — exclama meus pais, e corro para seus braços.

— Você está tão linda, minha filha — afirma minha mãe, enquanto meu pai me cobre de beijos e abraços.

Eu realmente estava com saudade de todos — falo, observando meus irmãos e minha prima.

— Vamos nos arrumar, o baile começará em poucas horas — afirma meu irmão mais velho.

Corações Em Tempestades ( Concluída ) Onde histórias criam vida. Descubra agora