O Ataque

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Andando em direção ao meu quarto, percebo discretamente um movimento estranho e me escondo para verificar o que é. Logo, percebo que se trata de Benjamin e Larissa aos beijos, que logo entram no aposento. Um sentimento de nojo me invade; como pode minha própria prima se deitar com o homem que meu pai escolheu para me casar, mesmo que eu jamais desejasse isso? Ela está tramando algo, tenho certeza. Continuo meu caminho e decido não me meter nas escolhas de Larissa; éramos tão amigas, mas isso mudou.

— Senhora! Uma carta! — Leonardi se aproxima e me entrega rapidamente, sumindo pelos corredores.

Caminho até meu quarto e abro delicadamente a carta. Antes mesmo de abri-la, sinto exalar o cheiro do perfume de Alan, e já sei que se trata de meu amado.

Querida Naty,

Hoje tive a oportunidade de encontrar as crianças. Elas disseram que você foi visitá-las. Estão com tanta saudade nossa, mas imagino como seu coração deve estar longe delas. Embora estejam todas em segurança e bem, minha carta trata-se de outro assunto. Quero lhe encontrar; não aguento mais ficar longe de ti! Além do mais, preciso de sua ajuda com o projeto das cartas. Me encontre amanhã, ao primeiro raiar do sol, no nosso lugar no bosque. Tome cuidado para que ninguém a veja.

Com amor, 
AF.

Me deito na cama, pensando nas palavras dele. Minha mente evoca as lembranças do seu toque, do seu abraço, seu perfume, suas palavras sábias. Quem diria que éramos tão crianças que não enxergávamos a maldade no coração do homem? Entro em meus pensamentos e adormeço.

   Alan narrando

Em breve será dia. Me disfarço e caminho para o bosque, onde nos encontraremos no lugar onde pedi a Naty em casamento. Estava com tantas saudades daquelas memórias. A ansiedade tomava conta de mim. Além do mais, tinha cartas secretas que deveria entregar a ela para que, através do serviço secreto, pudesse investigar.

Ao chegar, o bosque ainda estava escuro, mas aproveito a quietude do momento para orar a Deus, agradecendo por aquele instante. Caminho um pouco pelo local, apreciando cada detalhe. Um pouco antes de Naty chegar, observo que há uma janela que dá para aquele local do bosque e vejo um homem observando. A princípio, a identidade daquela figura me parecia um mistério, mas logo percebo que se trata do Coronel, que aparentemente teve uma noite mal dormida. Procuro um canto para me esconder.

Preocupado com a identidade de Naty, penso que a melhor forma seria atacá-la e machucá-la para não levantar suspeitas sobre ela, essa ideia não me agrada nenhuma pouco, mas não consigo pensar em nada melhor para aquele momento.

Ela vem se aproximando; como está linda! Mas não posso deixar de considerar o que pode acontecer com ela se não fizer nada. Agarrei-a pelas costas e tapei sua boca para evitar que ela falasse, mas, para minha surpresa, em vez de se debater, apenas espera. Ela confia em mim.

— Seu pai está na janela observando tudo! — digo, e ela continua atenta. — Me desculpe pelo que vou ter que fazer!

Rapidamente, empurro-a contra o chão e rasgo suas vestes nas costas. Ela entra na dança e também começa a gritar pedindo ajuda. Percebo que o Coronel havia mandado soldados, pois ele grita pela janela. Aproveito o momento e corro para dentro do bosque, me escondendo até que a patrulha acabe.

    Coronel narrando:

Ao chegar ao local, encontro Natália caída. Corro em sua direção e, quando chego, por mais que ela esteja machucada, parece apática, como se aquilo não a ferisse. Isso me faz suspeitar do que significava aquela cena.

— Você está bem? Venha minha filha! — Dou meu sobretudo para que ela cobrisse suas costas e ela continuava calada.

Horas mais tarde...

Corações Em Tempestades ( Concluída ) Onde histórias criam vida. Descubra agora